“Vamos oferecer algo que ninguém tem: atalho. Atalho de quem começou do zero e sabe como é difícil empreender” – essa foi uma das mensagens que Luiza Helena Trajano, hoje presidente do conselho do Magalu, disse nesta quarta-feira, 15, durante o lançamento da “Comunidade Seller Mulheres de Negócios de Luiza”, uma rede de apoio, capacitação e reconhecimento voltada a mulheres que empreendem — ou sonham empreender — por meio do marketplace da empresa.
“Eu não estou aqui só para vender e ter lucro. Estou aqui para transformar vidas. E a gente vai fazer isso com essas mulheres, muitas vezes invisibilizadas, mas cheias de potencial”, afirma Trajano durante o evento realizado na Arena Magalu, em São Paulo.
Um nova aposta ao empreendedorismo no Brasil
A iniciativa é um novo capítulo da relação da varejista com pequenos empreendedores, especialmente mulheres. Durante a pandemia, o Magalu lançou o programa “Parceiro Magalu”, que ajudou milhares de lojistas a digitalizarem seus negócios da noite para o dia.
Agora, com o marketplace representando 35% do faturamento da companhia, a ideia é impulsionar quem está na base da pirâmide.
“Tem seller que começou pequeno e hoje fatura mais de R$ 150 milhões por ano, com 20% disso só dentro do Magalu”, diz a empresária.
Segundo um levantamento da própria empresa, 34% dos sellers da plataforma têm CNPJs registrados por mulheres — e outras 15% das contas em nome de homens são, na prática, gerenciadas por elas. No total, são cerca de 157 mil empreendedoras com potencial para fazer parte da comunidade.
Rede de apoio com capacitação, conexão e reconhecimento
A comunidade será baseada em três pilares: capacitação, conexão e reconhecimento. Entre as entregas previstas estão:
- Treinamentos gratuitos sobre e-commerce, finanças, gestão e marketing digital;
- Mentorias e programas de aceleração para 50 mulheres com maior potencial de crescimento;
- Benefícios financeiros, como redução de taxas no marketplace;
- Rede de networking via grupos de WhatsApp e eventos presenciais e online;
- Destaque no site do Magalu para produtos de empreendedoras e premiações internas.
“Essas mulheres nos disseram que vendem num ambiente justo, mas se sentem sozinhas e sobrecarregadas. Queremos mudar isso criando um espaço seguro e acolhedor onde elas possam trocar experiências, aprender e crescer juntas”, diz Ana Luísa Ribeiro, gerente do Magalu e uma das idealizadoras da comunidade.
A proposta também prevê a criação de comitês temáticos, incluindo um voltado a mulheres que ainda não empreendem, mas desejam começar. A ideia é replicar a dinâmica do Grupo Mulheres do Brasil, fundado por Trajano em 2013, que hoje conta com mais de 118 mil participantes em 180 núcleos no Brasil e no exterior.
Um negócio de valor
Ao ser questionada sobre a queda de 1,8% nas vendas do marketplace do Magalu no primeiro trimestre de 2025, Trajano não tratou o dado como um problema pontual, mas sim reforçou que iniciativas como a nova comunidade de empreendedoras podem ter impacto positivo no longo prazo — sem, no entanto, prometer resultados imediatos.
“Eu não criei essa comunidade para resolver uma queda de 2%. Isso aqui é para gerar transformação e renda de verdade. O impacto vai muito além de um trimestre”, diz.
Trajano reforça que já conhece o poder do empreendedorismo. “Começa pequeno, mas pode virar negócio de 150 milhões por ano. É assim que nasce algo grande”, diz.
“Eu sonhava em vender R$ 65 mil na vida. Hoje, o Magalu fatura R$ 65 bilhões. Isso mostra o que é possível quando a gente acredita e trabalha com propósito.”
Além da trilha de conhecimento personalizada, a comunidade terá encontros mensais com a própria Luiza Trajano — um modelo inspirado nas rodas digitais criadas por ela durante a pandemia.
“Eu escuto, pergunto, aprendo. E é ouvindo essas mulheres que vamos construir essa rede juntas”, diz a empresária.
A casa que virará uma escola
Outra novidade que Trajano trouxe durante o evento foi sobre a antiga casa de sua tia (Luiza Trajano Donato), no centro de Franca, em São Paulo. A casa ainda este ano se tornará em um museu-escola dedicado à história do varejo e à figura da vendedora.
“Minha tia faleceu e deixou uma casa no centro de Franca. Eu decidi que ali vou criar a primeira escola-museu da vendedora, para contar essa história com afeto e memória.”
A iniciativa será aberta a homens e mulheres, mas terá foco em valorizar o papel das mulheres no varejo, especialmente as que trabalham na ponta da relação com o cliente.
“Vai ter o café dela, os objetos dela, e o espírito dela também. Porque vender não é só técnica, é emoção, é conexão.”
A ideia é que a casa não seja apenas um espaço de memória, mas também um centro de formação e inspiração para futuras vendedoras e empreendedores do varejo.
O primeiro grande evento
O site oficial já está no ar e o primeiro grande evento aberto ao público será no dia 22 de maio. As participantes poderão, inclusive, levar os filhos: haverá um espaço com monitores para acolher as crianças enquanto as mães participam da programação.
“Se fosse só por negócio, eu não estaria aqui. Estou porque acredito que essa comunidade vai mudar o Brasil — uma mulher por vez”, afirma. “E reforço que não é um projeto só do Magalu. É um projeto do Brasil. Vamos sair do anonimato e mostrar a força da mulher empreendedora”, afirma Trajano.
Fonte: Exame