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EUA e China retomam negociações comerciais em meio a tarifas recordes e tensão global

EUA e China retomam negociações comerciais em meio a tarifas recordes e tensão global

Altas autoridades econômicas dos Estados Unidos e da China se reúnem neste sábado (10), em Genebra, para negociações decisivas que podem moldar os rumos da economia global, já fragilizada pela guerra comercial desencadeada pelo governo do ex-presidente Donald Trump.

Os encontros, que seguem até domingo, marcam o primeiro diálogo formal desde que os EUA elevaram tarifas sobre produtos chineses para 145%, medida que foi respondida por Pequim com tarifas de 125% sobre itens americanos. A retaliação mútua praticamente paralisou o comércio entre as duas maiores economias do mundo, aumentando os temores de uma recessão global.

Apesar da importância das reuniões, analistas mantêm expectativas baixas em relação a um avanço concreto. As conversas, que levaram semanas para serem agendadas, devem servir principalmente para que os dois lados alinhem interesses e estabeleçam uma base para negociações futuras.

O secretário do Tesouro dos EUA, Scott Bessent, lidera a delegação americana. Ex-gestor de fundos de hedge, Bessent já declarou que os atuais níveis tarifários são insustentáveis. Ele estará acompanhado de Jamieson Greer, representante comercial e arquiteto da política de comércio exterior no primeiro mandato de Trump. O conselheiro comercial de linha-dura, Peter Navarro, não participa da rodada.

Pelo lado chinês, as negociações são comandadas por He Lifeng, vice-primeiro-ministro responsável pela política econômica. Pequim não revelou oficialmente quem mais participa da delegação, nem confirmou se o ministro de Segurança Pública, Wang Xiaohong — que também lidera a comissão antidrogas — estará presente. Sua eventual participação poderia sinalizar a inclusão, nas conversas, da questão do tráfico de fentanil, tema sensível para Washington.

Mesmo sem grandes expectativas de resultados imediatos, o simples fato de China e EUA voltarem à mesa de negociações é visto como um passo positivo. As tarifas têm causado impacto real na economia mundial, alterando cadeias produtivas e repassando custos aos consumidores.

Investidores e economistas acompanham de perto o desenrolar das reuniões, atentos à possibilidade de que a disputa comercial desacelere o crescimento global e aumente os preços em diversos setores. Empresas que dependem de importações chinesas enfrentam incertezas quanto à duração das tarifas e já sinalizam aumentos de preços.

“Ambos os países têm fortes incentivos econômicos para reduzir as tensões comerciais, mas um alívio duradouro ainda parece distante”, afirma Eswar Prasad, ex-diretor da divisão da China no FMI, ao jornal The New York Times. Segundo ele, o início de negociações de alto nível já representa um avanço importante e pode abrir caminho para uma retórica mais moderada.

Na sexta-feira, Trump indicou disposição para reduzir as tarifas, sugerindo que uma taxa de 80% sobre importações chinesas seria mais “adequada”. Mais tarde, em tom ambíguo, afirmou: “Temos que fazer um ótimo acordo para os EUA, mas também não ficaria decepcionado se não houver acordo agora”.

Quem vai ceder?

Trump tem reiterado que só aceitará baixar tarifas se a China fizer o mesmo. A Casa Branca argumenta que Pequim subsidia injustamente setores-chave e exporta produtos a preços artificialmente baixos. Além disso, pressiona o governo chinês a combater a exportação de precursores do fentanil, droga responsável por milhões de mortes nos EUA.

Pequim, por sua vez, insiste que não cederá a pressões tarifárias e aceitou negociar apenas a pedido de Washington. Mesmo que a proposta de reduzir as tarifas para 80% avance, esse nível ainda pode ser alto o suficiente para comprometer o comércio bilateral.

Para especialistas, um possível gesto de boa vontade seria restaurar os níveis tarifários ao patamar anterior às medidas anunciadas em abril, quando os EUA impuseram uma tarifa de 34% que levou à atual escalada. “Se conseguirmos retornar àquele ponto, seria um progresso real para retomar negociações mais construtivas”, avalia Wu Xinbo, diretor do Instituto de Estudos Internacionais da Universidade Fudan.

Segundo cálculos da Capital Economics, se as tarifas americanas caíssem para 54%, a taxa média efetiva sobre importações recuaria de 23% para 15%, o que poderia alinhar as projeções de crescimento e inflação aos níveis estimados no início do ano.

Ainda não se sabe se Trump aceitaria uma redução para 54%. Na sexta-feira, ele disse que uma tarifa de 80% “parece certa”, mas sua porta-voz, Karoline Leavitt, afirmou que o número foi mencionado de forma casual e não representa uma proposta formal.

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Fonte: InfoMoney

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