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Galípolo defende “parcimônia” ao analisar dados em meio à volatilidade

O presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, afirmou nesta segunda-feira (28), que é necessário consumir os dados econômicos com parcimônia diante do atual ambiente de elevada volatilidade, especialmente nas relações dos Estados Unidos com o resto do mundo. A declaração foi feita durante participação no J. Safra Macro Day, em São Paulo.

Segundo ele, o recente movimento de preços no mercado, causados pelo tarifaço de Donald Trump desde o começo do mandato este ano, foi caracterizado por forte oscilação, o que “sujou” a leitura dos indicadores e exige mais cautela na análise dos dados.

“Foi um período de bastante volatilidade para preços de mercado. Isso costuma dar uma sujada um pouquinho no processo, então é importante que a gente sempre que vai consumir [os dados], sempre seja uma exploração importante”, disse.

“Eu sei que há sempre essa expectativa também de que de alguma maneira ela se apresente como indicador antecedente, mas num ambiente de tamanha volatilidade e incerteza, onde a gente conseguiu ver dentro de um único dia variações tão grandes como a gente assistiu, a gente deve adicionar uma dose adicional de parcimônia do consumo desses dados”, continuou.

Para fazer o ajuste na taxa básica de juros, a Selic – atualmente em 14,25% ao ano –, o BC analise basicamente inflação, atividade econômica, mercado de trabalho, hiato do produto e expectativas de inflação, medidas pelo relatório Focus semanalmente.

Para Galípolo, esse diagnóstico exige paciência, especialmente porque mudanças rápidas no ambiente internacional podem afetar as expectativas.

O presidente do BC ainda pontuou que o cenário global aumenta os desafios para os países emergentes. Ele comparou China e Estados Unidos a “dois elefantes na sala”, observando que, quando esses grandes atores se movem, quem sofre são as economias menores — “a grama”, segundo um ditado africano citado por ele.

Apesar das dificuldades, ele destacou que o Brasil tem oportunidades no cenário internacional, especialmente por sua tradição diplomática de apoio ao multilateralismo.

Segundo Galípolo, o país pode contribuir para um redesenho das regras econômicas globais, buscando um “level playing field” que corrija os estímulos inadequados hoje existentes e favoreça um crescimento mais equilibrado.

Sem bala de prata

O presidente do BC também afirmou que, mesmo com juros reais próximos de dois dígitos, a economia brasileira segue apresentando níveis elevados de dinamismo, o que sugere, segundo ele, que a transmissão da política monetária no país é menos eficiente.

Isso tem exigido doses maiores de aperto monetário para produzir o efeito desejado sobre a inflação.

Entre as soluções de longo prazo, Galípolo citou a necessidade de reformas para normalizar o funcionamento do crédito, como a migração de linhas de alto custo para modalidades mais baratas e seguras, com maior uso de garantias e colaterais.

No curto prazo, porém, ele reconheceu que o país terá de conviver com juros mais elevados para assegurar a convergência da inflação.

“Isso é um ponto bastante relevante que a gente consiga e não vai ser resolvido com bala de prata como já comentei, a gente precisa iniciar com as reformas que são necessárias a serem feitas para que a gente possa normalizar isso”, disse.

“Mas é claro, é difícil a gente escapar do que está acontecendo no cenário internacional e eu acho que isso vai ainda provocar bastante movimentação”, frisou.

Este conteúdo foi originalmente publicado em Galípolo defende “parcimônia” ao analisar dados em meio à volatilidade no site CNN Brasil.

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