Uma mansão de luxo no coração de Manhattan se tornou o cenário de uma história digna de filme de terror, com direito a sequestro, tortura, traição e criptomoedas. Um empresário italiano, Michael Valentino Teofrasto Carturan, foi mantido refém por quase três semanas após ser atraído de volta aos Estados Unidos por um antigo parceiro de negócios. O objetivo: forçá-lo a revelar a senha de uma carteira virtual de Bitcoin (BTC) avaliada em milhões de dólares.
O caso, revelado pela polícia de Nova York, envolve três suspeitos. O mais recente a se entregar foi William Duplessie, de 33 anos, que foi preso nesta terça-feira (27) após negociar sua rendição desde a semana passada. Segundo a polícia, Duplessie responderá por sequestro e cárcere privado junto a John Woeltz, um investidor de criptomoedas de 37 anos. A terceira acusada, Beatrice Folchi, de 24 anos, acabou sendo liberada.
Como começou o sequestro
De acordo com a investigação, Carturan e Woeltz tinham vínculos com um fundo de criptomoedas com sede em Nova York. Após uma disputa interna, Carturan deixou os EUA e voltou para a Itália. Pouco tempo depois, foi convencido a retornar para uma reunião na cidade até que, no dia 6 de maio, ao chegar à casa de número 38 na Prince Street, em Manhattan, o pesadelo começou: foi surpreendido, amarrado com cabos elétricos e agredido fisicamente.
A polícia relata que ele foi submetido a choques com taser, teve os pés submersos em água e foi ameaçado de morte — tudo documentado por fotos encontradas no local, junto com armas de fogo, colete balístico e móveis destruídos.
Fuga e prisão
Carturan conseguiu escapar no dia 23 de maio ao pedir ajuda para um agente de trânsito nas proximidades da mansão. O caso rapidamente atraiu atenção da polícia, que efetuou prisões e iniciou negociações com o terceiro suspeito.
O imóvel onde o crime ocorreu, cujo aluguel seria de US$ 75 mil (R$ 423 mil) mensais, serviu de cativeiro e abrigo para os agressores.
O que é uma carteira de Bitcoin?
Carteiras de Bitcoin são softwares ou dispositivos físicos que armazenam as chaves privadas necessárias para acessar as criptomoedas. Ao contrário de senhas bancárias comuns, essas chaves não podem ser recuperadas por instituições: quem perde o código, perde o acesso ao dinheiro. Por isso, elas são altamente visadas em ataques diretamente aos donos.
Também acontece no Brasil
Casos de sequestros seguidos de extorsões viraram comuns nos últimos anos, inclusive no Brasil. Um cidadão espanhol foi sequestrado em São Paulo no final de maio e forçado a transferir cerca de US$ 50 milhões em criptomoedas. A vítima foi abordada por falsos policiais civis no bairro do Ipiranga e levada a um cativeiro em Mogi das Cruzes. Ele conseguiu escapar após fazer um dos sequestradores ingerir um sedativo.
Por esse motivo é muito comum que investidores que detêm uma grande quantia de criptomoedas opte por não revelar valores em público, com medo de que se tornem alvos de criminosos.
(com informações do The New York Times)
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Fonte: InfoMoney
