O envolvimento direto do governo dos Estados Unidos com a situação doméstica do Irã vem desde o pós-Segunda Guerra Mundial, mas as tensões entre os dois países têm escalado desde a Revolução Islâmica de 1979. O think tank Council on Foreign Relations, sediado em Nova Iorque, elaborou uma linha do tempo que ajuda a entender o atual estágio de relações entre os dois países.
1953 – Golpe de Estado
Agências de inteligência dos EUA e da Grã-Bretanha ajudam elementos das forças armadas iranianas a derrubar o primeiro-ministro do Irã, Mohammed Mossadeq. A interferência ocorreu após Mossadeq ter ordenado a nacionalização da Anglo-Persian Oil Company, de propriedade britânica, que levou Londres a impor um embargo de petróleo ao Irã. O golpe trouxe de volta ao poder a monarquia amiga do Ocidente, liderada pelo xá Mohammad Reza Pahlavi. Mesmo impopular entre grande parte da população, o xá contou com o apoio dos EUA para permanecer no poder até sua derrubada em 1979.
1954 – Acordo do petróleo
Sob pressão dos EUA e do Reino Unido, o xá assina o Acordo de Consórcio de 1954, que dá às empresas petrolíferas americanas, britânicas e francesas 40% da propriedade da indústria petrolífera nacionalizada por vinte e cinco anos.
1959 – Primeiro acordo nuclear
Os Estados Unidos e o Irã assinam o acordo de Cooperação Relativa ao Uso Civil de Átomos como parte da iniciativa “Átomos para a Paz” do presidente Dwight D. Eisenhower, sob a qual os países em desenvolvimento recebem educação e tecnologia nuclear dos EUA. Ele estabelece as bases para o programa nuclear do país, e os Estados Unidos mais tarde fornecem ao Irã um reator e combustível de urânio enriquecido para armas. Essa colaboração se mantém até o início da revolução iraniana de 1979.
1960 – Criação da Opep
Irã, Iraque, Kuwait, Arábia Saudita e Venezuela estabelecem a Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) para rivalizar com as empresas ocidentais que dominam o fornecimento global de petróleo e restabelecer o controle sobre suas reservas domésticas de petróleo. Na década de 1970, os lucros da OPEP disparam e o grupo ganha uma influência considerável sobre as economias ocidentais. O aumento da influência do Irã no mercado o torna um aliado ainda mais crucial dos EUA.
1972- Nixon visita o Irã
O presidente Richard Nixon viaja ao Irã para pedir ajuda ao xá para proteger os interesses de segurança dos EUA no Oriente Médio, inclusive se opondo a um Iraque aliado dos soviéticos. Em troca, Nixon promete que o Irã pode comprar qualquer sistema de armas não nucleares que desejar. Os preços do petróleo disparam em meio à Guerra Árabe-Israelense de 1973 e ao subsequente embargo do petróleo árabe contra os Estados Unidos, permitindo que o xá compre um suprimento maior de armamento de alta tecnologia do que o previsto, o que perturba as autoridades americanas.
1979 – Revolução Iraniana
O xá foge em meio a uma agitação civil generalizada com a justificativa de viajar para os Estados Unidos para o tratamento de um câncer. O Aiatolá Ruhollah Khomeini, um clérigo xiita que se opunha à ocidentalização do Irã pelo xá, retorna ao país após 14 anos no exílio. Khomeini assume o poder como líder supremo em dezembro, transformando o Irã de uma monarquia pró-Ocidente em uma teocracia islâmica anti-Ocidente. Khomeini diz que o Irã tentará “exportar” sua revolução para seus vizinhos. Em 1985, o grupo militante Hezbollah surge no Líbano e jura lealdade a Khomeini.
1979-1981 – Crise dos reféns no Irã
Um grupo de estudantes universitários iranianos radicais faz 52 americanos reféns na embaixada dos EUA em Teerã, exigindo que os Estados Unidos extraditem o xá. Washington corta laços com Teerã, sanciona as importações de petróleo iraniano e congela ativos do país. Após 444 dias, os reféns são libertados sob os Acordos de Argel, que foram assinados poucos minutos após a posse do presidente Ronald Reagan, cuja campanha presidencial de 1980 enfatizou o fracasso do presidente Jimmy Carter em libertar os reféns. Como parte dos acordos, os Estados Unidos prometem não intervir na política iraniana.
1980-1988 – Guerra entre Irã e Iraque
O Iraque invade seu vizinho e crescente rival, o Irã, em meio a temores de uma revolta xiita contra o líder iraquiano Saddam Hussein. Os Estados Unidos apoiam o Iraque de governo secular com ajuda econômica, treinamento e tecnologia até o fim da guerra, em 1988, mesmo depois que a CIA encontrar evidências de que as forças iraquianas usaram armas químicas contra os iranianos. Estima-se que um milhão de iranianos e entre 250 mil a 500 mil iraquianos tenham morrido no conflito.
1983 – Bombardeio de quartel em Beirute
Dois caminhões carregados de explosivos entram em quartéis que abrigam militares americanos e franceses da Força Multinacional no Líbano e depois detonam. O ataque mata 241 militares dos EUA – o maior número de mortos em um único dia para as Forças Armadas dos EUA desde a Ofensiva do Tet durante a Guerra do Vietnã. Um grupo chamado Jihad Islâmica, que se acreditava ser uma fachada para o Hezbollah, reivindicou a responsabilidade pelo ataque. O bombardeio acelera a retirada dos fuzileiros navais dos EUA do Líbano e leva o Departamento de Estado a designar o Irã como um Estado patrocinador do terrorismo em 1984.
1985 – Caso Irã-Contras
Apesar de um embargo de armas, altos funcionários do governo Reagan começam a vender secretamente armas ao Irã para garantir a libertação de sete americanos mantidos reféns pelo Hezbollah no Líbano. As autoridades usam o dinheiro do acordo ilegal para financiar os grupos rebeldes de direita Contras na Nicarágua depois que o Congresso proíbe o financiamento adicional da insurgência. Reagan assume a responsabilidade pelo escândalo em um discurso televisionado em 1987, e o caso termina com a condenação de alguns funcionários. O Hezbollah mata dois dos reféns e liberta os outros ao longo de vários anos.
1988 – Operação Louva-a-Deus
Depois que uma mina iraniana quase afunda uma fragata americana no Estreito de Ormuz, a Marinha dos EUA lança uma campanha de retaliação chamada Operação Louva-a-Deus. As forças americanas destroem duas plataformas de petróleo iranianas e afundam uma fragata. Em julho, a Marinha dos EUA derruba um jato de passageiros iraniano depois de confundi-lo com um jato de combate, matando todas as 290 pessoas a bordo.
1991 – Guerra do Golfo
Os Estados Unidos lideram uma coalizão de trinta e cinco países para expulsar as forças iraquianas que ocupam o Kuwait, expulsando os iraquianos em questão de meses. A guerra leva a inspeções intrusivas da ONU para impedir que o Iraque reinicie seus programas de armas de destruição em massa. Sanções abrangentes e corrupção generalizada sob o Programa Petróleo por Alimentos, criado na esteira da guerra, devastam o público iraquiano por quase uma década, mas não conseguem desalojar Saddam. O Irã declara sua neutralidade no conflito, mas as autoridades dos EUA suspeitam que o país busca substituir o Iraque como a potência dominante na região.
1992-1996 – EUA intensificam sanções
Os Estados Unidos aumentam as sanções contra o Irã sob os governos de George H.W. Bush e Bill Clinton. Em 1992, o Congresso aprova a Lei de Não Proliferação de Armas Irã-Iraque, que sanciona materiais que poderiam ser usados para desenvolver armamento avançado. A Casa Branca expande as sanções com um embargo total ao petróleo e ao comércio em 1995. A Lei de Sanções ao Irã e à Líbia de 1996 impõe um embargo contra empresas não americanas que investem mais de US$ 20 milhões por ano nos setores de petróleo e gás do Irã.
1998-2000 – Mini Détente
A secretária de Estado Madeleine Albright se reúne com o vice-ministro das Relações Exteriores do Irã nas negociações Six-Plus-Two durante a Assembleia Geral da ONU de 1998. É o contato de mais alto nível entre os EUA e o Irã desde 1979. Em abril de 2000, Albright reconhece o papel dos Estados Unidos na derrubada de Mossadeq e chama a política anterior em relação ao Irã de “lamentavelmente míope”, embora os Estados Unidos não se desculpem explicitamente pela intervenção. Algumas sanções contra o Irã são suspensas.
2001 – Acordo de Bonn
Após os ataques terroristas de 11 de setembro, o governo do presidente George W. Bush estabelece um canal secreto com o Irã para ajudar a coordenar a derrota do Talibã, um inimigo compartilhado que forneceu refúgio seguro aos membros da Al-Qaeda no Afeganistão. Após a invasão do Afeganistão pelos EUA em 2001, os Estados Unidos e o Irã colaboram no Acordo de Bonn sobre a construção do Estado e a repatriação de refugiados afegãos.
2002 – “Eixo do Mal”
Durante seu discurso sobre o Estado da União de 2002, o presidente George W. Bush descreve o Irã como parte de um “eixo do mal”, junto com o Iraque e a Coréia do Norte. Ele diz que o Irã “persegue agressivamente [armas de destruição em massa] e exporta terror, enquanto alguns poucos não eleitos reprimem a esperança de liberdade do povo iraniano”. Em resposta, o governo iraniano interrompe reuniões secretas com diplomatas dos EUA que estão focados em capturar agentes da Al-Qaeda e combater o Talebã.
2003 – Começa a Guerra do Iraque
As forças dos EUA invadem o Iraque, com o objetivo de acabar com a ameaça representada pelo que Washington diz serem os programas de armas de destruição em massa revividos de Saddam Hussein. O Irã apoia milícias xiitas locais no Iraque, algumas das quais participam de ataques contra as forças dos EUA. A ditadura de Saddam é derrubada e ele é executado em dezembro. Um estudo do Exército dos EUA de 2019 sobre a Guerra do Iraque conclui que “um Irã encorajado e expansionista parece ser o único vencedor” no conflito.
2006 – Carta de Ahmadinejad a Bush
O presidente iraniano Mahmoud Ahmadinejad envia ao presidente George W. Bush uma carta de dezoito páginas – a primeira carta de um líder iraniano a um dos EUA desde 1979. Ahmadinejad busca aliviar as tensões nucleares entre os EUA e o Irã, mas o país não toma medidas para desacelerar seu programa de enriquecimento de urânio, que diz ser para a produção de energia civil. Separadamente, o Congresso dos EUA aprova a Lei de Apoio à Liberdade do Irã em setembro para financiar a sociedade civil iraniana e promover a democracia.
2007 – Tensão na ONU
Durante um discurso na sessão de abertura da Assembleia Geral da ONU, Ahmadinejad chamou a disputa sobre o programa nuclear do Irã de “encerrada” e disse que seu governo desconsiderará as resoluções do Conselho de Segurança que pedem ao país que interrompa o enriquecimento de urânio. Em uma coletiva de imprensa depois, ele chama o governo israelense de “regime sionista ilegal”. Uma estimativa de inteligência nacional dos EUA divulgada em novembro conclui que o Irã encerrou seu programa de armas nucleares em 2003, mas continuou a enriquecer urânio.
2013 – Acordo nuclear provisório
O presidente Barack Obama telefonou para o recém-eleito presidente iraniano Hassan Rouhani em setembro para discutir o programa nuclear do Irã, o contato mais direto desde 1979. Dois meses depois, o Irã e o P5+1 – os cinco membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU mais a Alemanha – assinam um acordo nuclear inicial, proporcionando ao Irã algum alívio nas sanções. Obama elogia o acordo por cortar os “caminhos mais prováveis para uma bomba” do Irã, enquanto Rouhani o saúda como uma “vitória política” para o Irã.
2015 – Plano de Ação Conjunto Global
O Irã, o P5+1 e a União Europeia chegam a um acordo sobre o programa nuclear do Irã que é chamado de Plano de Ação Conjunto Global. Em troca do alívio das sanções, o Irã concorda em realizar uma série de medidas, incluindo o desmantelamento e redesenho de seu reator nuclear em Arak, permitindo mecanismos de verificação mais intrusivos e limitando o enriquecimento de urânio por pelo menos quinze anos. O acordo visa aumentar o “tempo de fuga” do Irã para desenvolver material físsil suficiente para uma arma nuclear de algumas semanas para pelo menos um ano. Muitos legisladores republicanos e alguns democratas se opõem ao acordo, argumentando que o levantamento das sanções reforçará o governo iraniano e permitirá que ele desestabilize a região.
2018- Trump sai do JCPOA
O presidente Donald Trump anuncia que os Estados Unidos se retirarão do JCPOA e montarão uma campanha de sanções para colocar “pressão máxima” sobre o Irã. Muitos especialistas em controle de armas e aliados europeus condenam a medida, enquanto muitos legisladores republicanos, Israel e Arábia Saudita a aplaudem. O Irã responde aumentando o enriquecimento de urânio, desafiando os termos do acordo. A retirada marca o início da escalada retórica e militar com o Irã sob o governo Trump.
2019 – Guarda Revolucionária é “grupo terrorista”
Trump designa o Corpo da Guarda Revolucionária Islâmica (IRGC) – um ramo do exército iraniano – uma organização terrorista estrangeira (FTO, na sigla em inglês). É a primeira vez que os Estados Unidos designam parte do governo de outro país como FTO. Uma semana antes, o primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu escreve em rede social que solicitou pessoalmente a mudança. Rouhani diz que a ação só aumentará a popularidade do IRGC em casa e no exterior.
Maio de 2019 – Outubro de 2019 – Ataques no Estreito de Ormuz
Em 13 de junho, dois petroleiros são atacados perto do Estreito de Ormuz, cerca de um mês depois que quatro navios comerciais são danificados na mesma área. Os Estados Unidos culpam o Irã pelos ataques, com Trump chamando o país de “uma nação de terror”. Os Estados Unidos anunciam o envio de mil soldados adicionais para o Oriente Médio em resposta, e o IRGC derruba um drone de vigilância dos EUA dois dias depois. Os Estados Unidos novamente culpam o Irã por ataques a petroleiros na região nos meses seguintes e tentam apreender um navio iraniano que navega perto do território britânico de Gibraltar.
14 de setembro de 2019 – Ataques a campos de petróleo sauditas
Drones atacam instalações petrolíferas da Saudi Aramco, controlada pelo Estado, no leste da Arábia Saudita, atingindo o segundo maior campo de petróleo do país e um centro crítico de estabilização de petróleo bruto. O ataque interrompe metade da produção de petróleo do país e causa um salto sem precedentes nos preços do petróleo Brent. Trump aprova o envio de tropas dos EUA para reforçar as defesas aéreas e antimísseis sauditas a pedido do reino. Os rebeldes houthis do Iêmen, apoiados pelo Irã, reivindicam a responsabilidade pelo ataque, citando a intervenção saudita na guerra civil do Iêmen, mas os Estados Unidos e a Arábia Saudita culpam o Irã.
31 de dezembro de 2019 – Protestos na Embaixada dos EUA em Bagdá
Manifestantes iraquianos e milícias apoiadas pelo Irã tentam tomar a embaixada dos EUA em Bagdá em retaliação a um ataque aéreo que matou membros da milícia. Os manifestantes gritam “morte à América” e exigem que os Estados Unidos retirem suas tropas do Iraque. Em resposta, o presidente Trump escreve no antigo Twitter que o Irã pagará “um preço muito alto” por quaisquer vidas perdidas ou danos incorridos nas instalações dos EUA.
3 de janeiro de 2020 – Assassinato de Qasem Soleimani
Os Estados Unidos matam Qasem Soleimani, comandante da Força Quds de elite do IRGC, com um ataque de drone em Bagdá. Soleimani foi considerado por alguns especialistas como a segunda pessoa mais poderosa do Irã depois do líder supremo Ali Khamenei. O líder da milícia iraquiana Abu Mahdi al-Muhandis também foi morto, junto com outros sete cidadãos iranianos e iraquianos. O Irã promete vingança e anuncia que não se comprometerá mais com as restrições do acordo nuclear. Logo depois, o Irã derruba por engano um avião de passageiros ucraniano, pois as forças iranianas estão em alerta máximo para possíveis ataques dos EUA. Mais tarde, ataca várias bases dos EUA no Iraque, ferindo dezenas de funcionários americanos e iraquianos.
22 de abril de 2020 – Irã intensifica manobras militares
O Irã lança seu primeiro satélite militar, provocando preocupações dos EUA sobre as capacidades de mísseis de longo alcance do Irã. Dias depois, o secretário de Estado dos EUA, Mike Pompeo, disse que os Estados Unidos ainda fazem parte do JCPOA e buscarão retirar as sanções multilaterais contra o Irã por meio de uma resolução do Conselho de Segurança. Os oponentes da medida, incluindo a Rússia, signatária do JCPOA, argumentam que os Estados Unidos abandonaram os termos do acordo quando o governo Trump reimpôs sanções ao Irã. Barcos iranianos ameaçam navios da Marinha dos EUA no Golfo Pérsico, mas os Estados Unidos não respondem militarmente.
Maio de 2020 – Petróleo para a Venezuela
Em meio à escassez na Venezuela, petroleiros iranianos chegam para entregar petróleo, apesar das sanções dos EUA a ambos os países. Em junho, a Casa Branca sanciona cinco capitães de navios iranianos envolvidos na entrega para desencorajar o comércio entre o Irã e a Venezuela.
Outubro de 2020 – ONU falha em em estender o embargo de armas
O governo Trump busca estender um embargo de armas da ONU de uma década ao Irã, que deve expirar em outubro sob o JCPOA. O governo afirma que o Irã está violando o acordo e não pode ser autorizado a reabastecer seu estoque de armas. No Conselho de Segurança da ONU, uma resolução apoiada pelos EUA para estender o embargo falha, destacando a falta de apoio internacional à política de Washington para o Irã e a diminuição da influência dos Estados Unidos. Os Estados Unidos também falham em sua tentativa de reimpor sanções internacionais ao Irã usando o mecanismo de “snapback” do JCPOA, levando-o a sancionar unilateralmente entidades anteriormente visadas pelas Nações Unidas e dizer que continuará a cumprir o embargo da ONU agora expirado.
Outubro a Dezembro de 2020 – Último aumento das sanções de Trump
Trump intensifica sua campanha de pressão máxima contra o Irã com uma enxurrada de novas sanções contra entidades dos setores petrolífero e financeiro e uma importante instituição de caridade, entre outros, bem como altos funcionários. Washington cita como razões para as novas medidas a suposta interferência do governo iraniano nas eleições presidenciais de 2020, sua suspeita de desenvolvimento de armas químicas e abusos de direitos humanos cometidos durante uma repressão aos manifestantes em novembro de 2019.
Novembro a Dezembro de 2020 – Irã aumenta enriquecimento de urânio
Após o assassinato de Mohsen Fakhrizadeh, um importante cientista nuclear, o parlamento do Irã aprova um projeto de lei para aumentar o enriquecimento de urânio para 20% – muito além das concentrações permitidas pelo JCPOA. Também promete expulsar os inspetores da Agência Internacional de Energia Atômica se as sanções aos setores bancário e petrolífero não forem suspensas dentro de dois meses. O projeto de lei é aprovado com a aprovação do líder supremo Khamenei, apesar da oposição do presidente Rouhani. O Irã culpa Israel pelo assassinato de Fakhrizadeh, e os linhas-duras insistem que os Estados Unidos também estavam envolvidos. Khamenei sinaliza que As relações EUA-Irã ainda serão tensas sob o presidente eleito Joe Biden.
Abril de 2021 – Negociações para reviver o JCPOA
Os signatários do JCPOA mantêm negociações em Viena com o objetivo de trazer os Estados Unidos e o Irã de volta ao cumprimento do acordo. Autoridades americanas e iranianas participam das chamadas reuniões de proximidade para trocar ideias sobre o sequenciamento de um retorno ao acordo. Cada lado insiste que o outro deve ser o primeiro a retomar suas obrigações e tenta minimizar as expectativas de progresso imediato. As negociações persistem mesmo depois que uma explosão na instalação nuclear iraniana de Natanz – que atribui a Israel – leva o Irã a enriquecer urânio a um novo pico de pureza de 60%.
Junho a Novembro de 2021 – Negociações nucleares param após eleição de Raisi
Em junho, a eleição presidencial do Irã é vencida pelo clérigo conservador Ebrahim Raisi, um chefe do Judiciário alvo de sanções dos EUA devido ao seu envolvimento em um painel de 1988 que condenou milhares de dissidentes à morte, bem como seu papel na repressão aos protestos do Movimento Verde de 2009 no Irã. As negociações para reviver o JCPOA ficam paralisadas por meses enquanto Raisi completa sua transição para o poder. As negociações são retomadas em novembro, com os novos negociadores do Irã adotando uma postura mais dura em comparação com seus antecessores. Enquanto isso, há sinais de que as capacidades de enriquecimento de urânio do país estão avançando.
Março de 2022 -EUA e aliados do Oriente Médio buscam dissuadir Irã
Os Estados Unidos, Bahrein, Egito, Israel, Marrocos e Emirados Árabes Unidos (EAU) estabelecem o Fórum do Negev, uma estrutura de cooperação regional que visa dissuadir o Irã, entre outros objetivos não relacionados à defesa. No mesmo mês, os Estados Unidos reúnem secretamente oficiais militares do Bahrein, Egito, Israel, Jordânia, Catar, Arábia Saudita e Emirados Árabes Unidos para uma reunião focada em abordar as capacidades de drones e mísseis do Irã.
Março a Julho de 2022 – Biden adverte o Irã; negociações esfriam
As negociações sobre a retomada do acordo nuclear são interrompidas durante a invasão da Ucrânia pela Rússia e, quando retomadas em junho, produzem pouco progresso. Autoridades dos EUA alertam que o tempo para salvar o acordo está se esgotando, já que o Irã acumula urânio enriquecido suficiente para abastecer uma bomba nuclear, embora a criação de uma arma funcional possa levar meses ou anos. Durante sua primeira visita a Israel como presidente, Biden compromete os Estados Unidos a usar “todos os elementos de seu poder nacional” para impedir que o Irã adquira uma arma nuclear.
Setembro a Outubro de 2022 – EUA apoiam manifestantes do Irã
Uma onda de protestos liderados por mulheres agita o Irã, com muitos manifestantes denunciando o líder supremo Khamenei e pedindo o fim da República Islâmica. As forças de segurança tentam reprimir as manifestações, restringindo o serviço de internet e celular e prendendo cerca de 12.500 pessoas. Eles matam mais de duzentos manifestantes. O governo Biden sanciona entidades envolvidas na repressão e isenta as empresas de tecnologia de outras sanções para ajudar os iranianos a acessar a internet. Enquanto isso, a Casa Branca sinaliza que as negociações nucleares estão paralisadas indefinidamente devido aos protestos e ao aparente apoio do Irã à invasão russa da Ucrânia.
8 de Setembro de 2023 – Acordo de troca de prisioneiros
Washington emite uma isenção de sanções que libera US $ 6 bilhões em fundos iranianos congelados na Coreia do Sul em troca da libertação de cinco cidadãos iranianos-americanos detidos no Irã. Os legisladores republicanos criticam o acordo – supostamente mediado por governos como Iraque, Omã, Catar, Suíça e Reino Unido – como um resgate pago a um governo hostil. Autoridades dos EUA dizem que os fundos oferecem benefícios limitados ao Irã, que só pode acessar o capital indiretamente e usá-lo para comprar bens humanitários. Dias depois, Biden também concede clemência a cinco iranianos presos nos Estados Unidos, embora apenas dois planejem retornar ao Irã.
Outubro de 2023 -Ataque do Hamas a Israel
O grupo militante palestino Hamas, apoiado pelo Irã, lança um ataque surpresa contra Israel no início de outubro que mata mais de 1.300 israelenses, o ataque mais mortal do país contra civis. O grupo também captura dezenas de outros israelenses como reféns. Após o ataque, os Estados Unidos e o Catar cooperam para impedir que o Irã acesse os US$ 6 bilhões em assistência humanitária liberados em setembro. Autoridades de inteligência dos EUA e regionais não encontraram evidências imediatas do envolvimento direto do Irã na ofensiva do Hamas, mas especialistas dizem que o país forneceu armas e treinamento ao grupo nos meses anteriores.
2024 – Irã se envolve em escalada do conflito
O Irã e seus representantes – o Hezbollah no Líbano e os houthis no Iêmen – expandem sua campanha contra Israel durante grande parte de 2024, alinhando-se com o Hamas. A escalada leva aos primeiros ataques iranianos diretos a Israel, primeiro em abril, depois que Israel atacou postos iranianos na Síria, e depois com uma barragem de mísseis e drones em outubro, que se seguiu ao assassinato de líderes do Hamas e do Hezbollah. Em retaliação, Israel realiza seu maior ataque direto contra o Irã, visando suas defesas aéreas e instalações de produção de mísseis. Os Estados Unidos apoiam Israel com apoio militar e de inteligência contra o Irã.
Abril de 2025 – EUA e Irã retomam negociações nucleares após sete anos
O segundo governo Donald Trump começa com um aviso ao Irã de que seu apoio aos houthis deve terminar “imediatamente”, bem como um sinal de interesse em negociações sobre seu programa nuclear. Semanas depois, o enviado de Trump para o Oriente Médio, Steve Witkoff, e o ministro das Relações Exteriores do Irã, Abbas Araghchi, mantêm conversas cara a cara sobre o programa nuclear do Irã. Os detalhes não foram totalmente divulgados, mas ambos os lados confirmam o progresso, e o Irã indica que discutirá uma nova estrutura para um acordo nuclear. As mensagens dos EUA são mistas, com Witkoff sugerindo publicamente um limite para o enriquecimento e a cessação total da construção nuclear. O Irã afirma que tem direito ao enriquecimento nuclear e que seu programa é pacífico. Teerã limitando seu programa nuclear em troca de Washington suspender suas sanções de longa data continua sendo o objetivo final.
Junho de 2025
Os Estados Unidos atacaram três instalações nucleares no Irã, em Fordow, Natanz e Esfahan. A operação foi bem-sucedida, de acordo com o presidente Donald Trump, em post na Truth Social. Os ataques marcam a entrada dos EUA Unidos na guerra entre Irã e Israel, que já durava nove dias. “Os ataques futuros serão muito maiores se eles não fizerem a paz”, declarou Trump em pronunciamento à nação feito diretamente da Casa Branca.
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Fonte: InfoMoney