O Irã anunciou que as negociações com os Estados Unidos sobre o programa nuclear iraniano serão suspensas até que Israel encerre seus ataques ao país e responsabilizou Washington por apoiar as ofensivas. Irã e EUA tinham uma reunião marcada para domingo em Omã.
Mais cedo, o ministro das Relações Exteriores iraniano, Abbas Araghchi, disse que a continuidade das conversas nucleares com os EUA seria “injustificável” diante da ofensiva militar em curso de Israel contra a República Islâmica, segundo um comunicado do governo.
— É evidente que, em tais circunstâncias e até que a agressão do regime sionista contra a nação iraniana cesse, será sem sentido participar de um diálogo com a parte que é a maior apoiadora e cúmplice do agressor — reforçou o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores iraniano, Esmail Baghaei, em entrevista coletiva em Teerã.
Mesmo após os bombardeios, que eliminaram parte da liderança militar de Teerã, o governo do presidente americano, Donald Trump, ainda tentava publicamente forçar o Irã a se sentar à mesa no domingo. Na sexta-feira, porém, Araghchi afirmou que estava “no caminho diplomático, realizando consultas com os colegas de Omã sobre a participação em uma nova rodada de negociações com representantes dos EUA”, mas que a “agressão do ‘regime sionista’” os forçou a “abandonar o caminho diplomático”.
Anunciadas com certa pompa por Trump, as conversas entre EUA e Irã tinham como objetivo firmar um novo acordo que imponha limites às atividades nucleares iranianas, envoltas em acusações de terem finalidades civis e também militares, o que Teerã nega.
O acordo anterior, firmado em 2015 por um grupo de países, incluindo os Estados Unidos, estabelecia patamares reduzidos para o grau de enriquecimento de urânio — essencial para a criação de armas nucleares — e para o armazenamento do material enriquecido. Em troca, algumas das sanções impostas aos iranianos seriam suspensas. Contudo, Trump abandonou o acordo unilateralmente em 2018 e impôs uma política dura de sanções, em vigor até hoje.
Na atual rodada de negociações, os EUA mantiveram a base do acordo de 2015, mas exigiram compromissos mais amplos dos iranianos — recentemente, o governo Trump disse que não queria mais qualquer tipo de atividade de enriquecimento em solo iraniano, uma ideia vinda do premier israelense, Benjamin Netanyahu, além de uma retirada mais tímida das sanções, o que para o Irã equivale a uma capitulação.
Nos últimos dias, ao menos em público, Trump demonstrava certo receio com a possibilidade de um ataque israelense afetar as conversas, mas mesmo depois das bombas caírem ele pressionou Teerã a aceitar os termos — ao mesmo tempo em que classificou os atos de Israel contra o Irã como “excelentes”.
“Há dois meses, dei ao Irã um ultimato de 60 dias para ‘fechar um acordo’”, escreveu o presidente em sua rede social, o Truth Social, se referindo a um ultimato feito em abril para pressionar Teerã. “Eles deveriam ter feito isso! Hoje (sexta-feira) é o 61º dia. Eu disse a eles o que fazer, mas eles simplesmente não conseguiram. Agora, talvez, tenham uma segunda chance!”.
(Com Bloomberg)
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Fonte: InfoMoney