A história não é exatamente uma novidade, mas muitos não sabem ou sequer repararam na diferença entre a Rhumell, malharia que patrocinou o Palmeiras na “Era Parmalat” da década de 90 e a dinamarquesa Hummel, conhecida mundialmente como referência em material esportivo para handebol.
A Rhumell, que fabricou um dos mais tradicionais fardamentos do alvi-verde, a camisa verde com listras brancas de 1993, é uma empresa brasileira que não tem nenhuma relação – pelo menos amigável ou positiva –, com a Hummel dinamarquesa.
A Rhumell é acusada de ter plagiado a marca europeia, se passando pela mesma de maneira quase despercebida para muitos consumidores. Isso valendo-se de uma escrita, fonética e logo muito semelhantes com o da original.
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Segundo declarações anteriores de executivos da Hummel, a rival teve que remover do seu logo o “chevron”, símbolo composto por duas setas, que era característico da malharia dinamarquesa. É fato que a Rhumell não utilizou o símbolo por anos. Mas hoje ele está presente no logo cadastrado no Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI), controlado pelo Ministério da Economia.
Além disso, o patrocínio a outros clubes no país, como Cruzeiro, Portuguesa Botafogo e Internacional, contribuiu para estabelecer ainda mais a Rhumell no imaginário do brasileiro.
Em 2022, ao chegar no Brasil, a “Hummel original” afirmou à página especializada “Mantos do Futebol” que a vinda havia atrasado 17 anos devido a disputas judiciais com a Rhumell. A promessa da marca europeia foi monitorar a sua “cópia” para “não ser prejudicada novamente”.
Apesar de ter apresentado um recurso contra o registro de marca da brasileira em 2008, segundo dados disponíveis no Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI), a Hummel nunca conseguiu derrubar o registro de marca da concorrente.
O sistema mostra que o registro da marca Rhumell da empresa titular RHUMELL INDUSTRIAL E COMERCIAL LTDA está em vigor para as categorias “roupas e acessórios do vestuário comum”, “roupas e acessórios para a prática de esportes” e “roupas e acessórios de uso profissional”, e vai até 2034.
De onde veio a Rhumell
Quando venceu a Adidas na concorrência para produzir os uniformes do Palmeiras em 1993, a Rhumell era desconhecida. Há uma alegação de que a empresa ganhou a disputa pelo fardamento do verdão porque seu fundador, Joelson de Souza Prado, era próximo do então presidente do clube, Mustafá Contursi. À ESPN, em 2018, Contursi alegou que a história era uma “fantasia”.
A Rhumell também foi alvo de investigações e denúncias, inclusive por dívidas com a Previdência e dificuldades de fiscalização. Mas nem mesmo a CPI do Futebol, no início dos anos 2000, foi capaz de localizar seus fundadores.
A marca ficou sumida até 2018, quando retornou ao futebol sob o licenciamento da empresa Mellgin Representações, no uniforme do ainda Bragantino – que virou o Red Bull Bragantino em 2020.
A última aparição da Rhumell foi o uniforme do time mineiro Tupi Football Club, de Juiz de Fora, para o qual fabricou o uniforme da temporada 2024. Mais recentemente, contudo, o time apareceu com uniformes fabricados pela Gsport Equipamentos Desportivos, indicando o provável fim da parceria com a Rhumell.
Onde está a Hummel? E a Rhumell?
A reportagem não conseguiu localizar o site oficial da Rhumell, nem um perfil no Instagram ou no LinkedIn.
Ainda assim, é possível encontrar produtos da marca em marketplaces, como a Netshoes, inclusive com o logo antigo, que possui o “chevron”.
O mesmo não pode ser dito da Hummel. Apesar de a marca estar vivíssima na Europa, a reportagem não conseguiu encontrar produtos sendo comercializados no Brasil. Além disso, seu perfil oficial não faz nenhuma postagem desde outubro de 2023.
A reportagem não conseguiu falar com nenhum responsável pela Rhumell. Já no caso da Hummel Brasil, houve contato com Fernanda Sakai, CEO da marca no Brasil, mas ela não respondeu o InfoMoney até a publicação deste texto.
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Fonte: InfoMoney
