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‘Life hacks’ do TikTok funcionam? Especialistas respondem

Dicas de autocuidado, que prometem melhorar o bem-estar, viralizam com frequência em redes sociais como o TikTok. Às vezes, essas dicas não têm respaldo científico. Por isso, é bom aderir com moderação. A boa notícia: especialistas comentaram sobre “life hacks” populares.

Traduzindo: “life hacks” são atalhos – geralmente, simples – para tornar tarefas do dia a dia mais fáceis, eficientes ou agradáveis. Essas dicas podem incluir estratégias aparentemente práticas para melhorar saúde mental e bem-estar, por exemplo.

De ‘coquetéis de cortisol’ a deitar no chão: especialistas analisam dicas de autocuidado populares no TikTok

Especialistas da Universidade da Califórnia em San Diego (UC San Diego) opinaram sobre a validade de alguns “hacks” de autocuidado bem populares do TikTok para melhorar saúde mental e bem-estar – desde “coquetéis de cortisol” até deitar no chão para relaxar. Vamos a eles:

‘Coquetéis de cortisol’

O cortisol é mais conhecido como o hormônio liberado pelas glândulas suprarrenais em momentos de estresse. Níveis elevados de cortisol a longo prazo podem levar a problemas de saúde, como aumento do risco de doenças cardíacas, ganho de peso, distúrbios do sono e transtornos de humor.

‘Life hacks’ do TikTok funcionam? Especialistas respondem
Em “coquetéis de cortisol”, se mistura suco de laranja, sal marinho, água de coco e suplemento de magnésio (Imagem: Jag_cz/Shutterstock)

De uns anos para cá, “coquetéis de cortisol” volta e meia viralizam em redes sociais como o TikTok. É uma mistura de suco de laranja, sal marinho, água de coco e suplemento de magnésio que supostamente reduz os níveis desse hormônio do estresse.

“Embora o ‘coquetel de cortisol’ seja promovido como solução fácil para combater o esgotamento, os dados científicos que sustentam essas alegações não são conclusivos”, afirmou a endocrinologista Jodi Nagelberg, professora assistente clínica de medicina.

“Pode até ser refrescante, mas dizer que esse coquetel resolve os efeitos do estresse crônico no corpo é, no mínimo, um exagero”, acrescenta a endocrinologista.

Ilustração de Mulher encolhida no chão em posição de sofrimento emocional
“Geralmente, não há necessidade de ‘consertar’ os níveis de cortisol, mas sim de atacar a causa subjacente do estresse crônico como forma de melhorar a saúde geral” (Imagem: Undrey/Shutterstock)

Nagelberg ressalta que os efeitos da maioria dos ingredientes dessa bebida sobre os níveis de cortisol não foram avaliados cientificamente de forma rigorosa — ou, quando foram, o efeito observado foi mínimo.

“Se alguém se sente melhor depois de tomar esse ‘antídoto’, não podemos descartar um efeito placebo”, disse ela. “Geralmente, não há necessidade de ‘consertar’ os níveis de cortisol, mas sim de atacar a causa subjacente do estresse crônico como forma de melhorar a saúde geral.”

Também é importante ressaltar que essa bebida, por ter alto teor de açúcar e não conter nutrientes reguladores de açúcar como fibras e proteínas, pode ser problemática para diabéticos. Além disso, seus altos níveis de potássio podem ser prejudiciais a pessoas com insuficiência renal ou doença renal crônica.

Brain rot

Após uma votação pública, o termo “brain rot” foi eleito como a Palavra do Ano de 2024 pela Oxford. A definição: “suposta deterioração do estado mental ou intelectual de uma pessoa, especialmente vista como resultado do consumo excessivo de conteúdo considerado trivial ou pouco desafiador (atualmente, especialmente conteúdo online)”.

Mulher exausta deitada na cama usando o celular, sem conseguir dormir
Até que ponto consumir conteúdo “bobo” e simples é uma maneira saudável de escapismo? (Imagem: DimaBerlin/Shutterstock)

O que está em questão aqui: consumir conteúdo “bobo” é uma maneira saudável de fugir do “lado ruim” da realidade?

Para começar: “Embora o termo ‘brain rot’ possa soar como piada, se desligar assistindo a conteúdos curtos e estimulantes pode alterar o desenvolvimento e funcionamento do cérebro”, explicou Ekta Patel, professora assistente de psiquiatria da UC San Diego.

“Com o tempo, isso pode dessensibilizar o sistema de recompensa natural do cérebro, fazendo com que atividades cotidianas como trabalho, estudo, leitura ou conversas pareçam entediantes em comparação”, explica a professora.

Mulher deitada usando celular
Comportamentos associados ao “brain rot” podem ajudar na saúde mental, mas escapismo deve ser usado com muita cautela. (Imagem: Tirachard Kumtanom/Shutterstock)

Por um lado, Patel acredita que comportamentos associados ao “brain rot” podem ajudar na saúde mental. Mas o escapismo deve ser usado com muita cautela.

“Consumir conteúdo leve e positivo para relaxar ou se desconectar não é algo ruim por si só; na verdade, pode ser uma forma de autorregulação com baixo risco, se feito com moderação”, disse.

“Quando isso se torna a principal forma de lidar com o desconforto, pode se transformar em evasão emocional ou dissociação. A chave é a intenção. Estamos usando para recarregar gentilmente ou para nos desligar completamente do mundo interior? Essa pergunta ajuda a definir se é uma ferramenta de enfrentamento ou uma barreira à cura.”

Você entende melhor o que é “brain rot” e ainda aprende alguns caminhos para evitar que isso se torne um problema nesta edição do Olhar Digital News.

Sleepmaxxing

Vídeos sobre “sleepmaxxing” descrevem técnicas e produtos para melhorar o sono. Isso vai desde usar cobertores com peso até colar fita adesiva na boca para forçar a respiração pelo nariz.

Para começar: “Especialistas concordam que a duração ideal de sono é entre sete e nove horas por noite”, disse Michael McCarthy, professor de psiquiatria com foco em ritmos circadianos.

“Dormir pouco está associado a problemas de saúde, mas dormir mais de nove horas também está relacionado a resultados negativos, como maior mortalidade.”

O que são alucinações hipnagógicas?
Algumas dicas para melhorar o sono têm mérito, outras são balela (Imagem: Yuganov Konstantin / Shutterstock)

McCarthy concorda que algumas técnicas do sleepmaxxing têm mérito – por exemplo: manter o quarto escuro e fresco, gerenciar o estresse e usar ruído branco. Mas outras, como a técnica de colar a boca, “não foram bem estudadas e podem trazer efeitos colaterais inesperados”.

Ele ainda enfatiza que a preocupação excessiva com ter o “sono perfeito” pode ser prejudicial. “A ansiedade de qualquer tipo, inclusive a obsessão com o sono, pode causar distúrbios no sono”, alertou.

“Manter uma rotina regular de sono e vigília ajuda o corpo a reconhecer a hora de dormir. Passar tempo ao ar livre, especialmente pela manhã, é essencial para manter ritmos circadianos saudáveis.”

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Manifestação de desejos (‘manifesting’)

Manifestar é a ideia de que, ao acreditar fortemente em algo — autoconfiança, um relacionamento, dinheiro, casa nova, o emprego dos sonhos, saúde melhor — conseguimos fazer com que se torne realidade.

O conceito não é novo, mas ganhou popularidade nas redes sociais. Pode parecer pseudociência, mas com nomes como Oprah Winfrey por trás, não é difícil entender por que viralizou. E o que dizem especialistas?

Mulher manifesting
“Manifesting” não é um conceito novo, mas ganhou popularidade nas redes sociais (Imagem: Natalie Sierra/Unsplash)

“Onde sua mente vai, sua energia flui”, disse E. Nathaniel Chapman, professor do Departamento de Psicologia da UC San Diego. “O otimismo é a base, mas é preciso agir para alcançar resultados duradouros.”

Para Chapman, decidir o que se quer na vida é apenas o primeiro passo. “O sentimento de que se merece algo sem esforço pode ser prejudicial”, alertou.

“Se você tem um objetivo claro e mantém o foco, seu cérebro começa a criar planos — mas você precisa colocá-los em prática. Aí, vêm os desafios. Nem todo plano vai funcionar, mas se você continuar ajustando e tentando, eventualmente alcançará seus objetivos.”

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Fonte: Olhar Digital

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