A Shell está avaliando uma possível oferta de aquisição pela rival BP, que teve desvalorização de 33% em suas ações nos últimos 12 meses. A informação foi publicada neste sábado, 4, pela agência Bloomberg, que ouviu fontes com conhecimento direto das discussões. A movimentação colocaria lado a lado as duas maiores petroleiras do Reino Unido em um negócio que pode se tornar um dos maiores mergers and acquisitions (M&A) da história do setor energético.
Segundo fontes da Bloomberg, a Shell tem discutido com assessores a viabilidade de uma oferta, mas ainda aguarda um momento mais oportuno, com nova queda no preço do petróleo ou nas ações da BP. Também existe a possibilidade de a companhia aguardar uma movimentação da própria BP ou de outro interessado, posicionando-se estrategicamente para uma eventual disputa.
A ação da BP vem sendo penalizada por investidores após uma série de decisões estratégicas, incluindo a guinada para metas de emissões líquidas zero implementadas pelo ex-CEO Bernard Looney. Seu sucessor, Murray Auchincloss, já redefiniu a estratégia da empresa com foco renovado em petróleo, corte em recompras de ações e venda de ativos. Ainda assim, a BP perdeu valor de mercado e hoje vale £ 56 bilhões (cerca de US$ 74 bilhões), contra £ 149 bilhões (US$ 197 bilhões) da Shell.
Uma eventual aquisição superaria a compra da BG Group pela Shell em 2016, que custou US$ 50 bilhões. O atual CEO da Shell, Wael Sawan, disse a investidores que “a barra é alta” para novos negócios, mas que a empresa segue em busca de oportunidades inorgânicas — desde que aumentem o fluxo de caixa livre por ação em prazo razoável.
Pressão de acionistas e impacto da Opep+
A possível aquisição ocorre em meio à pressão do fundo ativista Elliott Investment Management, que revelou participação de 5% na BP e cobra medidas mais “transformadoras”. A gestora considera que a atual estratégia da BP é lenta e pode deixá-la vulnerável a uma aquisição.
Além disso, a queda do petróleo Brent abaixo de US$ 70, após nova decisão da Opep+ de aumentar a produção em junho, tem pressionado ainda mais as projeções financeiras da BP. A Shell, por sua vez, tem focado em corte de custos e fortalecimento do portfólio em combustíveis fósseis, abandonando ativos menos rentáveis em energias renováveis.
Para investidores, uma eventual fusão entre BP e Shell ampliaria a presença da empresa na produção global, com recuperação de mercado nos EUA após a venda de ativos na Bacia do Permiano em 2021.
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