O Ibovespa iniciou o pregão desta sexta-feira, 2, em queda, perdendo força após a divulgação de dados do mercado de trabalho dos Estados Unidos. O movimento reflete também a reação dos investidores em torno das possíveis tratativas comerciais entre Washington e Pequim.
Ibovespa hoje
- IBOV: -0,20%, aos 134.795 pontos
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No radar hoje
O payroll, divulgado pelo Bureau of Labor Statistics (BLS) nesta manhã, mostrou a criação de 177 mil vagas no setor não-agrícola em abril, superando a projeção do mercado, que apontava para 138 mil novos postos — o que, em tese, esfria as apostas de um corte nas taxas de juros por parte do Federal Reserve.
O resultado foi expressivo, mas os números também sinalizam uma desaceleração em relação a março, quando o país gerou 228 mil empregos. Apesar de o payroll de abril ter superado as expectativas, os dados revisados dos meses anteriores, com cortes de 43 mil em março e 9 mil em fevereiro, apontam para um cenário mais cauteloso.
Para André Valério, economista sênior do Inter, não havia expectativa de que o caos tarifário fosse se manifestar nesse relatório.
“Com o dado de hoje não vemos alteração no cenário para o Fed. A incerteza tarifária ainda é alta o suficiente para manter o Fed em estado de paralisia, apesar dos resultados favoráveis de inflação e emprego que, em outro contexto, poderia permitir a retomada do corte de juros”, afirma o especialista.
Valério vê alterações para o Fed apenas em caso de resolução total da incerteza tarifária, sem grandes impactos sobre a inflação. “Esse cenário parece menos provável, com o governo americano ainda não tendo anunciado nenhum acordo comercial e a China mantendo postura rígida para iniciar as negociações, exigindo primeiro a retirada total das tarifas de 145%”, afirma.
O outro cenário seria o Fed cortar os juros em resposta a uma eventual recessão. “Para tanto, seria necessário um enfraquecimento substancial do mercado de trabalho. Acreditamos que esse eventual enfraquecimento se materializará apenas no segundo semestre, com o Fed retomando o ciclo de cortes na reunião de setembro”.
Enquanto isso, o ambiente geopolítico continua ditando os rumos da bolsa. O Ministério do Comércio da China comunicou ontem que está examina as recentes sinalizações dos Estados Unidos sobre uma eventual retomada de conversas tarifárias. A possibilidade de um acordo é vista pelos mercados como uma oportunidade para aliviar a tensão global e renovar o apetite por ativos de maior risco.
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