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Eleições em Portugal: país encerra campanha e direita é favorita, segundo pesquisas

A campanha eleitoral para as legislativas portuguesas terminou nesta sexta-feira, 16, a dois dias de uma votação na qual o primeiro-ministro em final de mandato, o conservador Luís Montenegro, chega como favorito, com a incerteza de se poderá formar um governo mais estável do que o que chefiou por um ano.

Sua coalizão governamental de direita moderada, a Aliança Democrática (AD), tem 34% dos votos, em comparação com 26% do Partido Socialista (PS), segundo uma pesquisa publicada nesta sexta-feira pela imprensa local.

O partido de extrema-direita Chega pode obter 19% dos votos, um resultado levemente superior ao das legislativas de março de 2024. Se assim for, consolidará sua posição como a terceira maior força política do país.

Segundo a pesquisa, realizada pela Universidade Católica Portuguesa, a Aliança Democrática pode conquistar até 95 das 230 cadeiras da Câmara, bem abaixo das 116 para uma maioria absoluta de deputados.

Montenegro pode se ver novamente liderando um governo minoritário, dividido entre os socialistas, que estiveram no poder de 2015 a 2024, e a extrema direita, com quem se recusa a governar.

O primeiro-ministro, um advogado de 52 anos, pediu aos eleitores que lhe dessem um mandato mais sólido durante um comício final no centro de Lisboa, onde seus apoiadores o carregaram nos ombros, enquanto ele fazia o “V” da vitória.

“O povo está farto de eleições, quer estabilidade”, disse a jornalistas, cercado de apoiadores com balões e bandeiras nas cores branca e laranja da AD.

As eleições antecipadas de domingo serão as terceiras realizadas em Portugal em pouco mais de três anos.

Foram convocadas em março depois que Monetegro perdeu uma moção de confiança no Parlamento, após acusações de conflitos de interesse relacionadas com sua empresa de consultoria.

Neste contexto, “manter-se no poder seria um bom resultado” para o primeiro-ministro, que assumiu “o risco calculado” de provocar novas eleições e tentar reforçar agora seu grupo parlamentar, comentou à AFP Paula Espírito Santo, cientista política do Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas da Universidade de Lisboa (ISCSP).

Jogos políticos

Pesquisas de opinião parecem descartar a hipótese de maioria absoluta para a Aliança Democrática.

Mas Montenegro pode ganhar apoio do partido Iniciativa Liberal, que tem 7% das intenções de votos e um máximo de 13 cadeiras, segundo projeções.

“O que queremos é uma maioria mais importante”, disse ele na quinta-feira, acrescentando que está pronto para governar “seja qual for a amplitude da vitória”.

Montenegro espera ter ganhado pontos em seu curto mandato, após reajustar as aposentadorias e aumentar os salários de diversas categorias de servidores públicos.

O candidato socialista Pedro Nuno Santos, economista de 48 anos, voltou a acusar o primeiro-ministro em final de mandato de ter “provocado as eleições para não se explicar” sobre a sua empresa de consultoria a uma comissão parlamentar de inquérito.

Vestindo camisa branca com as mangas arregaçadas, ele disse a jornalistas, cercado de apoiadores agitando bandeiras vermelhas e brancas no comício final de seu partido, em Lisboa, que só o PS poderia oferecer a “mudança segura” que o país precisa.

“Imigração descontrolada”

“Estou realmente farta de todos esses jogos políticos. Não fazem nada por nós. Costumo votar em partidos pequenos, mas desta vez nem vou perder tempo indo votar”, diz Maria Pereira, uma vendedora lisboeta de 53 anos.

“Essas eleições poderiam ter sido evitadas”, acrescenta Pedro Paulos, um motorista de 43 anos.

“No ano passado votei na Aliança Democrática. Agora provavelmente votarei no Chega, porque quero uma mudança real”, acrescenta este homem, que se diz “contra a imigração descontrolada”.

O governo de Montenegro, no entanto, reforçou sua política de imigração, que sob o governo dos socialistas havia sido uma das mais abertas da Europa.

O atual Executivo também foi acusado pela esquerda de tentar atrair os eleitores da extrema-direita ao anunciar a expulsão de 18 mil imigrantes irregulares durante a campanha.

Entre 2017 e 2024, o número de residentes estrangeiros em Portugal quadruplicou, chegando a 15% da população total.

O presidente do Chega, André Ventura, um ex-comentarista esportivo de 42 anos, foi forçado a abandonar a campanha na reta final, após desmaiar duas vezes na terça e quinta-feira em frente às câmaras de televisão.

Fonte: Exame

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