O ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, afirmou nesta terça-feira que a situação do conflito em Gaza é terrível e que “há uma carnificina”, em alusão aos bombardeios que Israel promove no território palestino. Vieira também afirmou que o governo Lula planeja uma operação para resgatar um pequeno grupo de brasileiros que ainda vive no local.
A declaração foi dada pelo chanceler brasileiro durante reunião da Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional (CRE) do Senado. Vieira compareceu ao Congresso como convidado dos senadores oposicionistas Esperidião Amin (PP-SC) e Sergio Moro (União-PR) para explicar o asilo diplomático dado há um mês pelo governo Lula à ex-primeira-dama peruana Nadine Heredia, condenada no Peru a 15 anos de prisão por supostamente ter recebido caixa 2 da empreiteira Odebrecht e do regime chavista. Ela nega as acusações.
Vieira disse que o conflito em Gaza “é uma carnificina, uma coisa terrível” e lamentou o que chamou de paralisia da Organização das Nações Unidas (ONU) para resolver o conflito.
— Há um número elevadíssimo de crianças mortas. São milhares, algo como 18 mil, em um só dia 180 crianças morreram. É algo que a comunidade internacional não pode ver de braços cruzados. Lamentavelmente, nas Nações Unidas, o Conselho de Segurança, que é o órgão que é responsável pela manutenção da paz e da segurança internacional, está paralisado. O poder de veto dos cinco membros permanentes sempre paralisa, para um lado ou para o outro, todas as iniciativas — afirmou Vieira.
O chanceler brasileiro disse que o que ocorre em Gaza “é uma invasão como todas as outras e o Brasil condena todas”.
— É um desrespeito ao direito internacional e ao direito internacional humanitário. É uma invasão como todas as outras, e o Brasil condena todas. Condenou a invasão da Ucrânia pela Rússia. (…) Da mesma forma, não vejo todos os países condenando essa invasão. É uma invasão — disse.
Vieira também afirmou que o Brasil condena a ocupação, por israelenses, do território palestino, e disse que o governo Lula trabalha para repatriar um grupo de brasileiros que ainda está em Gaza.
— Há uma legislação agora que dá títulos de propriedade às áreas ocupadas pelos colonos israelenses na Palestina, o que é gravíssimo, é contra o direito internacional. E também há uma operação em movimento, sendo implementada, de anexação da Faixa de Gaza. Estamos trabalhando para repatriar um grupo pequeno de brasileiros que ainda estão lá, um grupo de 8 ou 9 pessoas, inclusive crianças brasileiras — disse o ministro.
O chanceler também anunciou que o Brasil vai participar, na próxima semana, em Madri, de um evento com países árabes, o Reino Unido e membros da União Europeia para ampliar o reconhecimento do Estado da Palestina. O Brasil reconhece a Palestina como Estado desde 2010.
Fonte: Exame