Mesmo com a taxa Selic em 15% ao ano, fundos imobiliários continuam realizando emissões robustas e atraindo investidores. O cenário, que em outros tempos seria considerado hostil à renda variável, tem revelado a resiliência desse mercado no Brasil, apontam analistas.
O tema foi debatido na edição mais recente do Liga de FIIs, programa do InfoMoney, que reuniu Arthur Moraes, professor e especialista em FIIs, e Marcos Baroni, head de fundos imobiliários da Suno Research. Ambos comentam que o setor encontrou formas de continuar crescendo mesmo com o aperto monetário, como o modelo de troca de cotas em aquisições — mecanismo utilizado por fundos como o TRXF11.
Leia Mais: FIIs poderão recomprar as próprias cotas: o que muda para o investidor?
Para Baroni, seria impensável anos atrás imaginar que um FII conseguiria captar recursos com os juros nesse patamar. No entanto, a prática da troca de cotas — quando um fundo adquire imóveis em operações estruturadas com investidores institucionais que se tornam cotistas — tem viabilizado grandes movimentações e trazido mais liquidez ao mercado.
Por sua vez, Moraes acredita que futuro dos fundos imobiliários passa pela formação de portfólios bilionários. Quanto maior o fundo, menor o impacto de uma venda pontual na liquidez e no preço das cotas.
“Esse é o caminho para a profissionalização do mercado”, defendeu. Ele também criticou o descompasso entre o glamour atribuído às ações e o volume de atividade do setor de FIIs, lembrando que “tem emissão pública de fundo imobiliário toda semana, enquanto de ações, só de quatro em quatro anos”.
De acordo com Moraes, se a proposta de tributação diferenciada for aprovada — preservando cotas antigas e tributando apenas novas —, gestoras podem acelerar movimentos de fusões e incorporações até o fim de 2025. O objetivo seria inflar os fundos o máximo possível antes da virada do regime tributário. O movimento, segundo eles, pode consolidar ainda mais os grandes FIIs e deixar o mercado mais eficiente para investidores e gestores.
Leia Mais: Reinvisto em FIIs ou aproveito o IPCA+7%; veja melhor destino para seus aportes
FIIs fazem emissões bilionárias
Os FIIs movimentaram o mercado nas últimas semanas com novas emissões de cotas que somam milhões de reais.
O BTG Pactual Logística (BTLG11) lançou sua 14ª emissão com objetivo de captar até R$ 600 milhões, podendo chegar a R$ 900 milhões com o lote adicional. Já o GGRC Fundo de Investimento Imobiliário (GGRC11) concluiu sua 9ª emissão com uma captação de R$ 341,53 milhões, superando a meta inicial de R$ 250 milhões após a gestora optar por exercer o lote adicional.
Além disso, o TRX Real Estate (TRXF11) arrecadou R$ 1,024 bilhão em sua 11ª emissão, com a colocação de 8,18 milhões de cotas. Parte dos recursos foi direcionado à aquisição de imóveis. Em movimento similar, o Capitânia Securities II (CPTS11) encerrou sua 13ª emissão com uma captação de R$ 93,67 milhões, abaixo da meta estipulada, com apenas 10,73 milhões de cotas absorvidas pelo mercado.
Confira a entrevista completa – e mais dicas – de Arthur Moraes na edição desta semana do Liga de FIIs. O programa vai ao ar todas as quartas-feiras, às 18h, no canal do InfoMoney no Youtube. Você também pode rever todas as edições passadas.
Leia Mais: Preciso entrar na nova emissão do meu FII? Especialistas explicam quando vale a pena
The post FIIs ignoram Selic a 15% e ostentam emissões bilionárias; o que explica? appeared first on InfoMoney.
Fonte: InfoMoney
