Elon Musk não está satisfeito com o Grok. Na semana passada, o chatbot respondeu um usuário no X dizendo que, desde 2016, mais violência política veio da direita do que da esquerda. Musk considerou a resposta uma “falha grave” e disse que a IA está “repetindo a mídia tradicional”.
Não é necessariamente verdade. Na ocasião, o Grok citou fontes confiáveis que embasam a informação, inclusive com dados do governo dos Estados Unidos. Mesmo assim, o bilionário não ficou nada feliz com o “politicamente correto” da sua IA – e decidiu que vai treiná-la novamente.
Especialistas chamaram atenção para o risco disso, já que um novo treinamento com dados enviesados deixariam o Grok mais parecido com a visão de mundo do próprio Musk (as vezes, em detrimento da verdade).

Musk e xAI estão treinando o Grok novamente
O Grok é da empresa de inteligência artificial xAI e funciona de forma integrada ao X (ambas são Musk).
Na ocasião, um usuário perguntou: “desde 2016 a esquerda ou a direita tem sido mais violenta?”. O chatbot respondeu que “a violência política de direita tem sido mais frequente e mortal”, citando dados da agência de notícias Reuters e de fontes do próprio governo americano.
Várias pessoas duvidaram da resposta e fizeram perguntas adicionais, como “de onde você está tirando essas informações?” e “responda sem militância”. Em todos os casos, o Grok reforçou a resposta anterior apresentando as fontes.
Mas Elon Musk não gostou. O dono da IA descreveu o caso como uma “falha grave”, com informações falsas e que reproduzem o discurso da mídia. Vale lembrar que o bilionário, em mais de uma ocasião, já espalhou informações falsas nas redes sociais. Ele terminou a publicação dizendo que “está trabalhando nisso”.
Em uma publicação alguns dias depois, Musk voltou a tocar no assunto. Ele pediu que usuários respondessem seu tweet com “fatos divisivos”, que eram politicamente incorretos, mas verdadeiros. Segundo o executivo, ele iria usá-los para treinar o Grok novamente.
Já nesta sexta-feira (27), o bilionário deu atualizações sobre o que está fazendo. O bilionário escreveu que está trabalhando em uma nova versão do chatbot, chamada Grok 4, que será lançada após o dia 4 de julho (dia da independência dos EUA e feriado por lá).
Grinding on @Grok all night with the @xAI team. Good progress.
Will be called Grok 4. Release just after July 4th. Needs one more big run for a specialized coding model.
— Elon Musk (@elonmusk) June 27, 2025
Mudança no Grok é preocupante – e pode prejudicar usuários
Especialistas levantaram preocupações com as falas de Musk, temendo que o bilionário esteja tentando influenciar o Grok a seguir sua própria visão de mundo.
Isso traz alguns problemas:
- Musk é uma figura influente e o Grok está integrado ao X, uma rede social com milhões de usuários no mundo todo. Ou seja, as respostas enviesadas chegariam a muitas pessoas;
- A IA é vista com certa confiança por parte dos usuários e já tem impacto em várias áreas da vida cotidiana;
- Um novo treinamento exigiria que a xAI voltasse atrás nos dados que já foram utilizados pelo Grok, o que levaria tempo, custaria muito dinheiro e criaria um vies claro em certos tópicos;
- Além disso, o treinamento ‘duplo’ aumentaria a chance de erros e pioraria a experiência do usuário.
Apesar da controvérsia na resposta recente, o Grok acumula erros nos últimos meses. Por exemplo, em maio, a IA respondeu publicações aleatórias alegando um genocídio branco na África do Sul. Em outra ocasião, duvidou do Holocausto judeu na Segunda Guerra Mundial.

Musk quer Grok alinhado com sua opinião pessoal
Para especialistas consultados pela CNN, as mudanças no Grok são uma tentativa de Musk de criar um modelo que promova suas próprias opiniões (mesmo que elas não estejam certas).
Segundo Nick Frosst, cofundador da Cohere, isso tornará o chatbot “pior para os usuários, a menos que eles acreditem em tudo o que ele [Musk] acredita e se importem apenas em repetir essas coisas”.
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No final das contas, isso pode acabar até prejudicando o Grok. Frosst acredita que as pessoas não recorrem à IA para obter opiniões, mas sim para que a tecnologia os ajude com alguma tarefa. Se os usuários perceberem que o modelo presente no X não serve mais para isso, vão recorrer a fontes confiáveis.
O problema é que, até chegar nesse ponto, o Grok pode trazer “algumas ameaças à democracia”.
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Fonte: Olhar Digital