O governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) prepara uma resposta oficial às críticas da revista britânica The Economist, que acusa o petista de estar “isolado internacionalmente” e de ter se tornado “impopular” dentro do Brasil. A resposta será enviada em forma de carta pela embaixada brasileira em Londres e assinada pelo ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira.
O texto da Economist, publicado na última semana, destaca que Lula teria perdido espaço nas relações com democracias ocidentais ao adotar uma postura “hostil” diante de temas como a guerra no Oriente Médio, o relacionamento com regimes autoritários e o distanciamento do presidente argentino, Javier Milei.

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Defesa da política externa
Segundo o Itamaraty, a carta irá reiterar a posição brasileira de condenar os recentes ataques dos Estados Unidos ao Irã, sustentando que a diplomacia brasileira defende o multilateralismo e a não intervenção como princípios fundamentais.
O governo Lula também deve destacar a importância da cúpula dos BRICS, marcada para 6 e 7 de julho no Rio de Janeiro. O encontro contará com a presença do Irã, admitido no bloco em 2024, e ocorre sob a presidência rotativa do Brasil.
Aproximação com regimes autoritários
O editorial da revista também criticou a aproximação de Lula com líderes como Nicolás Maduro, da Venezuela, e a ausência de diálogo com Javier Milei, da Argentina, por divergências ideológicas.
“Quando assumiu o cargo pela 3ª vez, em 2023, abraçou Nicolás Maduro, o autocrata da Venezuela, apesar de o país ter se tornado uma ditadura”, diz a publicação.
O texto também critica o que chama de “relutância” do Brasil em liderar a região frente às políticas anti-imigração dos Estados Unidos sob a presidência de Donald Trump.
“Lula parece relutante ou incapaz de reunir as nações latino-americanas para apresentar uma frente unida contra as deportações de imigrantes e a guerra tarifária de Trump”, afirma.
Dados da balança comercial contestam revista
A Economist afirma que o Brasil teria um déficit comercial de US$ 30 bilhões com os EUA, o que explicaria o silêncio estratégico de Trump em relação ao país. No entanto, dados oficiais do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC) apontam que o maior déficit histórico registrado pelo Brasil nas relações comerciais com os EUA foi de US$ 13,9 bilhões, em 2022. Em 2024, o déficit ficou em apenas US$ 253 milhões — o que desmonta a tese de um “rombo bilionário”.
Popularidade em queda
A revista também menciona a queda de popularidade de Lula, especialmente neste terceiro mandato. Segundo a última pesquisa Datafolha, divulgada em junho, a avaliação negativa do governo Lula subiu para 40%, enquanto a aprovação caiu para 35%, com 30% avaliando o governo como regular. Foi o pior resultado desde a posse em janeiro de 2023.
A Economist ainda afirma que o Brasil tem se tornado geopoliticamente irrelevante. “Lula deveria parar de fingir que importa e se concentrar em questões mais próximas”, conclui o editorial, numa crítica direta ao foco do governo em política externa com baixa influência prática, segundo a visão da publicação.
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Fonte: InfoMoney