A deputada federal Carla Zambelli (PL-SP), condenada a 10 anos de prisão pelo Supremo Tribunal Federal (STF), passou a ser alvo de questionamentos no Parlamento italiano após anunciar que permanecerá na Europa, onde possui cidadania.
O deputado da oposição Angelo Bonelli, da coalizão Aliança Verdes e Esquerda, cobrou do governo da Itália informações sobre possível cooperação com o Brasil e com a Interpol para viabilizar sua extradição.
“Esperamos uma resposta rápida do governo. A Itália arrisca se tornar um paraíso para golpistas”, afirmou Bonelli em comunicado, acrescentando que Zambelli é “expoente do partido de Bolsonaro” e já foi condenada em decisão unânime do STF.

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Na mesma data, o ministro Alexandre de Moraes decretou a prisão preventiva da deputada e determinou medidas cautelares: bloqueio de bens, salário, cartão de crédito, PIX e verbas de gabinete. Também ordenou que as redes sociais da parlamentar fossem retiradas do ar em até duas horas e inseriu seu nome na lista de difusão vermelha da Interpol, usada para prisões internacionais com pedido de extradição.
Viagem à Europa e licença do mandato
Zambelli anunciou nesta terça-feira (3) que está fora do país desde a semana passada e que irá se licenciar do mandato. Em vídeo publicado em um canal no YouTube, afirmou que viajou inicialmente para realizar tratamentos médicos e que participará de atividades políticas na França e na Itália.
“Queria anunciar que estou fora do Brasil já faz alguns dias. Eu vim, a princípio, buscando tratamento médico que eu já fazia aqui e, agora, eu vou pedir para que eu possa me afastar do cargo”, disse.
A deputada mencionou ainda problemas de saúde, como síndrome da hipermobilidade articular, disfunções cardíacas e depressão — condições que, segundo sua defesa, serão usadas como argumento para questionar o cumprimento da pena em regime fechado.
Condenação e rompimento com advogado
Zambelli foi condenada junto ao hacker Walter Delgatti Neto por invadir o sistema do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) e inserir documentos falsos, incluindo um mandado de prisão fraudulento contra o próprio ministro Moraes. O crime ocorreu em 4 de janeiro de 2023, dias antes dos atos golpistas de 8 de Janeiro — ligação reforçada pelo relator no STF.
A pena imposta foi de 10 anos de prisão, além de multa e indenização de R$ 2 milhões. Como a decisão ainda não transitou em julgado, a deputada pode mantém o mandato, mas já está inelegível por 8 anos.
Nesta semana, seu advogado de defesa, Daniel Bialski, anunciou que deixaria o caso por “motivo de foro íntimo”. Antes disso, ele havia criticado a condução do julgamento em plenário virtual e afirmado que não há provas materiais que vinculem Zambelli às ações do hacker.
Enquanto aguarda a tramitação de recursos no STF, o futuro de Zambelli fora do Brasil se torna mais incerto — com pressões crescentes para que a Itália não se torne um refúgio para condenados por atos antidemocráticos.
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Fonte: InfoMoney