O JPMorgan revisou para cima seu preço-alvo para as ações da Lojas Renner (LREN3), elevando a projeção de R$ 16,50 para R$ 22, após recalibrar suas estimativas de crescimento e margem da companhia. O novo valor representa um potencial de valorização de 19% em relação à cotação de R$ 18,44 registrada na quinta-feira (12). Nesta sexta-feira (13), por volta das 14h55, os papéis da varejista de moda caíam 1,19%, a R$ 18,23.
A recomendação de Overweight (acima da média do mercado, equivalente à compra) foi reiterada, com os analistas vendo espaço para avanço das ações mesmo após alta de cerca de 50% no ano, desempenho que supera o Ibovespa em aproximadamente 35 pontos percentuais.
O novo preço-alvo foi calculado com base em um modelo de fluxo de caixa descontado de dez anos, utilizando uma taxa de desconto (Ke) de 13,5% e taxa de crescimento perpétuo de 5,5%, em reais nominais. A esse preço, a ação da LREN3 estaria sendo negociada a 12 vezes o lucro estimado de 2026.
Segundo o banco, a recuperação dos papéis acompanha a reavaliação dos fundamentos, a reversão de parte do pessimismo que marcou o segundo semestre de 2024 e um ambiente mais favorável para mercados emergentes. O modelo de fluxo de caixa descontado ao acionista (DCFE, na sigla em inglês para Discounted Cash Flow to Equity) elaborado pela equipe indica que os preços atuais ainda não embutem os ganhos projetados de margem nem consideram uma expansão mais ampla no longo prazo.
O lucro por ação estimado para este ano e o próximo foi ajustado para cima em 18% e 20%, respectivamente. Com isso, a companhia é negociada a um múltiplo de 10,5 vezes preço sobre lucro (P/L) projetado para 2026, com um crescimento médio composto anual (CAGR, na sigla em inglês para Compound Annual Growth Rate) de 13% nos próximos cinco anos. O rendimento com dividendos (dividend yield, ou dividendo em relação ao preço da ação) deve se manter em torno de 7%.
Crescimento controlado e margem em expansão
A unidade de varejo, núcleo da operação da Renner, deve apresentar avanço de receita média de 8% ao ano entre 2024 e 2029, segundo as novas projeções. O ritmo de abertura de lojas permanece próximo ao histórico, com estimativas de 20 a 30 novas unidades por ano até 2029.
Ainda assim, o crescimento da área física deve se limitar a 3% ao ano, em parte por conta do novo modelo logístico, que permite lojas menores, e do avanço para cidades de menor densidade de consumo, segundo o JPMorgan.
A rede deve atingir cerca de 850 lojas até o fim do período, das quais aproximadamente 560 da bandeira Renner. As demais serão da Camicado, com projeção de Cagr de 3%, e da Youcom, com crescimento esperado de 15%. A substituição parcial de vendas físicas pelas digitais tende a limitar o volume incremental em regiões maduras, segundo o banco.
Do lado das margens, o JPMorgan projeta melhoria operacional com ganhos provenientes de eficiência logística, estoques mais enxutos e maior previsibilidade no abastecimento. O estoque em modelo open-to-buy (aberto para comprar), com 45% da capacidade reservada para ajustes ao longo das coleções, dizem os analistas, deve continuar contribuindo para uma redução nas remarcações, que, no primeiro trimestre deste ano, atingiram o menor nível em dez anos.
O banco também vê espaço para diluição das despesas administrativas e de vendas (SG&A, na sigla em inglês para Selling, General and Administrative expenses), com a estrutura corporativa mais leve e ganhos de eficiência nas lojas. O lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) ajustado da unidade de varejo deve crescer 15% ao ano, com o ganho de margem sustentado tanto por melhorias na precificação quanto por alavancagem operacional.
Potencial
A análise de sensibilidade aplicada ao modelo de fluxo de caixa descontado sugere que os preços atuais embutem premissas conservadoras quanto à produtividade e margem. O JPMorgan estima que o mercado está precificando um crescimento abaixo da inflação e margens de Ebitda em torno de 15% no longo prazo — patamar inferior aos níveis históricos da empresa, que já operou com margens ajustadas próximas de 18,4% antes do padrão contábil IFRS 16.
Mesmo com um crescimento anual médio de 6,4% da receita nos próximos dez anos, o banco considera que há assimetria positiva no risco-retorno da ação. Segundo os analistas, a empresa pode antecipar o retorno a margens mais elevadas se o ritmo de crescimento acelerar, o que elevaria a lucratividade geral antes do esperado.
Realize perde espaço, mas fundamentos permanecem
A operação de crédito ao consumidor, conhecida como Realize, deve perder relevância relativa nos próximos anos, conforme o modelo base do JPMorgan. Ainda assim, o banco mantém perspectivas construtivas para a ação mesmo sem assumir ganhos amplos vindos dessa frente. O foco permanece nas melhorias estruturais do varejo, que concentram a maior parte do valor presente na avaliação.
A estrutura de capital segue confortável, avaliam os analistas. A Renner anunciou um programa de recompra de ações de R$1 bilhão neste ano, com 62% já executado até o primeiro trimestre de 2025. O banco diz que a empresa mantém posição de caixa líquido, mesmo considerando uma leve aceleração nos investimentos, e continua gerando fluxo de caixa livre (FCF, na sigla em inglês para Free Cash Flow) suficiente para sustentar a distribuição de dividendos na casa de 7%.
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Fonte: InfoMoney