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Entenda a estratégia de negociação de Trump com a China

Poucas horas após a equipe de negociação comercial dos Estados Unidos embarcar rumo à Suíça para uma das reuniões econômicas mais importantes do mundo, o presidente Donald Trump lançou uma surpresa nas redes sociais: a possibilidade de reduzir tarifas sobre produtos chineses de 145% para 80%.

A medida pegou os chineses de surpresa, mas não seus principais assessores. Segundo fontes ouvidas pela CNN, a proposta vinha sendo discutida internamente como parte das conversas preparatórias para a retomada do diálogo com autoridades chinesas em Genebra.

A postagem, no entanto, foi uma tática: uma tentativa de Trump de mexer com o tabuleiro diplomático antes mesmo de as negociações começarem.

Na publicação, o presidente indicou que o secretário do Tesouro, Scott Bessent, tomaria a decisão final sobre as tarifas — um gesto interpretado como uma estratégia para elevar o perfil de Bessent perante os chineses.

Na prática, autoridades norte-americanas reconhecem que qualquer acordo significativo só será firmado por Trump e o presidente da China, Xi Jinping.

Bessent e o representante de Comércio dos EUA, Jamieson Greer, desembarcaram em Genebra para dois dias de reuniões com altos representantes do governo chinês. O objetivo é modesto, mas relevante: abrir caminho para a retomada de uma relação econômica mais estável entre as duas maiores economias do mundo.

Abordagem de Trump

Na Casa Branca, as tratativas com a China são tratadas em uma via separada das negociações em curso com dezenas de outros países.

Trump decidiu suspender por 90 dias a imposição de novas tarifas “recíprocas”, com foco em países da região do Indo-Pacífico, como Japão e Coreia do Sul — parte de uma estratégia de pressão indireta sobre Pequim.

No caso chinês, a abordagem está centrada em passos mútuos de distensão, seguidos por demandas específicas. Entre os temas prioritários estão o combate à produção de fentanil e a reativação do acordo comercial da “Fase Um”, firmado ainda no primeiro mandato de Trump.

“A pergunta é: podemos chegar a um lugar estável? Talvez isso sirva de base para algo maior”, disse Greer em entrevista à CNBC.

Entre os principais sinais de que o encontro em Genebra é sério está o nível dos participantes. A delegação chinesa é liderada por He Lifeng, um dos principais conselheiros econômicos de Xi, e deve contar também com Wang Xiaohong, assessor de segurança do presidente. Do lado norte-americano, Greer e Bessent representam a nova linha de frente da política econômica de Trump.

Segundo Kevin Hassett, diretor do Conselho Econômico Nacional, houve “sinais promissores” por parte da China nos dias anteriores às reuniões. Ele descreveu o clima como “respeitoso, colegiado e com esboços de avanços positivos”.

Essa retomada da diplomacia marca uma mudança significativa em relação aos primeiros meses do novo mandato de Trump, período em que autoridades chinesas relataram frustração diante da falta de interlocução com os EUA.

Fontes diplomáticas europeias ouvidas pela CNN afirmam que Pequim entendeu o recado: Trump pretende reconfigurar a relação bilateral com base na força econômica.

Galinha dos ovos de ouro de Trump

A resposta da China às medidas norte-americanas não surpreendeu a Casa Branca, mas aprofundou a tensão entre os países e elevou o risco para a economia global. Mesmo assim, autoridades dos EUA mantêm a avaliação de que a economia chinesa não suportaria uma guerra comercial prolongada.

Relatos internos apontam que os primeiros contatos para as reuniões em Genebra partiram de assessores de Xi, com foco em responder às pressões de Trump sobre o fentanil — droga responsável por uma crise de saúde pública nos Estados Unidos.

Para aliados próximos, o desejo de Trump por um acordo amplo com a China é comparável à sua obsessão por um Nobel da Paz.

“Esse acordo é a galinha de ovos de ouro dele”, disse à CNN um ex-integrante da Casa Branca. “Seria o equivalente econômico ao prêmio Nobel.”

Este conteúdo foi originalmente publicado em Entenda a estratégia de negociação de Trump com a China no site CNN Brasil.

Fonte: CNN Brasil

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