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Gripe aviária: pode comer ovo? Quais os sintomas? E a letalidade? Tire 7 dúvidas

Gripe aviária: pode comer ovo? Quais os sintomas? E a letalidade? Tire 7 dúvidas

Na última semana, o Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) confirmou o primeiro caso de gripe aviária em granjas comerciais do Brasil.

Desde que o vírus da influenza aviária de alta patogenicidade (IAAP) foi detectado no país, em maio de 2023, o agente estava restrito a aves silvestres.

O caso foi identificado em um estabelecimento em Montenegro, município do Rio Grande do Sul, e medidas como o abatimento dos animais foram tomadas para evitar a disseminação do vírus.

Um caso humano chegou a ser cogitado, de um trabalhador da granja, mas foi descartado.

Abaixo, entenda em 7 perguntas e respostas as principais dúvidas e os riscos da gripe aviária no Brasil.

O que é gripe aviária?

A gripe aviária diz respeito a um conjunto de cepas do vírus influenza que geralmente circulam entre aves, mas causam casos esporádicos em outras espécies. No Brasil, foi detectada pela primeira vez em maio de 2023 em aves silvestres.

A gripe aviária infecta humanos?

Não existe registro de disseminação da gripe aviária entre humanos. No entanto, pessoas são contaminadas esporadicamente devido ao contato com animais infectados.

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), de 2003 até o fim do ano passado, foram registrados 939 casos humanos de gripe aviária em 24 países, dos quais 464 evoluíram para a morte (49%).

Um caso humano suspeito chegou a ser analisado no Brasil, nesta semana, de um trabalhador da granja comercial onde foi confirmada a doença, no Rio Grande do Sul. Mas testes realizados na Fiocruz descartaram o vírus, informou o Ministério da Saúde na terça-feira.

Nos Estados Unidos, que vive hoje um surto inédito de gripe aviária entre vacas leiteiras, há 70 casos em humanos confirmados desde março do ano passado, 41 deles em trabalhadores rurais expostos ao gado, e uma morte.

Qual o risco hoje para a população brasileira?

A transmissão para humanos é esporádica e ocorre principalmente pelo contato de pessoas que têm ocupação no manuseio e no contato com esses animais, que têm um risco moderado. Mas para a população geral, esse risco é muito baixo — reforça a virologista e professora da Universidade de São Paulo (USP), Helena Lage, que trabalha na resposta à gripe aviária no Brasil.

Rosana Richtmann, médica do Instituto de Infectologia Emílio Ribas, em São Paulo, explica que seria preciso que o vírus passasse por alguns processos evolutivos para conseguir se disseminar entre pessoas: “Nós não somos bons para esse vírus, não temos receptores para ele. Então, primeiro teria que haver um contato maior entre humanos e aves, por isso as pessoas que trabalham nesses locais estão sob maior risco. Uma vez que o humano tenha esses casos, o vírus precisaria de mutações para poder ser transmitido de pessoa para pessoa.”

O temor de que isso aconteça e desencadeie uma nova pandemia tem crescido, já que a expansão do vírus entre espécies e países favorece a ocorrência das mutações que podem levar a uma maior afinidade com os seres humanos.

“Um caso de coinfecção de gripe aviária com H1N1, que é o vírus que está circulando hoje entre humanos, por exemplo, é um risco, porque a mesma pessoa com esses dois vírus pode funcionar como um ‘laboratório’ para que eles se combinem e criem pequenas mutações. Daí sim teríamos uma gripe aviária que se adaptou a humanos”, cita Rosana.

Por isso, ela explica que as medidas mais importantes agora são o uso de equipamentos de proteção por trabalhadores que atuam no manuseio desses animais. Além disso, indivíduos que tiveram contato com aves doentes e que manifestem sintomas gripais devem procurar ajuda imediatamente.

Para a população geral, algo positivo que a infectologista sugere é garantir a vacinação contra a gripe humana, disponível nos postos de saúde, para reduzir o risco desse cenário de coinfecção.

Há risco no consumo de frango ou ovos?

O Mapa e o Ministério da Saúde reforçam que a doença não é transmitida pelo consumo de carne de aves nem de ovos, “não havendo qualquer restrição ao seu consumo”. Além disso, o vírus foi detectado em um lote de matriz comercial, ou seja, em aves criadas para reprodução, que não têm o destino direto para o consumidor.

De acordo com os Centros de Controle e Prevenção de Doenças dos EUA (CDC), as aves infectadas expelem o vírus por meio de sua saliva, mucosas e fezes. Por isso, humanos podem ser contaminados quando o vírus entra nos olhos, nariz ou boca ou é inalado pelo contato próximo. Isso pode ocorrer quando o vírus está no ar em gotículas pelo contato próximo ao animal ou quando uma pessoa toca em algo contaminado e depois encosta na boca, nos olhos ou no nariz.

Quais os sintomas da gripe aviária em humanos? Há tratamento?

Ainda segundo os CDC, embora raro, quando um humano contrai a gripe aviária, os sintomas costumam envolver: vermelhidão ocular (conjuntivite), sintomas respiratórios superiores leves semelhantes aos da gripe, pneumonia que requer hospitalização, febre ou sensação de febre, tosse, dor de garganta, nariz escorrendo ou entupido, dores musculares ou no corpo, dores de cabeça, fadiga ou falta de ar. Outros sinais e sintomas menos comuns incluem diarreia, náusea, vômito ou convulsões. A febre nem sempre está presente.

O tratamento da gripe aviária pode envolver o medicamento antiviral utilizado para a gripe humana, oseltamivir, conhecido pelo nome comercial “Tamiflu”. Quando usado, ele é tomado por via oral duas vezes ao dia por 5 dias, nos casos de pacientes que não estão doentes o suficiente para serem hospitalizados. Já os que precisam ser internados podem utilizar o remédio por mais de 5 dias, segundo os CDC, de acordo com a avaliação médica da gravidade do caso.

A vacina contra a gripe protege contra a gripe aviária?

A diretora da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm), Flávia Bravo, explica que as doses contra a gripe humana disponíveis hoje nos postos de saúde não são eficazes contra a versão aviária: “A versão do vírus Influenza não é a mesma. As cepas da gripe aviária ainda são muito restritas às aves e têm diferenças em relação à Influenza humana, que é o alvo da vacina.”

Existem vacinas para a gripe aviária?

Existem algumas vacinas antigas aprovadas para uso em caso de emergência e outras em desenvolvimento.

Nos EUA, a Food and Drug Administration (FDA) já aprovou três imunizantes destinados à cepa H5N1 da gripe aviária desde 2007. As doses foram criadas por farmacêuticas que também produzem a vacina contra a gripe humana: CSL Seqirus, GSK e Sanofi. Elas não podem ser comercializadas para o público geral, apenas adquiridas pelo governo para o estoque em caso de um surto. Há ainda novas doses em desenvolvimento, como uma pela Moderna de RNA mensageiro, a mesma tecnologia utilizada na vacina para a Covid-19.

Países como EUA e as nações da União Europeia estão mais avançados na criação de estoques para caso o vírus provoque uma pandemia humana. A Finlândia foi o primeiro país a de fato oferecer a dose à população, ainda em junho do ano passado, quando passou a imunizar trabalhadores que têm contato com animais.

No Brasil, nenhuma dose tem aprovação da Anvisa, mas, em abril do ano passado, a agência criou regras para o registro e atualização de vacinas pré-pandêmicas contra a gripe aviária. Segundo a norma, as empresas podem protocolar o registro de doses que apenas precisem ser atualizadas na hora de uma eventual emergência sanitária.

Neste ano, o Ministério da Saúde anunciou uma parceria com o Instituto Butantan para a fabricação e o acesso a uma vacina contra a gripe aviária para humanos em desenvolvimento na instituição paulista. De acordo com a pasta, a capacidade produtiva será superior a 30 milhões de doses anuais, o que poderá permitir a criação de um estoque estratégico para o caso de um surto. A dose começou a ser desenvolvida ainda no começo de 2023 e já foram conduzidos os testes pré-clínicos (em laboratório com animais). Agora, o instituto aguarda a liberação da Anvisa para o início dos estudos clínicos com humanos.

“Quando acontecer a transmissão entre humanos de forma sustentada, teremos um grande problema, como foi com o surto de H1N1, que ficou conhecido como gripe suína. Quando isso acontece, temos o risco de pandemia porque é um vírus novo para a população, não temos um arsenal imunológico para combatê-lo. Por isso, existem essas estratégias para bloquear rapidamente o vírus caso isso aconteça”, afirma Flávia, da SBIm.

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Fonte: InfoMoney

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