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Empresários e banqueiros pedem freio nos gastos e alertam para dívida crescente

Empresários e banqueiros pedem freio nos gastos e alertam para dívida crescente

O desequilíbrio fiscal do país foi o centro dos alertas feitos por banqueiros e empresários neste sábado, durante o evento do Grupo Esfera, no Guarujá, litoral de São Paulo. Eles cobraram que seja feito um ajuste nas contas públicas, mas disseram ver o momento como uma oportunidade para se chegar a um consenso sobre reformas estruturantes.

Neste domingo, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e os líderes das duas casas no Congresso, Hugo Motta e Davi Alcolumbre, se reúnem para debater propostas alternativas para o aumento do IOF. O imposto foi elevado pelo governo porque as estimativas de receita para o ano estavam abaixo do previsto. Na mesa, estão revisão de incentivos fiscais e desvinculação dos pisos constitucionais para saúde e educação, entre outras medidas.

Para André Esteves, do BTG Pactual, há uma mudança de mentalidade em curso. Ele elogiou o discurso do presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta, no evento, e citou preocupação também de governadores com o tema fiscal.

— Pessoas diferentes, de posições políticas diferentes e partidos diferentes. A sociedade está ganhando consciência de que a gente não tem mais espaço para expansão dos gastos.

Questionado sobre o tempo necessário para que as reformas avancem, ele repetiu a percepção do presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, de que há um clima de consenso:

— É uma ilusão de ótica achar que a gente vai fazer uma lista de 37 medidas e que isso vai ser aprovado no Congresso na quarta, com sanção do presidente na sexta. Não vai acontecer assim. Mas o consenso chegou, na minha opinião.

Milton Maluhy Filho, CEO do Itaú disse que o país precisa de “coragem” para enfrentar reformas estruturantes, como o destravamento do Orçamento, e alertou para o risco de a dívida pública seguir crescendo acima do PIB se nada for feito. O cálculo do banco é que o endividamento do país cresça em ritmo de 3% ao ano:

— Eu concordo que essa tem que ser a nossa agenda. A nossa visão é de que houve diálogo.

Questão fiscal ‘inadiável’

O presidente da Febraban, Isaac Sidney, afirmou que, apesar dos dados correntes da economia indicarem um quadro positivo — como crescimento e desemprego baixo —, a questão fiscal é inadiável para o longo prazo.

— Se não por bem, será que ser por mal. Essa é uma conta absolutamente insustentável de carregar — afirmou Sidney, que acrescentou que há necessidade de engajamento do setor privado. — Nós estamos com gastos tributárias elevadíssimos. A sociedade precisa dar sua contribuição do ponto de vista do empresariado também. Não é uma discussão para ficar só no colo do governo.

Wesley Batista, controlador e conselheiro da J&F, disse que o ajuste fiscal via receita “chegou ao limite”, mas que tem uma visão mais positiva sobre o cenário econômico e fiscal. Ele disse que é responsabilidade de todos os setores se engajarem com o ajuste.

— A renúncia ficou gigantesca. Nós temos que ser realistas. Teve muita coisa que não trouxe o benefício esperado — afirmou o empresário, que também sugeriu que o governo deveria rever gastos sociais. — Tem muito lugar que a gente quer expandir a produção e não tem gente (para empregar). O Brasil precisa apoiar programas sociais. Mas faz sentido revê-los, rever o tamanho, fazer as transições.

Quanto aos juros no Brasil, Esteves e Maluhy relacionaram o patamar elevado da Selic com o fiscal. O CEO do Itaú disse que os juros elevados não interessam ao sistema financeiro, mas classificou o cenário como “um mal necessário”.

— Achar que juros altos são bons para o mercado financeiro é uma falácia. Mas o juros nos patamares atuais são um mal necessário porque a inflação é o pior imposto.

Ele ressaltou que a inflação segue pressionada, e que o cenário para este ano deve ser de um IPCA acima da meta, o que justifica a manutenção de uma política monetária mais restritiva.

Desalinhamento entre o fiscal e política do BC

Esteves usou uma metáfora para descrever o desalinhamento entre política monetária e política fiscal:

— Estamos dirigindo um carro com um pé no acelerador e outro no freio. O freio é a política monetária, o acelerador é a política fiscal. Obviamente nenhum carro funciona direito assim.

Ele concordou, no entanto, que os juros não são uma escolha arbitrária do Banco Central, mas uma resposta que seria necessária no quadro atual. E citou a expectativa de que o Copom leve a Selic a 15% na próxima reunião.

— O BC não é malvado, ele apenas segue parâmetros claros — acrescentou.

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Fonte: InfoMoney

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