Uma estrela de brilho normalmente fraco está chamando a atenção de astrônomos e observadores do céu por conta de uma explosão que a tornou visível a olho nu, especialmente no hemisfério sul.
Conhecido como “nova”, o fenômeno fez com que o corpo celeste aumentasse seu brilho de forma repentina e impressionante, parecendo ser, de fato, uma nova estrela no céu noturno.
O termo “nova” se refere a uma explosão estelar de intensidade moderada. Diferentemente de uma “supernova”, que destrói completamente a estrela, a nova permite que o objeto sobreviva ao evento e até repita o processo futuramente. Já uma supernova é muito mais poderosa e marca o colapso final da estrela, podendo dar origem a uma estrela de nêutrons ou um buraco negro.
A protagonista do espetáculo é a V462 Lupi, localizada na constelação de Lupus, o lobo. O evento foi detectado pela primeira vez no dia 12 de junho por um projeto internacional chamado ASAS-SN (sigla em inglês para algo como “Levantamento Automatizado de Supernovas no Céu Completo”), liderado pela Universidade Estadual de Ohio, nos EUA.
Nova Lup 2025 (V462 Lupi) via @TelescopeLiveHQ
(imaged on June 20, 2025. Unfiltered mag. about 5.5; animation with a POSS archive image via Tycho software )
Obs. E. Guido; M. Rocchetto; A. Valvasori#astronomy #novaLup2025 #astronomia pic.twitter.com/ve4JpvO0U8
— Ernesto Guido (@comets77) June 22, 2025
Antes da explosão, a magnitude da estrela V462 Lupi era de +22,3, o que significa que seu brilho era fraco demais para ser observado sem equipamentos especializados.
Com a explosão, o brilho da estrela aumentou de maneira surpreendente. Vale lembrar que, na escala de magnitude, quanto menor o número, mais brilhante é o objeto. Estrelas com magnitude até +6,5 podem ser vistas a olho nu em locais com pouca poluição luminosa.
Nova Lupi 2025 (= V462 Lupi) imaged at about 03:45 UTC on the 19th. Discovered a few days ago, it’s probably around maximum light now. I estimated its visual magnitude at around +5.4. Low in the sky from this latitude, but not hard to find with binoculars. pic.twitter.com/52FIaD9kRu
— Dr. John Barentine FRAS (@JohnBarentine) June 19, 2025
Como acontece uma nova
De acordo com o site Space.com, a classificação do evento como uma nova clássica foi confirmada por Yusuke Tampo, astrônomo da Universidade da Cidade do Cabo, na África do Sul.
Esse tipo de explosão acontece em sistemas binários, quando uma anã branca – uma estrela muito densa e compacta – consome material de uma estrela vizinha. Com o tempo, a matéria acumulada aquece até provocar uma reação de fusão nuclear na superfície da anã branca.

Essa reação libera uma enorme quantidade de energia, tornando a estrela temporariamente muito mais brilhante. Por isso, a nova pode ser observada mesmo por quem não usa equipamentos profissionais. Dois dias após a descoberta, membros da Associação Americana de Observadores de Estrelas Variáveis (AAVSO) relataram que a V462 Lupi, com +7,9 de magnitude, já podia ser vista com binóculos de médio porte.
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Como observar a explosão da estrela V462 Lupi
Segundo a organização Sky & Telescope, ao longo dos dias, a nova continuou aumentando de brilho, chegando a atingir +5,5 de magnitude no sábado (21) e tornando-se visível a olho nu em locais com céu escuro. No entanto, os dados mais recentes da AAVSO mostram que o brilho da estrela já começou a diminuir, sinalizando o fim gradual do espetáculo.

Antes que a V462 Lupi desapareça novamente, quem quiser observá-la deve aproveitar os próximos dias, principalmente durante a fase de lua nova. O ideal é procurar locais afastados das luzes da cidade e usar um binóculo 10×50, que oferece um bom campo de visão.
Para encontrar a nova, basta localizar a região entre as estrelas Delta Lupi e Kappa Centauri, na constelação de Lupus. Recomenda-se o uso de aplicativos de observação, como Stellarium, Star Walk ou Sky Safari.
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Fonte: Olhar Digital