O grande desafio das cooperativas para os próximos anos será entender melhor como funciona o consumidor das novas gerações, que valorizam cada vez mais assuntos como sustentabilidade, rastreabilidade, saudabilidade e comodidade. Esta é a opinião de José Rossato Junior, membro do Conselho da Cooperativa Agroindustria (Coplana), que participou do painel “Desafios e Oportunidades para Cooperativas no Agro Moderno durante o Global Agribusiness Festival (GAFFFF), que acontece nos dias 5 e 6 junho, no estádio do Allianz Parque, em São Paulo.
“Atender esse novo consumidor, que quer saber de onde vem o que ele está comendo e se é sustentável será a grande oportunidade para as cooperativas”, afirmou Rossato. Tudo isso dentro de um cenário desafiador de juros altos e falta de mão de obra especializada no campo, segundo o moderador Matheus Kfouri Marino, representante da Organização das Cooperativas do Brasil (OCB).
Para atender essas novas demandas da sociedade moderna, outro desafio será a adoção de novas tecnologias no campo, segundo o diretor presidente da Coopercitrus, Fernando Degobbi. “E não significa só ter máquinas conectadas, mas também uma boa semente e técnicas que ajudem a plantar certo num solo bem preparado para ter maior produtividade”, afirma o executivo.
Mas, para que tudo isso funcione, é preciso que o crédito seja mais acessível para o produtor e que a indústria de insumos atue de maneira mais próxima do campo para que toda a tecnologia realmente crie um ambiente mais sustentável, de acordo com Degobbi.
Nesse sentido, as cooperativas são os pontos cruciais, unindo todas as pontas do setor produtivo, de acordo com Marino. Não é à toa que hoje já existam mais de 4,5 mil cooperativas no Brasil, sendo que a maior concentração está no setor agrícola, que soma 1.179 cooperativas. Juntas, elas já reúnem 23 milhões de cooperados, cerca de 10% da população nacional, e por elas passam mais da metade da produção de grãos de todo o País.
Os números só confirmam a frase do escritor francês Alexandre Dumas de “um por todos e todos por um”, no romance clássico “Os Três Mosqueteiros”, que se tornou a essência desse segmento. “Por isso, a base do cooperativismo é o ESG, porque nunca fomos uma coisa pessoal, mas sempre coletiva, desenvolvendo tanto pessoas, governabilidade e produzindo de forma sustentável para atender esse novo consumidor”, afirmou Sandro José Amadeu, superintendente comercial da Copermota. A cooperativa foi fundada em 1959 no Vale do Paranapanema e desde então vem aproximando os produtores locais do mercado final.
Para o vice-presidente da Coperalfa, Cladis Jorge Fulanetto, a segurança jurídica também é um ponto importante para o avanço das cooperativas no Brasil. Segundo ele, a gestão das cooperativas precisa lidar com muitas questões tributárias e legais. Por isso as regras são essenciais, de acordo com o representante da Coperalfa, uma das 14 cooperativas que formam a Aurora Coop, que faturou só no ano passado R$ 24 bilhões. “São as regras que nos permite ter segurança para investir na estrutura e estar mais próximo tanto do produtor como do consumidor final”, afirma.
Festival do agro
O painel sobre os Desafios e Oportunidades para Cooperativas no Agro Moderno fez parte do maior festival de cultura agro do mundo, que espera reunir 20 mil participantes nos dois dias do evento, que termina nesta sexta-feira (6). Considerado um ponto de encontro para debate das tendências, inovações e desafios do agronegócio, o encontro conta com uma programação formada por 35 painéis e 100 palestrantes distribuídos em três palcos simultâneos. Quase 200 empresas do setor estiveram presentes.
Além do conteúdo das palestras, o evento contou com uma feira de negócios, degustação e aulas de gastronomia e shows musicais.
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Fonte: InfoMoney
