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Gripe aviária em granja comercial no Brasil preocupa? Como afeta ações de proteínas?

Gripe aviária em granja comercial no Brasil preocupa? Como afeta ações de proteínas?

Após muitas ameaças, o risco se materializou. Nesta sexta-feira (16), as autoridades brasileiras relataram o primeiro caso identificado de gripe aviária em uma operação comercial.

O foco foi registrado no município de Montenegro, no Rio Grande do Sul, em uma granja para produção de ovos para recria de aves, disse nesta sexta-feira o ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, ressaltando que medidas de contenção foram adotadas para isolar o foco.

Contudo, a reação das ações de empresas listadas na Bolsa e expostas à notícia não foi expressiva, uma vez que o mercado ainda vê os impactos como limitados e com efeitos apenas temporários para exportação.

O foco de gripe leva automaticamente a uma suspensão de compras de carne de frango brasileira pela China, importante importador, destacou ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, a jornalistas.

Ele observou que o status de emergência pela China dura 60 dias, mas acredita que o Brasil poderá voltar a exportar aos chineses antes desse prazo,  caso não seja registrado outro foco e o trabalho de isolamento do problema seja feito adequadamente.

O Goldman Sachs ressaltou que o caso poderia desencadear restrições limitadas e temporárias à exportação. “Dito isso, observamos que os protocolos comerciais foram significativamente flexibilizados nos últimos anos, de modo que reconhecemos que há riscos de queda, mas as chances de uma interrupção mais ampla parecem baixas”, apontam os analistas da casa.

“Ainda é cedo para ter uma ideia dos impactos, precisamos de mais detalhes do foco e ver como será a reação dos países importadores. Se a restrição ficar restrita à microrregião, impacto tende a ser baixo, se for o estado [do RS] muda um pouco a leitura. Se for o País (que não faz sentido), seria drástico. Se for apenas um foco, pode haver resolução do caso em menos de 1 mês”, aponta Leonardo Alencar, analista da XP.

Em teleconferência, o CEO da BRF, Miguel Gularte, lembrou que o Brasil já tem acordos de regionalização sanitária com diversos países, o que deve limitar os impactos comerciais do foco de gripe. “A regionalização, a partir da doença de Newcastle, já ficou prevista em vários países”, disse o executivo.

O Goldman reforça que o Brasil é o maior exportador de frango do mundo, representando 36% do comércio global (no ano fiscal de 2024); os EUA estão em segundo lugar.

O estado do Rio Grande do Sul foi responsável por 12% da produção brasileira e 13% das exportações nacionais. Os principais destinos do frango brasileiro são China, Emirados Árabes Unidos e Japão.

Alencar, da XP, ressalta que as companhias listadas na Bolsa expostas diretamente seriam Seara, da JBS (JBSS3) e BRF (BRFS3) – Marfrig (MRFG3). Porém, granjas menores que têm pouca diversificação geográfica são as quem mais sofrem, porque as grandes conseguem realocar produção e exportar mais por outros estados.

O Goldman aponta que, quando os EUA relataram seu primeiro caso de gripe aviária no ano fiscal de 2015, suas exportações totais de frango foram interrompidas e reduzidas em cerca de 15%. Desde então, a doença se espalhou por diversas regiões (o Goldman conta com cerca de 50 países) e a maioria dos protocolos comerciais foi flexibilizada.

Desde o ano fiscal de 2024, as negociações entre o Brasil e a maioria de seus parceiros comerciais seguem um caminho semelhante, avalia o banco americano.

Em um cenário hipotético em que assume que as exportações do estado do Rio Grande do Sul sejam totalmente interrompidas por mais tempo, o Goldman estima um aumento de cerca de 660 pontos-base na oferta doméstica e uma redução de cerca de 70 pontos-base nos volumes globais de exportação – tendo todos os outros fatores mantidos.

Para a BRF, estima que esse impacto líquido seria equivalente a cerca de 15% de seu lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações (Ebitda).

Dito isso, o Goldman observa que: (i) os protocolos comerciais geralmente permitem maior flexibilidade; e (ii) o Ministério da Agricultura do Brasil está trabalhando para eliminar o foco da doença e restaurar o status da região como livre da gripe aviária. Em nota à parte, o banco aponta que os termos da fusão em andamento e anunciado na véspera entre a Marfrig e a BRF incluem potenciais interrupções sanitárias como uma cláusula de mudança adversa material (MAC).

“Embora não tenhamos opinião sobre a probabilidade de a cláusula MAC ser exercida, observamos que este surto em andamento, dependendo de sua extensão, pode eventualmente ser uma restrição”, avalia o banco.

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Fonte: InfoMoney

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