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Em defesa da AfD, EUA criticam a Alemanha por classificar o partido como extremista de direita

Autoridades dos EUA acusaram na sexta-feira o governo da Alemanha de tentar cercear a oposição, após o serviço de inteligência germânico classificar o partido Alternativa para Alemanha (AfD) como sendo de matiz extremista de direita.

“A AfD é o partido mais popular na Alemanha e, de longe, o mais representativo da Alemanha do Leste. Agora, os burocratas querem destruí-la”, publicou na rede social X o vice-presidente J.D. Vance.

O secretário de Estado, Marco Rubio, por sua vez, também manifestou o seu descontentamento, exortando as autoridades alemãs a recuarem da decisão.

“A Alemanha acaba de dar a sua agência de espionagem novos poderes para monitorar a oposição. Isso não é democracia: é tirania disfarçada. Recuem!”, escreveu o secretário de Estado dos EUA na rede social X.

Incomodado com as manifestações, o Ministério dos Negócios Estrangeiros alemão reagiu imediatamente. “Isso é democracia. A nossa história ensinou-nos que o extremismo de direita deve acabar”, reagiu em uma clara referência ao passado nazista.

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“Nós, no Ocidente, deitamos abaixo o Muro de Berlim juntos. E foi reconstruído, não pelos soviéticos ou pelos russos, mas pelo establishment alemão”, acrescentou o Ministério dos Negócios Estrangeiros da Alemanha.

A referência foi sobre a barreira construída em 1961 pelos germânicos do leste, com o objetivo de separar a cidade de Berlim em dois lados: capitalistas e comunistas, durante a Guerra Fria.

Bate boca

Não contente com a resposta das autoridades alemãs, Rubio postou uma réplica ainda mais dura do que a anterior.

“O que é realmente extremista não é a popular AfD, que ficou em segundo lugar nas eleições recentes, mas as políticas mortais de imigração de fronteiras abertas do establishment, às quais a AfD se opõe”, disse.

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Em uma tréplica, o Gabinete para a Proteção da Constituição da Alemanha fez questão de pontuar o tipo de ideário que a AfD defende. “A ideologia da organização, que desvaloriza grupos populacionais inteiros na Alemanha e viola a sua dignidade humana, não é compatível com a ordem democrática fundamental”, pontuou.

Reincidente

Essa não é a primeira vez que a administração Trump interfere na política alemã, para grande desgosto de Berlim.

Em fevereiro, J.D. Vance surpreendeu os alemães e os europeus com um discurso em Munique, no qual afirmou que a liberdade de expressão está regredindo na Europa, particularmente na Alemanha, ao denunciar um cordão sanitário imposto por parte da classe política germânica à AfD.

Crescimento do extremismo

Nas eleições legislativas de 23 de fevereiro, a AfD – fundada em 2013 – registou um avanço histórico, duplicando o seu resultado eleitoral anterior, conseguindo mais de 20% dos votos dos eleitores alemães, com grande penetração em estados que pertenciam no passado ao território da Alemanha Oriental.

Desde então, o partido ultrapassou os Democratas Cristãos (CDU), agremiação do conservador Friedrich Merz, que deverá tomar posse como chanceler na próxima terça-feira, 5, após um acordo político com os social-democratas.

 

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