A família de Juliana Marins, brasileira de 26 anos que morreu após queda no Monte Rinjani, na Indonésia, só soube dos detalhes da autópsia, depois que as informações já haviam sido divulgadas à imprensa, nesta sexta-feira (27).
No Hospital Bali Mandara, em Denpasar, o médico legista Ida Bagus Alit, responsável pelo procedimento, afirmou que não há evidência de que Juliana tenha agonizado por mais de 20 minutos após o trauma que causou sua morte. No entanto, ele não aponta o horário exato em que isso teria ocorrido, e o relato entra em conflito com registros feitos por turistas e com a própria cronologia do resgate.
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A família, que está dividida entre o Brasil e a Indonésia, critica a falta de comunicação das autoridades locais. Segundo os parentes, nenhuma informação oficial foi repassada antes da coletiva de imprensa do legista. Mariana Marins, irmã de Juliana, criticou a forma como as informações sobre a autópsia foram divulgadas à imprensa antes mesmo da família ser oficialmente comunicada. Em entrevista a O GLOBO, ela desabafou:
“Tudo o que eu sei, vi pela mídia. Em nenhum momento houve compaixão ou respeito suficiente para nos reunir e informar primeiro. Ficamos sabendo depois porque o legista quis seus 15 minutos de fama, mais um absurdo no meio de toda essa história”, disse Mariana Marins.
Segundo ela, o pai de Juliana, Manoel Marins, está em Bali e só será informado sobre a autopsia da filha à noite (no horário local).
“Eu estou no Brasil, mas meu pai está em Bali. Ele me contou que agora, depois de todo mundo já ter tomado conhecimento da autópsia pela imprensa, talvez façam uma reunião com a família.”
Em entrevista a O GLOBO, Manoel Marins, pai de Juliana, contou que está em Bali aguardando novas informações, mas não foi acionado pelas autoridades para receber detalhes sobre a autópsia feita no corpo da filha. Segundo ele, soube dos resultados apenas por meio de portais de notícia.
Além da forma como a informação foi divulgada, a família também coleciona dúvidas sobre quando Juliana teria morrido. Sua irmã, Mariana, questiona a própria cronologia apresentada pelo legista. Segundo ele, a morte teria ocorrido entre 12 e 24 horas antes das 22h05 — mas não deixa claro a que dia se refere. Juliana caiu no sábado, dia 21, pela manhã, e o corpo foi resgatado apenas na quarta-feira seguinte. A estimativa de morte nesse intervalo abre margem para interpretações contraditórias.
“Se o legista disser que a morte foi 12 horas após a primeira queda, isso é mentira. Temos relatos de turistas, registros, vídeos… muita coisa que comprova que a Juliana ficou viva por muito mais tempo. O ferimento fatal pode ter acontecido na última queda, já perto do resgate. Agora, se ele confirmar que foi entre 12 e 24 horas antes do resgate, isso muda tudo”, diz muita coisa, completou Mariana.
Imagens feitas por turistas mostram Juliana com vida pelo menos três horas após a queda inicial. Ela teria pedido ajuda, e o grupo utilizou um drone para localizá-la. As gravações foram entregues à família e aos voluntários envolvidos nas buscas.
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Fonte: InfoMoney