A urticária é caracterizada por manchas vermelhas na pele, levemente inchadas e acompanhadas de coceira. De acordo com a Asbai (Associação Brasileira de Alergia e Imunologia), cerca de 20% da população apresenta algum tipo ou episódio da doença em algum momento da vida.
A entidade aponta também para outra questão alarmante: a demora para o diagnóstico correto. No Brasil, essa lentidão tem levado de um a dois anos, informa a Asbai em nota.
Por que o diagnóstico da urticária é difícil?
A falta de conhecimento sobre a doença é um dos principais obstáculos – tanto por parte dos cidadãos quanto dos profissionais de saúde.
“A maioria dos pacientes tenta associar os casos de urticária a algum agente específico, como alimentos ou medicamentos. No entanto, em muitas situações, a doença não tem uma causa específica. No sistema operacional de saúde, o que se observa é a falta de profissionais especializados e com conhecimento adequado no diagnóstico de urticária”
Régis de Albuquerque Campos, imunologista e coordenador do departamento científico de urticária da Asbai
O imunologista também informa que essa demora ocorre principalmente em pessoas com urticária crônica, cujos sintomas se arrastam por seis semanas ou mais.
Existem outros três tipos da doença, de acordo com a SBD (Sociedade Brasileira de Dermatologia):
- urticária aguda: sintomas não duram mais de seis semanas;
- urticária induzida: doença se manifesta como uma reação a fatores externos (alimentação, uso de substâncias ilícitas, infecções, calor, frio, entre outros);
- urticária espontânea (ou idiopática): ocorre sem causa aparente ou identificada.
Diagnóstico é importante para a qualidade de vida
Assim como qualquer doença, o diagnóstico precoce é fundamental para o tratamento adequado. “A urticária não compromete órgãos internos do corpo de maneira definitiva, mas prejudica a qualidade de vida do paciente”, analisa Campos.
Uma revisão de 23 estudos, publicada em 2022 na Revista da Sociedade Brasileira de Clínica Médica, mostrou como a doença impacta negativamente a qualidade de vida de quem convive com ela. Ansiedade, depressão, disfunção sexual, estresse, distúrbio de sono e diminuição da produtividade foram alguns dos impactos destacados pelo estudo.
Além disso, Renan Rangel Bonamigo, coordenador do departamento de Alergia e Dermatoses Ocupacionais da SBD, alerta que a demora para o diagnóstico pode levar ao agravamento da situação clínica. Entre as complicações possíveis, a SBD aponta para a ocorrência de anafilaxia com fechamento da glote e, consequentemente, dificuldade para respirar.
Sintomas para ficar alerta
Identificar os sintomas da doença é um dos primeiros passos para ajudar no diagnóstico. Ao perceber o aparecimento de placas vermelhas na pele, é importante relatá-lo a um médico, especialmente se as manchas tiverem as seguintes características:
- semelhança com picadas de inseto;
- tamanhos diferentes;
- coceira;
- duração inferior a 24 horas;
- acompanhadas ou não por inchaço (angiodema) nos lábios, língua e pálpebras.
Na possibilidade de um quadro de urticária induzida, é preciso ficar atento se as manchas aparecem após o contato da pele com algum agente externo.
Além disso, é importante entender que os sintomas não se restringem às manchas na pele – especialmente em casos de urticária aguda. “Falta de ar, chiado no peito, desmaio e vômito são sinais de urticária associada à anafilaxia”, diz o médico.
É possível prevenir a urticária?
O principal método de prevenção dos sintomas é identificar qual é o gatilho para a doença – e nem sempre é apenas um único fator! Isso ajuda a mantê-la sob controle.
Mesmo que a causa da doença não seja identificada, ainda é possível controlar seus sintomas. Para isso, a SBD recomenda:
- evitar o calor, estresse e consumo de bebidas alcoólicas;
- manter uma alimentação sem corantes, conservantes, embutidos, enlatados, peixes, frutos do mar, chocolate, ovo, refrigerante e sucos artificiais.
Tratamento
O uso de anti-histamínicos ajuda a aliviar os sintomas. Segundo a Asbai, normalmente são usados os de segunda geração por apresentarem chances menores de efeitos colaterais, como sonolência. Corticoides também são indicados em crises de curta duração.
Caso os sintomas não desapareçam entre duas a quatro semanas, é possível que a dosagem dos medicamentos seja alterada ou que um novo método de tratamento seja adotado.
Por fim, Bonamigo reforça que automedicação não é aconselhada e pode oferecer riscos à pessoa. “Evitá-la é muito importante para não mascarar o quadro clínico e não ocorrer exacerbações perigosas à saúde”, finaliza o médico.
Fonte: CNN Brasil