O mercado americano está bem mais calmo depois das notícias de uma trégua entre China e Estados Unidos.
O CEO do maior banco americano, no entanto, não está assim tão tranquilo.
No seu melhor estilo ‘sincerão’ – o mesmo usado para defender o fim do trabalho remoto –, Jamie Dimon voltou a soar o alarme sobre os riscos que os mercados financeiros e a economia global enfrentam diante da escalada protecionista dos Estados Unidos.
Durante o Investor Day do JP Morgan em Nova York, ele afirmou que o impacto das tarifas implementadas pelo governo Trump ainda não foi totalmente absorvido pela economia e alertou para uma possível queda de até 10% nas bolsas americanas.
“As pessoas se sentem muito bem porque não viram o efeito das tarifas. O mercado caiu 10% e voltou a subir 10%. Acho que isso é uma complacência extraordinária”, disse Dimon, apontando que mesmo as tarifas reduzidas atualmente em vigor ainda são “bastante extremas”.
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Ele lembrou que a última vez em que os EUA impuseram tarifas de 10% sobre todos os seus parceiros comerciais foi em 1971, um período que precedeu forte turbulência econômica.
Apesar do alívio temporário nos mercados após a suspensão de parte das tarifas anunciadas em abril, os encargos continuam elevados para a maioria dos países que exportam para os EUA.
Segundo Dimon, muitas empresas ainda não refletiram plenamente os custos adicionais nas suas projeções, o que pode levar a revisões negativas de lucros e a uma correção nos preços das ações.
Dimon também demonstrou preocupação com o risco de um aperto de crédito no horizonte. “Os preços dos ativos americanos ainda estão altos”, disse. “Acho que o crédito hoje é um risco ruim.”
Para ele, empresas que se acostumaram a operar com financiamento fácil podem enfrentar dificuldades à medida que o cenário se torne mais desafiador.
Dimon alertou ainda para possíveis desdobramentos geopolíticos. Segundo ele, alguns países já estão buscando novos acordos comerciais fora da órbita dos EUA em reação à política tarifária de Trump, o que pode enfraquecer a posição americana no comércio global.
Sobrou até para os bancos centrais. O executivo ainda criticou a atuação das autoridades monetárias mundo afora, que, em sua visão, se tornaram complacentes – o que enfraquece sua capacidade de suavizar a desaceleração provocada pelas tarifas. “Eles acham que são onipotentes. Só definem os juros de curto prazo”, afirmou.
Fonte: Exame