Com atuação diversificada e receitas que somaram R$ 1,5 bilhão em 2024, o Grupo Águia, fundado no Rio Grande do Sul, tem apostado em inovação e industrialização para impulsionar seu crescimento. Rogerio Scheffer, presidente da holding, foi o convidado do programa Do Zero ao Topo e compartilhou a trajetória da companhia familiar que cresceu tendo o ferro como insumo principal e hoje se reinventa por meio da construção industrializada.
O Águias Sistemas, braço industrial do grupo, faturou R$ 606 milhões em 2023, abaixo dos R$ 800 milhões registrados em 2022. A queda, segundo Scheffer, é explicada pela desvalorização do minério de ferro, principal insumo da empresa. “Já tivemos um rendimento maior porque o nosso material principal é o ferro. Durante a pandemia, ele duplicou de valor”, explicou. Ainda assim, o segmento representa cerca de 50% do faturamento total do grupo.
Áreas de atuação
Além do setor industrial, o grupo atua nas áreas florestal (com a Águia Florestal) e de construção civil, por meio da Espaço Smart, sua mais recente aposta — e uma das mais promissoras. Apenas em 2023, a unidade de construção faturou R$ 517 milhões e, para 2024, a expectativa é atingir R$ 720 milhões. “Provavelmente vai superar o Águias Sistemas. Nosso objetivo é chegar a R$ 1 bilhão até 2027”, projetou Scheffer.
A ideia da Espaço Smart nasceu de uma frustração antiga de Scheffer com a baixa produtividade dos canteiros de obras tradicionais. Após observar práticas nos Estados Unidos e Europa, o empresário decidiu apostar em um modelo de construção seca, baseado em perfis metálicos leves — o chamado light steel framing. “Sempre achei muito difícil melhorar continuamente uma obra. Cada canteiro parecia começar do zero”, relembrou.
A solução foi industrializar o processo, adotando tecnologias que permitem projetar uma casa em software, transferir os dados para máquinas e produzir toda a estrutura metálica já cortada e identificada, pronta para montagem. “Eu sempre brinco que é como montar um Lego”, disse.
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Inovação na venda
Com essa proposta, a empresa também precisou inovar na forma de vender. Scheffer trouxe um executivo com passagens por multinacionais como Saint-Gobain, para liderar a frente comercial, e também integrou seu filho Fernando à operação. Inspirado em benchmarks do Japão e dos EUA, o grupo estruturou um ecossistema de vendas que hoje soma 44 lojas (43 no Brasil e uma no Paraguai) e quatro indústrias: uma de painéis de PVC, outra de perfis metálicos, uma de pedras sintéticas e a maior fábrica de painéis metálicos da América Latina.
O modelo oferece ao cliente a casa completa: projeto arquitetônico, estrutura, instalações hidráulicas e elétricas, materiais, mão de obra, gestão da obra e até financiamento. “Você pode financiar tudo, inclusive o terreno, em até 240 meses. E depois converter para financiamento habitacional tradicional”, destacou o empresário.
Scheffer reconhece que houve momentos difíceis. “No final dos anos 90, foi um período muito duro. Não era só falta de dinheiro, era uma sensação de que nos faltava competência para seguir no negócio”, afirmou. Ele credita a virada à adoção de boas práticas de governança, que ainda hoje orientam as decisões da companhia.
Filho de empreendedores, Rogerio cresceu ao redor das máquinas da empresa. “Vivi minha infância dentro da fábrica, o negócio da família foi construído com a gente junto”, recordou. Essa vivência ajudou a moldar o olhar inovador que, décadas depois, o levaria a transformar uma frustração pessoal em um dos pilares do futuro do Grupo Águia.
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Fonte: InfoMoney