O Irã convocou neste domingo, 25, o encarregado de negócios da França em Teerã para protestar contra os comentários considerados “insultantes” do ministro das Relações Exteriores da França, Jean-Noël Barrot, que classificou como “um gesto de resistência contra a opressão do regime iraniano” a Palma de Ouro recebida pelo cineasta iraniano Jafar Panahi pelo filme “It Was Just an Accident”, eleito o melhor filme da 78º edição do Festival de Cannes.
“Após as declarações insultantes e acusações infundadas do ministro das Relações Exteriores da França contra a República Islâmica do Irã, o encarregado de negócios do país em Teerã foi convocado”, justificou o Ministério das Relações Exteriores do Irã em comunicado.
O chefe do segundo departamento da pasta na Europa Ocidental, Mohammad Tanhaei, transmitiu seus “fortes protestos” ao diplomata francês e descreveu os comentários de Barrot sobre o Irã como “interferentes”.
Barrot comentou na noite de sábado, na rede social X, que a Palma de Ouro conquistada pelo cineasta dissidente iraniano em Cannes é “um gesto de resistência contra a opressão do regime iraniano”.
Tanhaei condenou essas “posições irresponsáveis e provocativas” e exigiu uma explicação oficial do Ministério das Relações Exteriores da França.
O diplomata iraniano também denunciou o “abuso por parte do governo francês da oportunidade de organizar um evento cinematográfico para promover seus objetivos políticos contra a República Islâmica do Irã”.
Panahi, conhecido por seus filmes que criticam o sistema governamental do Irã, usou seu discurso após ganhar a Palma de Ouro para pedir aos iranianos que deixem de lado suas diferenças e se concentrem no “Irã e em sua liberdade”.
“Que ninguém ouse nos dizer como nos vestir, o que fazer ou como nos comportar”, declarou o diretor de cinema, que já foi preso duas vezes.
As relações entre Irã e França estão em um de seus piores momentos. Em meados de maio, o país europeu apresentou uma queixa contra Teerã na Corte Internacional de Justiça (CIJ), em Haia, devido à detenção de dois de seus cidadãos por três anos, que Paris considera como “reféns de Estado”.
Fonte: Exame