O Irã realizará conversas em Roma na sexta-feira (2) com as partes europeias do acordo nuclear de 2015, disse seu ministro das Relações Exteriores na quarta-feira (30), enquanto ambos os lados buscam se posicionar antes de uma nova rodada de negociações entre EUA e Irã no sábado (3).
A Reuters informou na segunda-feira (28) que Teerã propôs uma reunião com Reino Unido, França e Alemanha, conhecidos coletivamente como E3, que permaneceram fiéis ao acordo de 2015, que visava coibir a atividade nuclear do Irã. A medida fracassou em 2018 quando o presidente dos EUA, Donald Trump, o abandonou durante seu primeiro mandato na Casa Branca.
“Na minha opinião, os três países europeus perderam seu papel (no caso nuclear) devido às políticas equivocadas que adotaram. É claro que não queremos isso e estamos prontos para conversar com eles em Roma”, disse o ministro das Relações Exteriores iraniano, Abbas Araqchi, à mídia estatal na quarta-feira (30).
Houve hesitação inicial dentro do E3 devido à preocupação de que tais negociações pudessem criar um caminho paralelo e sequestrar as negociações conduzidas pelo segundo governo Trump, que, segundo Washington, visam impedir que o Irã desenvolva armas nucleares.
Mas três diplomatas europeus disseram à Reuters que o E3 decidiu que, em última análise, era do seu interesse manter o diálogo com o Irã e reafirmar como eles viam os parâmetros de um novo acordo nuclear.
Diretores políticos do Ministério das Relações Exteriores se encontraram com autoridades americanas em Berlim na quarta-feira para serem informados sobre rodadas anteriores de negociações entre EUA e Irã e se prepararem para a reunião em Roma, e seguirão para lá na sexta-feira, disseram dois diplomatas.
O Irã busca dar continuidade ao impulso das negociações nucleares com o governo Trump, retomadas em Omã no sábado (3) e após as conversas com a Rússia e a China na semana passada. Negociadores americanos e iranianos se reunirão novamente em Roma.
A abordagem do Irã ao E3 sugere que o país mantém suas opções em aberto, mas também quer avaliar a posição dos europeus sobre a possível reimposição das sanções das Nações Unidas contra Teerã antes de outubro, conhecida nos círculos diplomáticos como “mecanismo de recuperação”, quando expira uma resolução que ratifica o acordo de 2015.
Tensões entre Europa e Irã
As relações entre a E3 e o Irã pioraram no último ano, apesar das reuniões esporádicas desde setembro passado, em um contexto de novas sanções impostas à República Islâmica por seu programa de mísseis balísticos, sua detenção de cidadãos estrangeiros e seu apoio à Rússia em sua guerra contra a Ucrânia.
Destacando essas tensões, o ministro das Relações Exteriores francês, Jean-Noel Barrot, disse na terça-feira (29) que Paris não pensaria duas vezes se as negociações atuais fracassassem em lançar o retrocesso das sanções, o que, segundo ele, teria ” efeitos devastadores”.
Ele acusou Teerã de estar prestes a desenvolver secretamente uma arma nuclear. O Irã nega isso há muito tempo, afirmando que seu programa acelerado de enriquecimento de urânio se destina apenas a fins energéticos civis.
Em uma carta distribuída ao Conselho de Segurança da ONU e vista pela Reuters, o representante permanente do Irã nas Nações Unidas, Amir Saeid Iravani, disse que os comentários de Barrot eram “infundados e politicamente irresponsáveis”.
Ele disse que aplicar o snapback seria “legal e processualmente falho, inadmissível e inválido”.
“A ameaça aberta (de Barrot) de reimpor sanções com ‘efeitos devastadores’ na economia do Irã constitui um ato flagrante de coerção política e econômica”, diz a carta.
Na terça-feira (29), o Departamento do Tesouro dos EUA impôs novas sanções ao que descreveu como uma rede sediada no Irã e na China suspeita de obter ingredientes propulsores de mísseis balísticos para a Guarda Revolucionária Islâmica do Irã.
Araqchi disse que as novas sanções dos EUA durante as negociações enviaram a “mensagem errada”.
Trump disse estar confiante em fechar um novo pacto que bloquearia o caminho do Irã para a capacidade de desenvolver bombas nucleares .
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