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Mesmo com recuo do IOF, Genoa vê fricção estabelecida no mercado e embate com BC

Mesmo com recuo do IOF, Genoa vê fricção estabelecida no mercado e embate com BC

Em um cenário econômico marcado por tensões entre políticas monetária e fiscal, o episódio recente do IOF (imposto sobre operações financeiras) no Brasil trouxe à tona preocupações sobre a governança econômica e os riscos de decisões tomadas por decreto. O tema foi amplamente debatido durante o programa Outliers InfoMoney, que contou com a participação de André Raduan, sócio da Genoa Capital, que trouxe análises sobre o atual momento econômico do país.

O episódio do IOF

A recente tentativa do governo de aumentar a arrecadação via IOF, posteriormente revogada parcialmente, gerou ondas de choque no mercado financeiro brasileiro. André Raduan, da Genoa Capital, não escondeu o impacto pessoal da medida: “Na verdade, depois que saiu o recuo, a gente já tranquilizou um pouco, mas ia ser uma pancada difícil de recuperar. Ainda bem que houve esse recuo. Mas foram momentos estressantes, bastante estressantes.”

O especialista alertou para os efeitos duradouros desse tipo de decisão, mesmo após o recuo: “Alguma fricção aí na história da arma vai ficar”, fazendo referência à máxima de que “uma vez que você puxou a arma, já era. Você não atira, mas aí você vai guardar ela, mas você pode puxar de novo.”

Raduan destacou a necessidade de melhorias institucionais para evitar decisões abruptas como essa: “A gente pode ter uma oportunidade agora de tentar melhorar a legislação para prevenir esse tipo de coisa.” Ele mencionou a proposta da economista-chefe do JP Morgan, Cassiana Fernandes, de que “todas as medidas que sejam ligadas a IOF, câmbio, passem pelo CMN, que é o Conselho Monetário Nacional, que inclui fazenda, planejamento e Banco Central.”

Cabo de guerra

Um dos pontos mais importantes da análise de Raduan foi a descrição da atual dinâmica econômica brasileira como um “cabo de guerra” entre a política monetária restritiva do Banco Central e as diversas iniciativas fiscais expansionistas do governo.

Ele destacou que a eficácia da política monetária está sendo parcialmente mitigada: “Ela é ligeiramente mitigada, na nossa opinião, pelo financial deepening (aprofundamento) que está acontecendo na economia.” Segundo o gestor, o desenvolvimento do mercado financeiro brasileiro, com o crescimento das debêntures e do mercado de capitais, está reduzindo o impacto imediato dos juros altos: “Esse processo de financial deepening, aumento das debêntures do mercado de capitais, ele é ótimo, super importante, saudável, vai aumentar a potência política monetária na frente, mas no curto prazo, ele entope um pouco esse canal.”

Do outro lado do cabo de guerra, Raduan enumerou as diversas iniciativas do governo que pressionam na direção oposta, como Minha Casa Minha Vida, liberação do FGTS e aumento do desembolsos do BNDES.

Apesar das pressões, Raduan fez questão de elogiar a atuação do Banco Central: “O Banco Central que tem ido super bem, eu acho que o mercado tinha muita dúvida como ele seria, entrou todo sendo questionado, foi uma indicação política, mas está se provando bastante independente.”

Sobre a trajetória dos juros, o gestor defendeu uma posição mais conservadora: “Eu acho que eles deviam ainda prolongar esse ajuste de juros, apesar de obviamente numa taxa, numa velocidade bem menor, não cabe com 14,75% você fazer aumento de 0,5 ponto percentual, mas acho que você pode ter um ou até dois aumentos de 0,25 ponto”.

Raduan justificou sua posição citando o cenário econômico: “A gente está com desemprego no menor nível de todos os tempos. A gente tem uma inflação elevada, elevada principalmente em serviços que é mais difícil de desacelerar. Você tem expectativas bem desancoradas.”

No entanto, ele reconheceu que o Banco Central parece não estar inclinado a novos aumentos: “Não está muito presente na comunicação deles, a comunicação tem sido quase de que parei.” E acrescentou: “Vai precisar ser corajoso para subir os juros para a eleição. Não está com a menor cara de eles quererem fazer esse aumento.”

Posicionamento estratégico

Em um momento de incertezas, o posicionamento da Genoa Capital reflete uma visão cautelosa e diferenciada para diferentes classes de ativos e prazos. Durante uma dinâmica de “ping pong” conduzida por Fabiano Sintra, Raduan revelou as posições da gestora:

Para juros brasileiros, a Genoa adota uma estratégia mista: “Juros curto Brasil, tomado. Juros longos, aplicado.” Isso sugere que a gestora espera alta nos juros de curto prazo, mas queda nos de longo prazo.

Já para juros internacionais, a posição é mais uniforme: “Juros G10, aplicado. Emergentes, aplicado.” Isso indica expectativa de queda nas taxas globais.

No mercado de câmbio, Raduan revelou: “Dólar? Vendido, pequeno. Real? Neutro, sem posição. Euro? Esse a gente é comprado, pequeno. É nele que tem contra o dólar. Iene? Sem posição.”

Para ações, a gestora mantém uma exposição limitada: “Bolsa Brasil? Comprado, pequeno. Global Ex-Estados Unidos? Sem posição. Estados Unidos? Também sem posição.”

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Fonte: InfoMoney

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