O Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ) realiza uma perícia independente para apurar a operação policial que deixou um jovem morto e cinco pessoas feridas em uma festa junina na zona sul do Rio, na noite dessa sexta-feira (6).
A ação foi coordenada pelo Batalhão de Operações Policiais Especiais (BOPE), a tropa de elite da PM, no Morro do Santo Amaro, no Catete. A Polícia Civil afirma que investiga a morte do jovem Herus Guimarães Mendes da Conceição.
O órgão solicitou medidas as polícias Civil e Militar para garantir o esclarecimento dos fatos. Veja quais foram as solicitações:
- Polícia Militar: preservação das imagens das câmeras corporais utilizadas na ação;
- Corregedoria da Polícia Militar: esclarecimentos sobre os objetivos, procedimentos e impactos da operação, além do envio de todo o material coletado, incluindo registros audiovisuais;
- Polícia Civil: acesso de peritos do MPRJ ao Instituto Médico-Legal (IML) para acompanhar os exames de necropsia da vítima.
Os peritos do MPRJ estiveram no Instituto Médico Legal (IML) no início da tarde deste sábado (7) e realizaram uma perícia independente no corpo da vítima. A iniciativa foi determinada pelo procurador-geral de Justiça, Antonio José Campos Moreira.
Os agentes realizaram escaneamentos tridimensionais para mapear com precisão os vestígios e lesões, utilizando recursos digitais avançados que permitem a elaboração de laudos interativos para que se possa configurar a dinâmica dos fatos.
Em vídeos que circulam nas redes sociais, é possível ver diversos moradores da região dançando no local, em um evento programado de festa junina, quando os tiros começam. “Muita gente ferida e em pânico”, disse uma das testemunhas em uma publicação.
Em nota, a direção do Hospital Municipal Souza Aguiar informou que, dos cinco pacientes que deram entrada na unidade, vítimas de ferimentos por arma de fogo, apenas um permanece internado, com quadro de saúde estável.
Operação era “emergencial”, diz PM
Procurada, a Polícia Militar afirmou que os agentes realizaram uma ação emergencial para verificar se havia a presença de criminosos armados reunidos na comunidade. A informação é de que os suspeitos estariam se preparando para um possível confronto com criminosos rivais, em razão de uma disputa de territórios na região.
Em nota, a corporação ressaltou que, no momento da ação, “os criminosos atiraram contra os policiais, porém não houve revide por parte das equipes”. No entanto, posteriormente, “em outro ponto da comunidade, os criminosos atacaram as equipes novamente”, fato que provocou o confronto.
O comunicado da PM diz ainda que “as equipes utilizavam câmeras de uso corporal e as imagens já estão sendo captadas e analisadas pela Corregedoria da Corporação”.
O comando do BOPE instaurou um procedimento para analisar as circunstâncias da ocorrência, que foi registrada na 9ª DP.
Nas redes sociais, a Ministra da Igualdade Racial do Brasil, Anielle Franco, se manifestou e afirmou que “a favela merece respeito”. A ministra ainda destacou que o caso é “revoltante e desesperador”.
“Minha solidariedade às famílias que hoje choram. Oficiaremos às autoridades do Estado e órgãos de controle para que as razões e os efeitos dessa operação sejam apresentados. A juventude negra precisa viver! A favela merece respeito”, completou Anielle.
Fonte: CNN Brasil