À medida que o mundo se prepara para a COP30, que será realizada em novembro em Belém, Brasil, o presidente da conferência global sobre clima, André Corrêa do Lago, alerta para um novo tipo de negação climática que ameaça os avanços na agenda ambiental.
Em entrevista ao The Guardian, o diplomata brasileiro afirma que o desafio atual não é mais a negação da ciência do clima, mas sim a resistência econômica contra políticas que buscam reorganizar a economia global para um modelo de baixo carbono. “Não estamos enfrentando negação científica, mas uma negação econômica”, afirmou.
Corrêa do Lago destacou ao jornal inglês que, com o aumento das evidências científicas sobre os impactos das mudanças climáticas, a oposição agora se concentra em desacreditar as políticas econômicas necessárias para combater o problema.
Ele aponta que o crescimento do populismo, exemplificado pela presidência de Donald Trump nos EUA, tem alimentado um retrocesso contra medidas que incentivam energias renováveis e reduzem emissões de gases de efeito estufa.
Para o presidente da COP30, é fundamental mostrar que a transição para uma economia sustentável pode trazer benefícios econômicos e melhorar a qualidade de vida.
Economista de formação e diplomata experiente, Corrêa do Lago ressalta que a resposta para a crise climática deve vir da economia. Ele lembra que estudos como o relatório Stern, de 2006, já demonstraram que combater as emissões é mais barato do que arcar com os danos causados pelo aquecimento global.
No entanto, ele critica que a crise climática ainda não está incorporada de forma adequada na teoria econômica e que muitos governos e empresas ignoram os impactos climáticos em seus planejamentos financeiros.
Além dos desafios econômicos, a organização da COP30 enfrenta questões logísticas e políticas, como a construção de uma estrada na floresta amazônica e críticas ao governo brasileiro por aprovar projetos de mineração e exploração de petróleo na região.
No cenário internacional, a ausência de países como os EUA e a resistência de nações produtoras de petróleo complicam a negociação de compromissos mais ambiciosos para redução de emissões, que devem ser apresentados até novembro.
Para Corrêa do Lago, a esperança está na capacidade dos países de se unirem para enfrentar a crise climática, assim como ocorreu há 40 anos para proteger a camada de ozônio.
“A mudança climática é muito mais complexa, mas o exemplo da camada de ozônio mostra que a ação humana pode reverter uma crise ambiental”, afirmou ao Guardian. Ele alerta que o fracasso em agir resultará em uma aceleração das mudanças climáticas, com consequências graves para a economia e a sociedade global.
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Fonte: InfoMoney