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Gripe aviária: lançado em dezembro, plano do governo contra doença tem execução lenta

Gripe aviária: lançado em dezembro, plano do governo contra doença tem execução lenta

Lançado em dezembro do ano passado pelo Ministério da Saúde, o plano de contingência elaborado para servir como preparação em caso de uma nova crise sanitária motivada pela gripe aviária tem tido execução lenta em comparação ao que prevê o próprio documento.

O objetivo é garantir uma resposta coordenada e eficaz à detecção de casos em humanos ou à circulação do vírus em animais no território nacional. Procurada, a pasta informou que as ações, até o momento, estão sendo encabeçadas pelo Ministério da Agricultura.

O plano de contingência, contudo, foi elaborado para orientar a atuação do Sistema Único de Saúde (SUS) diante de possíveis surtos da doença. Estabelece, por exemplo, responsabilidades dos governos federais, estaduais e de prefeituras, define estágios operacionais e prevê ações integradas de vigilância epidemiológica, diagnóstico laboratorial, assistência e comunicação em saúde.

Na semana passada, a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) afirmou que o primeiro foco de gripe aviária em uma granja comercial no Brasil, registrado em 15 de maio na cidade gaúcha de Montenegro, marca uma nova etapa na presença do vírus no país. Até então, a doença havia sido registrada em território brasileiro apenas em aves silvestres e de criação caseira.

Com isso, o país entrou oficialmente no estágio de alerta, segundo prevê o plano de contingência do Ministério da Saúde — o terceiro dos cinco níveis previstos. Essa fase exige, conforme a própria pasta, medidas preventivas e preparatórias para conter o avanço da doença, como a instalação imediata de um Centro de Operações de Emergência (COE) para garantir resposta rápida. No entanto, até o momento, o COE não foi ativado.

“Agora, pelo plano, a gente já estaria na fase de alerta com esse caso no Brasil, o que aumenta um pouco o nível no plano de contingência. (O ministério) tem que tomar a decisão de implantar o centro de operação de emergência, estaria nessa fase. Acho que deveria acontecer agora o COE”, comenta Ethel Maciel, ex-secretária de Vigilância em Saúde do ministério na gestão de Nísia Trindade e responsável pela elaboração do plano de contingência.

Outras ações previstas para este momento não saíram do papel, como a realização de campanhas de comunicação de risco, com orientações sobre sintomas, formas de transmissão e prevenção.

A fase também demanda reuniões do ministério com secretarias estaduais e municipais, que vêm acontecendo; capacitações e webinários nacionais; o reforço do envio de insumos e kits de diagnóstico aos Centros Nacionais de Influenza, que são os principais responsáveis por confirmar casos de influenza aviária em humanos no país; e, se necessário, solicitar recursos emergenciais.

Entre ministérios

O Ministério da Saúde argumenta que, por não haver casos em humanos no país, as ações contra a doença estão sendo encabeçadas pelo Ministério da Agricultura e Pecuária. O ministério diz estar em articulação com a pasta comandada por Carlos Fávaro e com a Secretaria de Estado da Saúde do Rio Grande do Sul “para prestar todo o apoio necessário às ações relacionadas ao primeiro caso de gripe aviária em granja comercial”.

Na prática, a execução do plano tem ocorrido de forma localizada, restrita à articulação entre o Ministério da Saúde, o governo do Rio Grande do Sul e o município de Montenegro, sem uma estratégia nacional integrada.

Na última terça-feira, a Saúde informou ter sido descartado o caso suspeito de gripe aviária em um trabalhador da granja de Montenegro. Neste momento, não há outros casos suspeitos ou em investigação em humanos no Brasil.

Apesar disso, o governo analisava, até sexta-feira, nove possíveis casos do vírus entre animais, em diferentes estados do país (SC, MS, CE, TO e PA).

De acordo com o Ministério da Agricultura, os casos estão sendo acompanhados com base em protocolos internacionais de vigilância e controle da doença. Para especialistas, o reforço na vigilância no estágio atual é crucial para conter o avanço do vírus e evitar uma possível escalada de transmissão.

“Há uma grande tendência de especialistas acharem que a próxima pandemia será pela gripe aviária por conta dessa proximidade das mutações que o vírus vem sofrendo. Por enquanto, não há relatos de transmissão inter-humanos. Os poucos casos que nós temos são de transmissão de aves para humanos sem repercussão secundária de humanos para humanos. Mas essa é a vigilância que a gente deve fazer inclusive em todos os sintomáticos que estão manuseando essa população de aves”, afirmou o infectologista e vice-presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm), Renato Kfouri.

Como a forma de transmissão da gripe aviária para humanos se dá pelo contato direto ou indireto com aves infectadas (doentes ou mortas) ou suas secreções, as principais medidas de prevenção ao contágio neste momento envolvem a restrição desse contato. Para pessoas com exposição laboral ou recreativa a aves, são recomendadas medidas de precaução e utilização de equipamentos de proteção individual (EPI).

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Fonte: InfoMoney

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