No início dos anos 1970, um incêndio devastador destruiu por completo a primeira fábrica da família Scheffer, em Ponta Grossa (PR). O que poderia ter sido o fim de um sonho, se transformou em um novo começo. “Quando o engenheiro da Bosch que meu pai tinha contratado chegou lá, ainda havia chamas no galpão. A fábrica inteira tinha sido consumida pelo fogo na noite anterior”, lembra Rogério Scheffer, atual presidente do Grupo Águia.
O episódio marcou profundamente a trajetória da família, que decidiu reconstruir a indústria do zero. Hoje, décadas depois, o Grupo Águia é uma holding com operações nos setores de logística, agroflorestal e construção, e faturamento bilionário — R$ 1,2 bilhão em 2023, com projeção de R$ 1,5 bilhão para este ano. Scheffer participou do programa Do Zero ao Topo, apresentado por Mariana Amaro, para contar os bastidores dessa jornada de resiliência e reinvenção.
Origem empresarial
A origem empresarial da família remonta à venda de equipamentos de oficina, incluindo um modelo de registradora de dinheiro considerado precursor dos atuais caixas eletrônicos e sistemas de checkout. “Meu pai e meus tios vendiam esses equipamentos muito bem. Um dia, os donos da fábrica ofereceram a empresa para eles, que, no entusiasmo, acabaram comprando”, conta.
A fábrica inicialmente operava na Lapa, zona oeste de São Paulo, e depois foi transferida para o interior do Paraná. A mudança coincidia com o desenvolvimento de uma versão eletrônica do equipamento. No entanto, logo após a transferência, a tragédia aconteceu. “O galpão era antigo, feito de madeira e impregnado com óleo usado nas máquinas. O fogo destruiu tudo em minutos”, lembra Scheffer.
Para retomar a operação, a família vendeu uma propriedade rural e apostou na reconstrução da indústria — mesmo com o equipamento já ficando obsoleto. A solução foi investir em outro produto: duplicadores, também conhecidos como mimeógrafos. “Era uma tecnologia antiga, mas que ainda tinha mercado. Meu pai foi até o Rio de Janeiro apresentar o equipamento e, por sorte, vendeu toda a produção do ano numa única reunião.”
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Proposta inesperada
No caminho de volta para o aeroporto, recebeu uma proposta inesperada de um conhecido industrial gaúcho que estava diversificando seus negócios com apoio do Banrisul. A proposta era clara: comprar toda a fábrica. “Meu pai tinha um valor em mente. O parceiro dele sugeriu R$ 100 milhões. O comprador disse que pagaria R$ 300 milhões. E fecharam o negócio ali mesmo, no táxi.”
Com os recursos da venda, a família recomprou a propriedade rural e fundou a Águia Metalúrgica, voltada à fabricação de armários, estantes, mesas e cofres metálicos. O canal de vendas era tradicional, com representantes. Mesmo sem entusiasmo inicial, o negócio prosperou, especialmente quando a Mercedes-Benz passou a nomear concessionárias em todo o Brasil.
Cada nova concessionária tinha uma área grande destinada a peças e precisava de soluções específicas de armazenamento, projetadas sob medida. “Isso nos forçou a criar um departamento de engenharia e projetos. Era preciso adaptar os layouts vindos da Alemanha para a realidade brasileira”, explica Scheffer.

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Evolução dos negócios
O que começou com estantes e armários para oficinas foi evoluindo. O grupo se diversificou e hoje tem operações robustas em três frentes: a Águia Sistemas, especializada em soluções logísticas e responsável por cerca de 50% da receita; a Águia Florestal, com atuação em manejo sustentável; e a Águia Construtora, voltada a empreendimentos de médio e grande porte.
Apesar da trajetória empresarial bem-sucedida, Rogério Scheffer destaca que o valor mais importante da família não é o faturamento, mas a capacidade de se reinventar. “Depois de tudo, o Grupo Águia poderia muito bem se chamar Grupo Fênix”, diz, fazendo referência ao renascimento após o incêndio que quase apagou o futuro da empresa.
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Fonte: InfoMoney