Quando Roberto Funari deixou o seu cargo de CEO na Alpargatas (APLA4) há dois anos, já tinha uma boa ideia sobre seu próximo passo: queria aproveitar a experiência na criação e desenvolvimento de marcas em qualquer que fosse a empreitada. O alvo foi o crescente mercado de pets.
Duas grandes tendências guiaram sua decisão. A primeira é a tendência de humanização dos animais, traduzida pelos “pais” e “mães” de pets, que ganharam funções emocionais para seus tutores impulsionados até por estruturas familiares que já não contam mais necessariamente com um filho.
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E daí parte uma segunda macro-tendência. Humanos estão cada vez mais preocupados com sua saúde e bem-estar. Seria natural que isso se transferisse para os bichinhos que se tornaram parte das famílias — e não são poucos. Dados da Associação Brasileira da Indústria de Produtos para Animais de Estimação (Abinpet), apontam para 139,3 milhões de animais de estimação no Brasil.
“Isso tem trazido essa grande sofisticação, o desenvolvimento do mercado em diferentes segmentos”, diz Funari em entrevista ao InfoMoney. A Viepet, venture builder fundada por Funari, atua em três teses: longevidade animal; saúde e prevenção; produtos dedicados ao cuidado dos pets no dia a dia.
Segundo explica o fundador, a venture builder se diferencia de um venture capital — investimento de alto risco em empresas com potencial de crescimento, normalmente startups — pelo volume e proximidade às suas investidas.
“É muito pela qualidade que a gente pode aportar. A abordagem tradicional de venture capital é ter inúmeros, dezenas, centenas de investidas para ver se uma dá certo. Nós queremos três a cinco para todas darem certo”, diz. “O ciclo de investimento de uma venture builder é mais longo no sentido de que você trabalha com projetos em fases mais iniciais. Mas também não está descartando negócios médios que têm uma oportunidade grande de escalar.”
A Viepet vai atuar com abordagens “buy and build”, onde se compra uma nova empresa, e “make and build”, quando o negócio é idealizado dentro de casa.
A primeira empreitada foi pelo segundo modelo, com a marca de suplementos alimentares e vitamínicos para cães Wigow. O retorno projetado é ambicioso: com um investimento de R$ 8 milhões, chegar a R$ 1 bilhão em vendas nos próximos anos.
O valor já seria superior às vendas totais de produtos do mesmo tipo no Brasil, segundo cálculos da própria empresa. Segundo a Wigow, nos Estados Unidos o segmento já movimenta mais de R$ 9 bilhões anuais, com penetração em 40% dos lares com cães e gatos. No Brasil, essa penetração não chega a 5%, e as vendas são inferiores a R$ 1 bilhão.
“O grande desafio para o setor de pets aqui no Brasil é trazer produtos a um custo-benefício que não restrinja o consumo, adaptar à capacidade de renda, de gasto das pessoas”, afirma o executivo. O outro entrave é o do acesso às tecnologias, seja do ponto de vista de ingredientes ou produção local, já que inovações no segmento ainda entram no país majoritariamente via importações.
Embora não tenha um projeto engatilhado, a Viepet tem conversado com startups e médias empresas em busca de uma segunda investida.
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Fonte: InfoMoney