O financiamento global da saúde enfrenta desafios históricos à medida que os países doadores reduzem suas contribuições, disse nesta quinta-feira o diretor-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS), Tedros Adhanom Ghebreyesus.
O governo do presidente dos EUA, Donald Trump, retirou-se da OMS em janeiro, alegando que a agência da ONU havia lidado mal com a pandemia de Covid-19 e com outras crises internacionais de saúde. Os EUA têm sido, de longe, o maior financiador da OMS, contribuindo com cerca de 18% do total.
“Estamos vivendo a maior interrupção no financiamento global da saúde da história”, disse Tedros a repórteres na sede da OMS, em Genebra.
A organização revisou para baixo seu orçamento depois que a saída dos EUA exacerbou uma crise de financiamento.
Quando questionado pela Reuters se poderia haver novas revisões no orçamento, o diretor-geral afirmou que isso não estava fora de questão, pois suas equipes continuam avaliando a situação.
Diante de uma lacuna de quase US$ 600 milhões neste ano, a OMS propôs cortar o orçamento para 2026-27 em 21%, de US$ 5,3 bilhões para US$ 4,2 bilhões, e reduzir o número de funcionários, de acordo com um memorando interno visto pela Reuters em março.
“É claro que é muito doloroso”, disse o diretor, alertando que os cortes teriam um impacto significativo na saúde das pessoas ao redor do mundo.
A OMS reduzirá empregos em sua sede em Genebra, na Suíça, além de fechar alguns escritórios em países de alta renda, disse Tedros.
Um quarto dos custos salariais da OMS não será coberto pelos próximos dois anos, afirmou o diretor-geral adjunto de Operações Comerciais da OMS, Raul Thomas. Ele afirmou que ainda não é possível prever quantos funcionários serão cortados, pois isso dependerá do nível e da localização das pessoas incluídas nas medidas de redução de custos.
Tedros também disse que a OMS quer ampliar sua base de contribuições, reconhecendo que enfrenta um problema estrutural, pois depende excessivamente de aportes voluntários — que representam 80% do orçamento total da organização — vindos de poucos doadores.
À Reuters, Tedros disse que não teve contato direto com Trump, mas que está em comunicação com seu governo, fornecendo informações e respondendo a perguntas.
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