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Cotado para Segurança Pública em SP enfrenta resistência de delegados

Cotado para Segurança Pública em SP enfrenta resistência de delegados

Parlamentares e entidades que representam delegados da Polícia Civil de São Paulo criticam a possível escolha de Marcello Streifinger, coronel da reserva da PM, para suceder Guilherme Derrite (PP) na Segurança Pública de São Paulo (SSP). O secretário avalia reassumir a cadeira de deputado federal com vistas à eleição de 2026, na qual deve disputar uma vaga no Senado.

O principal argumento é que Streifinger, titular da Secretaria da Administração Penitenciária e, assim como Derrite, com carreira na PM, manteria uma política que, na visão dos policiais civis, tem sucateado e desidratado atribuições constitucionais da categoria. Derrite admite que pode deixar o cargo ainda neste ano, por conta das movimentações eleitorais e da expectativa da votação da PEC da Segurança Pública em Brasília.

O governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) enfrentou desgastes com a Polícia Civil desde o início do mandato, quando apresentou proposta de reajuste salarial para as Forças de Segurança que dava aumento maior à PM. A categoria fez queixas recorrentes sobre delegacias com equipes reduzidas e esquemas de trabalho considerados “abusivos” em algumas unidades.

— É só ver o estado das delegacias e da estrutura. Até hoje, os policiais civis andam de (Chevrolet) Blazer caindo aos pedaços. Por que as viaturas da PM são sempre melhores que as nossas? — indaga o deputado federal Delegado Palumbo (MDB-SP), crítico da eventual nomeação de Streifinger.

Outra indisposição ocorreu no episódio do Termo Circunstanciado de Ocorrência (TCO), quando a SSP tentou emplacar uma mudança que permitiria a PMs fazer boletins de ocorrência, atribuição exclusiva dos policiais civis. Após repercussão negativa, a medida foi para a geladeira.

Na avaliação do delegado André Pereira, presidente da Associação dos Delegados de Polícia do Estado de São Paulo, a troca de Derrite por Streifinger não iria amenizar a tensão entre as corporações:

— Quando Derrite foi anunciado, ele veio até nós e demos um voto de confiança, mas ele não cumpriu. Não vamos cometer o mesmo erro. Estamos em crise, diante da loucura incessante de tentarem realizar as atribuições da Policia Civil.

O projeto de reformulação da Polícia Penal foi aprovado, mas a questão dos TCs foi retirada do texto. Relator do tema na Assembleia Legislativa, Delegado Olim (PP) manteve diálogo com Streifinger à época da tramitação, a quem se refere como “homem estudioso e preparado”. Ele acredita que uma eventual troca de Derrite por outro membro da PM não seria bem vista pela classe de delegados e investigadores.

— Eu apostaria minhas fichas no Dr. Nico (para suceder Derrite) — diz Olim, se referindo ao delegado Osvaldo Nico Gonçalves, atual número 2 da SSP. — O Nico é da confiança do governador, costuma assumir a pasta quando o Derrite se licencia e poderia muito bem ficar no posto.

Procurado, Nico não comentou. Apesar do nome reconhecido, o governo não vê seu nome com chance de prosperar.

Abuso de autoridade

Streifinger, de 58 anos, sendo 34 deles na PM, comandou o terceiro batalhão da Tropa de Choque por dois anos e chefiou o Centro de Operações da PM, o Copom, pelo mesmo período, até entrar para a reserva, em 2020. Entre seus colegas de farda, é visto como um profissional técnico, com boa interlocução com o Judiciário.

O secretaria da Administração Penitenciária já enfrentou críticas de subordinados. Em abril de 2023, a Polícia Civil abriu um inquérito para apurar possível prática de abuso de autoridade após o secretário reter as armas pessoais de quatro agentes penitenciários e abrir uma sindicância para investigar o porte. A alegação foi de que os servidores não poderiam carregar os armamentos, mas a tese é rebatida pela defesa deles. O caso segue na Justiça, sem resolução de mérito.

Já servidores da Administração Penitenciária reclamam de suposta perseguição do secretário. Ainda segundo o grupo, Streifinger não manteria diálogo com a categoria.

Procurado, Streifinger não quis comentar as reclamações dos servidores. A SSP e a Secretaria de Comunicação, em nota, informaram que “a atual gestão está empenhada na valorização das Forças de Segurança e na melhoria das condições de trabalho dos policiais. Com o reajuste salarial proposto, o aumento acumulado nos vencimentos dos policiais civis é de 25,2% em média total, superando a inflação de 15,1% registrada nos últimos três anos, conforme o INPC.”

“A SSP também promoveu a maior contratação de policiais dos últimos 14 anos, com a incorporação de mais de 9,1 mil novos agentes, sendo 3,4 mil deles destinados à Polícia Civil (…). Outras 3,1 mil vagas serão preenchidas por meio do concurso (…). Além disso, mais de R$ 227 milhões foram aplicados (…) na compra de novas viaturas, armamentos e na modernização de 43 unidades da Polícia Civil”, disse a nota.

(Colaborou Nicolas Iory).

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Fonte: InfoMoney

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