Pela primeira vez desde sua inauguração, o One World Trade Center, em Nova York, colocou para locação seus andares mais altos: o 89º e o 90º.
A movimentação marca um novo capítulo na recuperação do distrito financeiro da cidade, com uma aposta ousada no valor do metro quadrado. A ideia é voltar a atrair empresas do mercado financeiro, que já dominaram o sul da ilha, mas acabaram se mudando para Midtown.
A oferta é o ápice do que pode se considerar um andar ‘with a view’: os dois andares do topo do edifício de 514 metros, construído no lugar das torres gêmeas destruídas no atentado de 11 de setembro, oferecem vista panorâmica de 360 graus do ponto mais alto da cidade.
Quem ocupar os andares será dono do escritório mais alto do Ocidente.
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O preço faz jus à vista. Segundo a Bloomberg, a Durst Organization, responsável pelo arrendamento do edifício e desenvolvedora do projeto ao lado da Autoridade Portuária de Nova York e Nova Jersey, está cobrando cerca de US$ 160 por ‘pé’ quadrado — valor muito fora da curva para a região Lower Manhattan.
Segundo a Cushman & Wakefield, no primeiro trimestre, a média de aluguel para escritórios classe A em Downtown estava em US$ 59,17 por pé quadrado. Em Midtown South, área mais cara da cidade, o valor era de US$ 99,19.
A abertura desses espaços ocorre em meio à crescente demanda por escritórios de alto padrão, mesmo com a taxa de vacância ainda acima dos níveis pré-pandemia.
Nos primeiros quatro meses de 2025, a atividade de locação em Manhattan subiu 46% em relação ao mesmo período do ano anterior, com o distrito financeiro registrando seu melhor trimestre desde 2019.
O One World Trade Center tem atualmente 95% de sua área já ocupada, com inquilinos como a editora Condé Nast, a empresa de tecnologia Wunderkind e a gestora Energy Capital Partners.
Até recentemente, os andares superiores do prédio tinham uso limitado. O 89º chegou a abrigar um centro de negócios voltado à China, que nunca foi de fato ocupado, e o 90º era utilizado para equipamentos de transmissão de sinal. Com avanços tecnológicos, parte dessa infraestrutura foi desativada, liberando espaço para novos locatários, afirma a Bloomberg.
Com Midtown cada vez mais caro e saturado, a expectativa é que empresas conhecidas voltem a considerar Downtown como alternativa — e o One World Trade Center pode simbolizar esse movimento.
“Midtown está tão povoado e tão caro que alguns inquilinos estão sendo forçados a olhar de novo para Downtown”, disse Howard Fiddle, vice-chairman do CBRE Group à Bloomberg. Ele prevê que pelo menos um grande nome do setor financeiro vai voltar para o sul da ilha dentro de um ano.
“Assim que uma empresa fizer o movimento, outras também o farão.”
Fonte: Exame