Líderes do governo no Congresso admitem que foram pegos de surpresa pela decisão do presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), de pautar o projeto que susta a proposta de taxação do IOF e não descartam uma derrota no plenário. O deputado bolsonarista Coronel Chrisóstomo (PL-RO) foi designado relator da matéria.
Até a noite de ontem, o governo imaginava contar com um prazo maior para negociar o projeto com o Congresso. Parlamentares da base cogitam algumas possibilidades para a virada do presidente da Câmara e petistas dizem não terem conversado com Hugo Motta após a inclusão do projeto na pauta.
Uma das hipóteses seria a insatisfação com a entrevista do ministro Fernando Haddad à TV Record criticando o projeto que aumenta o número de deputados, previsto para ser votado hoje no plenário do Senado. Foi logo após a entrevista, que Motta anunciou numa rede social que colocaria a sustação da proposta do IOF em votação nesta quarta (25).
Mas líderes trabalham também com divergências mais profundas, como a distribuição de emendas parlamentares. O governo tem segurado a liberação das emendas deste ano e, na próxima sexta-feira (27), o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Flávio Dino, vai realizar audiência pública para discutir a obrigatoriedade de execução de emendas parlamentares individuais e de bancada. Decisões recentes de Dino tem desagradado o Congresso.
Segundo aliados do governo, outro motivo de insatisfação viria do ex-presidente da Câmara, Arthur Lira (PP–AL). Ele contava com parte das medidas previstas na MP do corte de gastos para ampliar a faixa de isenção do projeto do imposto de renda, que ele relata.
A ideia de Lira seria isentar a faixa de renda que ganha entre R$ 50 e R$ 150 mil e para isso precisaria de compensação. Lira e Motta são aliados próximos.
Logo após o anúncio de Motta, os líderes do MDB, Isnaldo Bulhões (AL) e do PP, deputado Doutor Luizinho (RJ), também anunciaram a votação nas redes sociais, o que foi visto por petistas como um movimento coordenado. Os dois partidos, oficialmente, fazem parte da base do governo.
O líder do PL, Sóstenes Cavalcante (RJ), que vem trabalhando pela sustação do decreto do IOF disse que o presidente Hugo Motta já havia sinalizado que o governo precisava reagir. “Entendo que ele inseriu na pauta de hoje, porque o governo não reagiu.
É um governo lento, que só reage quando o leite já derramou. Querer colocar a culpa no Motta agora é irresponsabilidade e não é bom governo ir por este caminho. Não ter o presidente da Câmara como aliado é o pior dos caminhos e já vimos isso recentemente no nosso país”, afirmou.
Cavalcante aposta que o a sustação do projeto deve contar com pelo menos 310 votos, o que significaria uma dura derrota para o governo.
O líder do PT, Lindbergh Farias (RJ), admite que foi surpreendido pela decisão de Motta e que não houve uma conversa entre o presidente da Câmara e a base do governo.
O petista não acredita que é possível reverter a decisão do presidente da Câmara.
“Se ele convocou a sessão depois das 23h30 é porque quer votar. É uma temeridade pautar um tema tão importante sem parlamentares em Brasília”, afirmou. A Casa está esvaziada por conta da participação de parlamentares nos festejos juninos, principalmente, no Nordeste.
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Fonte: InfoMoney