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Genoa vê a gigante de tecnologia Microsoft imune à volatidade nos Estados Unidos

Genoa vê a gigante de tecnologia Microsoft imune à volatidade nos Estados Unidos

A Genoa Capital está ajustando suas posições para um mundo mais volátil. Diante da abertura da curva de juros longos nos Estados Unidos e dos crescentes sinais de desaceleração econômica por lá, a gestora tem intensificado estratégias defensivas no exterior — com a Microsoft como principal expoente — e, ao mesmo tempo, reforçado a aposta na Bolsa brasileira, impulsionada pela volta do capital estrangeiro e por valuations considerados atrativos.

Em entrevista ao programa Stock Pickers, os sócios José Luiz Torres e João Vitor Julião revelaram como têm navegado esse cenário. A principal leitura é que a recessão americana, se confirmada, pode penalizar ativos cíclicos, especialmente as small caps, ao passo que empresas de tecnologia com modelos de negócios resilientes ganham protagonismo.

“A taxa de juros longa nos EUA subiu muito por causa do risco fiscal, e isso impacta diretamente as empresas de crescimento”, disse Torres. “O Russell 2000, índice que reúne pequenas companhias americanas, é mais sensível à economia local e tem servido como hedge relevante para nossas posições, inclusive no Brasil.”

A estratégia mostrou resultado em abril, quando o mercado passou a precificar com mais força uma recessão. “O Russell serviu como hedge eficaz contra perdas no Brasil naquele momento”, explicou o gestor.

Microsoft: a joia da coroa

Na seleção de ativos internacionais, a Genoa optou por reduzir empresas muito expostas ao PIB americano e priorizar nomes com crescimento mais previsível. É aí que entra a Microsoft. A gigante de tecnologia, segundo os gestores, é quase um “ETF do setor”, com atuação diversificada, receitas recorrentes e um posicionamento privilegiado na corrida da inteligência artificial.

“Temos uma posição relevante na Microsoft há bastante tempo”, afirmou Julião. “Mesmo quando o mercado ficou cético com o Copilot, mantivemos a convicção. Era um problema de execução, não de estratégia.” Ele destacou que o mercado exagerou no desconto das ações da empresa naquele momento, levando seus múltiplos a patamares semelhantes aos da IBM — o que abriu uma janela de oportunidade para a gestora.

Torres reforçou que o modelo de negócios da Microsoft provou sua força especialmente na pandemia: “As empresas devolveram escritórios, mas ninguém cancelou suas licenças do Office”. Além disso, o crescimento da Azure, plataforma de nuvem da empresa, voltou a acelerar — com altas de 34% a 36% no último trimestre.

O portfólio internacional da Genoa também carrega Amazon, NVIDIA e Meta. A entrada na Amazon foi motivada pela retomada da expansão da AWS, sua unidade de nuvem. “São empresas líderes em seus setores, com enorme geração de caixa. Mesmo com juros mais altos, o impacto nelas é muito menor do que em small caps, que vêm sofrendo com saídas recordes de capital este ano”, avaliou Torres.

Brasil: mais otimista

Apesar da cautela no cenário global, a Genoa tem elevado sua exposição à Bolsa brasileira. Atualmente, cerca de 60% do portfólio da gestora está alocado em ativos locais, contra apenas 25% no exterior — uma reversão significativa em relação a seis meses atrás, quando o fundo praticamente não tinha Brasil na carteira. “Nosso ponto neutro é 60%, então estamos mais otimistas agora. O cenário melhorou em termos de preço, posicionamento e política”, explicou Julião.

Os gestores afirmam que, mesmo com ruídos fiscais e as incertezas do calendário eleitoral de 2026, o ambiente ainda favorece a renda variável. “Há desafios, mas seguimos com uma visão positiva para equities no Brasil e também para mercados emergentes como um todo”, disse Torres.

A volta do investidor estrangeiro tem sido um fator de sustentação importante. Dados da Genoa mostram que, no início de 2024, o Brasil era o principal “overweight” entre os 50 a 60 maiores fundos de emergentes, com alocações de 20% a 25% acima dos benchmarks. A China, por outro lado, era o principal “underweight”, refletindo o ceticismo com questões regulatórias e geopolíticas.

Segundo Julião, os estrangeiros têm se concentrado em papéis líquidos como bancos, empresas de energia e, mais recentemente, alguns nomes do varejo. “Liquidez é cara para a gente. E se ela é difícil na ação, imagina na opção vinculada a ela. A estrutura do fundo exige esse cuidado”, afirmou.

Disciplina na rotação e proteção

Fiel a uma filosofia de baixa rotatividade, a Genoa destaca que o “core” da carteira é estável em nomes, mas flexível no tamanho das posições e nas formas de proteção adotadas. “O que a gente faz é ajustar o tamanho da posição e os hedges associados, conforme o cenário muda”, resumiu Julião.

Com os juros brasileiros próximos do pico e o Banco Central sinalizando que não deve ir muito além nos ajustes — mesmo com a possibilidade marginal de uma alta adicional de 25 pontos-base —, a confiança dos gestores na renda variável local ganhou tração. “O mais importante é que o mercado entenda que o juro não vai subir muito mais. Isso é o que abre espaço para retomada da confiança”, concluiu Torres.

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Fonte: InfoMoney

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