Um tribunal de Israel cancelou as audiências desta semana no prolongado julgamento por corrupção do primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, aceitando um pedido feito pelo próprio premier com base em “motivos diplomáticos” e de segurança confidenciais.
A decisão foi anunciada após o presidente americano, Donald Trump, pedir na semana passada que o caso fosse arquivado, sugerindo que o processo poderia interferir na capacidade de Netanyahu de participar das negociações com o grupo terrorista Hamas e com o Irã.

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O advogado do primeiro-ministro solicitou na quinta-feira o adiamento das audiências do líder israelense devido aos “acontecimentos na região e no mundo” após o conflito com a República Islâmica e a guerra em curso em Gaza. Ao tribunal, Amit Hadad sustentou que Netanyahu é “obrigado a dedicar todo o seu tempo e energia para a gestão de assuntos nacionais, diplomáticos e de segurança de extrema importância”.
“À luz das explicações apresentadas (…) aceitamos parcialmente o pedido e cancelamos, neste momento, as audiências do senhor Netanyahu marcadas” para esta semana, afirmou o tribunal distrital de Jerusalém em sua decisão, publicada online pelo partido Likud, de Netanyahu. A deliberação diz que novos argumentos apresentados pelo primeiro-ministro, pelo chefe da agência de espionagem israelense Mossad e pelo chefe da inteligência militar justificaram o cancelamento das audiências.
Nas redes sociais, Trump havia afirmado no sábado que os Estados Unidos “não vão tolerar” a continuação do processo, o que levou Netanyahu a agradecê-lo em uma publicação no X. O presidente descreveu o caso contra o premier como uma “caça às bruxas”, declarando que o julgamento “deveria ser cancelado imediatamente, ou deveria ser concedido um perdão a esse Grande Herói”.
Netanyahu foi indiciado em 2019 por acusações de suborno, fraude e abuso de confiança — todas negadas por ele. Exceto por uma breve aparição para se declarar inocente em 2021, Netanyahu raramente foi afetado pelo andamento do julgamento até hoje. Assim como Trump, o primeiro-ministro israelense retrata o processo movido contra ele como uma caça às bruxas orquestrada pela esquerda, com o objetivo de derrubar um líder de direita eleito democraticamente.
Suborno, fraude e abuso de confiança
A investigação contra Netanyahu começou em 2016. Ele foi indiciado há cinco anos em três casos envolvendo proprietários de grandes meios de comunicação. No primeiro deles, o Caso 4000, o primeiro-ministro é acusado de ajustar regulamentações para beneficiar uma empresa. A promotoria afirma que os benefícios chegaram a 1,8 bilhão de shekels (R$ 3 bilhões). Em troca, ele teria buscado uma cobertura midiática favorável para si e sua família no site de notícias Walla.
Já no Caso 2000, Netanyahu é acusado de oferecer a um editor de jornal seu apoio a uma lei que limitaria a circulação de um concorrente em troca de uma cobertura favorável. A lei nunca foi aprovada no Parlamento, e Netanyahu negou as acusações.
No Caso 1000, Netanyahu é acusado de receber presentes de luxo, incluindo charutos e champanhe rosa, do produtor de cinema Arnon Milchan e do empresário James Packer. Em troca, a acusação afirma que Milchan buscava ajuda para renovar seu visto americano e obter benefícios fiscais, o que ele nega. Os presentes foram avaliados em cerca de 700 mil shekels (R$ 1,2 milhões). Netanyahu também rejeitou as acusações, afirmando que os presentes eram gestos de amizade.
O líder da oposição israelense, Yair Lapid, afirmou na semana passada que Trump “não deveria interferir em um julgamento judicial de um país independente”. O presidente americano disse que Netanyahu está “neste exato momento” negociando um acordo com o Hamas, embora nenhum dos dois líderes tenha fornecido detalhes, e autoridades de ambos os lados tenham demonstrado ceticismo quanto à possibilidade de um cessar-fogo em breve.
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Fonte: InfoMoney