O legado deixado por Paul Strassmann, que morreu aos 96 anos, vai muito além do mundo corporativo. Sua história começa na Eslováquia, passa pela Segunda Guerra Mundial e termina como um dos “gurus” mais influentes no uso estratégico da Tecnologia da Informação (TI).
Strassmann trabalhou na General Foods, Kraft, Xerox, no Departamento de Defesa dos EUA e na NASA. Sempre enfatizou o uso prático da tecnologia em vez de seguir modismos. E criticava gastos excessivos com tecnologia.
Vida e carreira de Pavel Strassmann, que viveu quase 100 anos
Pavel Adolf Strassmann, em Trenčín, então Tchecoslováquia, em 1929. Ele vivenciou de perto os horrores da expansão nazista. Aos dez anos, viu a casa e o negócio da família serem tomados. Na adolescência, virou combatente da resistência, sabotando trilhos de trem para atrasar o avanço das tropas nazistas.

Imigrou para os Estados Unidos em 1948. Em Nova York, vendeu meias em loja de departamento e estudou engenharia civil. Nos verões, foi agrimensor em Israel e na Virgínia Ocidental.
No MIT, mergulhou no uso de computadores para resolver problemas práticos – por exemplo: prever o tráfego e calcular o número de cobradores de pedágio. Essa capacidade de ligar tecnologia a soluções para problemas “no mundo real” marcou toda sua carreira.
Strassmann foi executivo na General Foods, Kraft e Xerox. E sempre defendeu que a TI deveria servir à eficiência e não a modismos.

Durante o governo de George H.W. Bush, ele liderou a informatização do Departamento de Defesa dos Estados Unidos. Nos anos 2000, atuou como consultor sênior da NASA, combatendo os “hábitos perdulários” da agência, segundo o Wall Street Journal (WSJ).
Strassmann argumentava que muito do dinheiro investido por empresas em computadores e produtos relacionados era desperdiçado numa espécie de “corrida armamentista tecnológica”.
Após estudar cases de centenas de empresas, concluiu que muitas corriam para acompanhar os concorrentes em gastos com tecnologia sem primeiro entender do que realmente precisavam.
Não são os computadores, mas como uma empresa os gerencia, que faz a diferença.
Pavel Adolf Strassmann para a revista Datamation, em 1997
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Pai, viúvo, professor, escritor, consultor

Aposentado desde 1985, passou a escrever, dar aulas e atuar como consultor. Publicou livros como The Squandered Computer e The Business Value of Computers – este último elogiado por Steve Jobs em 1992.
Strassmann morreu em 4 de abril de 2025. Ele deixou três filhos e sete netos. Um de seus filhos, Eric, faleceu em 1984. Sua esposa, Mona, morreu em 2022.
Mais do que um especialista em TI, Paul Strassmann foi um pensador que enxergava a tecnologia como meio, nunca como fim. Basta observar a corrida entre big techs e a proliferação de ferramentas com inteligência artificial para perceber como seu legado segue atual.
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Fonte: Olhar Digital