Possíveis candidatos à Presidência da República, os governadores Romeu Zema (Minas Gerais), Ratinho Júnior (Paraná) e Ronaldo Caiado (Goiás) cumprem um verdadeiro périplo por feiras do agronegócio neste fim de semana. Após participarem da abertura da 90ª Expozebu, em Uberaba (MG), os três seguiram para Ribeirão Preto (SP), onde acontece a Agrishow, principal evento do setor no país.
A estratégia de marcar presença nesses eventos foi adotada pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) durante suas campanhas e seu mandato. Agora, os governadores tentam herdar seu espólio político, que passa, em grande parte, pelo agronegócio.
Apesar da tentativa de se consolidarem como representantes do setor, neste domingo, eles dividiram o palanque da cerimônia de autoridades da Agrishow com o vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB), que representou o governo federal. Em seu discurso, fez acenos ao segmento:
“Quando o agro vai bem, ajuda a indústria. Quando a indústria vai bem, ajuda o agro. Eles são irmãos”, exaltou Alckmin. O vice ainda destacou avanços para o setor no mandato de Lula e prometeu empenho pelo Plano Safra.

Geraldo Alckmin em entrevista para o editor da Exame Luciano Padua e o reporter Antonio Temoteo (Leandro Fonseca/Exame)
No sábado, Zema falou sobre a eleição presidencial e defendeu a união dos três governadores para derrotar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
“No ano que vem, Caiado e Ratinho, tenho certeza de que estaremos tirando esse governo que persegue quem produz, que persegue quem trabalha. O Brasil não merece isso. Caminharemos juntos por um país melhor”, declarou Zema.
Caiado e Zema também fizeram afagos ao agronegócio e elevaram o tom contra o principal adversário político do segmento, o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST).
“O governo exalta o Abril Vermelho, mas nos nossos estados é Abril Verde e Amarelo”, disse Caiado.
Esse discurso já havia sido feito pelos dois governadores no final de março, quando participaram da Femec, outra feira do agronegócio realizada em Uberlândia (MG). Na ocasião, às vésperas do início da campanha Abril Vermelho, ambos afirmaram que não permitiriam invasões de terra em seus estados.
Busca pelo agro
A identificação de Bolsonaro com o agronegócio esteve latente nos últimos anos. Esta deve ser a primeira edição da Agrishow, que ocorre até esta sexta-feira, que o ex-presidente não deve ir. Internado na UTI há 15 dias, ele passou por uma cirurgia no abdômen e não tem previsão de alta.
Durante seu mandato, esteve na feira todos os anos em que foi realizada, 2019 e 2022. No último ano da gestão, entrou no evento à cavalo. Em 2020 e 2021 não teve Agrishow por conta da pandemia da Covid-19.
Em 2023, sua presença na feira gerou uma crise no governo federal. O ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, afirmou ter sido desconvidado e a cerimônia de abertura terminou cancelada pelos organizadores, a fim de evitar as polêmicas. No ano passado, voltou à feira. Lula, em contrapartida, não esteve no evento e não é esperado este ano. Ele sempre envia representantes como Fávaro e Alckmin.
Com a inelegibilidade do ex-presidente e o vácuo de poder, os governadores tentam herdar seu espólio e acenam ao agronegócio, principal setor econômico que têm dado suporte à direita.
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