Há menos de sete meses do maior evento de clima do mundo, a COP30, o governo brasileiro realizou uma Cúpula Virtual sobre Ambição Climática nesta quarta-feira (23) para promover uma mobilização política global e acelerar a transição energética justa.
Com a participação do secretário-geral da ONU, António Guterres, e de outros 17 líderes globais que representam as maiores economias mundiais, o encontro representa o início de um amplo movimento rumo à Belém do Pará em novembro e foi como um primeiro chamado para a ação no combate à crise climática.
Como país anfitrião da COP, o presidente Lula reafirmou o compromisso do Brasil com a construção de um novo modelo de desenvolvimento baseado em prosperidade econômica, sustentabilidade ambiental e inclusão social. “Estamos fartos de promessas não cumpridas”, disse.
Um dos grandes objetivos da reunião é acelerar a apresentação das Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDCs), as conhecidas metas climáticas de cada país: até agora, apenas 10% dos membros da Convenção da ONU sobre Mudança Climática apresentaram suas contribuições.
Na vanguarda, o Brasil apresentou sua meta climática ainda na COP29 em Baku, se comprometendo a reduzir as emissões em 67% até 2035.
“Queremos fazer da COP30 um grande mutirão em prol da implementação dos compromissos climáticos”, destacou Lula na Cúpula. Ele utilizou a palavra ‘mutirão’, de origem indígena, para mobilizar os esforços.
Na ocasião, o presidente apresentou apoio a quatro iniciativas prioritárias: o Balanço Ético Global, iniciativa com a ONU voltada a promoção de eventos para o engajamento de lideranças, jovens, artistas, povos originários e outros atores da sociedade civil na agenda climática e a Integridade das Informações sobre a Mudança do Clima em parceria com a UNESCO, visando o combate à desinformação.
Além disso, a Aliança Global de Combate à Fome e à Pobreza lançada no G20 do ano passado e o Fundo Florestas Tropicais para Sempre, visando o financiamento para as populações que protegem e preservam a floresta.
Segundo a Ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva, também presente na Cúpula, o fundo deve ser lançado e já estar em operação na COP30.
“Precisamos de NDCs suficientemente ambiciosas alinhadas com o limite de 1.5ºC do Acordo de Paris“, disse a ministra ao destacar um apelo para que esta seja a COP da implementação.
“Sobretudo aqueles acordos que advêm do balanço global antes da COP em Dubai e Baku. em relação a triplicar as energias renováveis, duplicar a eficiência energética, se afastar dos combustíveis fósseis, acabar com o desmatamento — além do necessário financiamento climático para países mais vulneráveis”, acrescentou.
Na ocasião, o governo brasileiro também confirmou a realização da COP30 em Belém do Pará em novembro, e da pré-COP30 (último evento antes da Conferência) em Brasília, nos dias 13 e 14 de outubro.
Também participaram da reunião o presidente da China, Xi Jinping; o presidente do Conselho da União Europeia, António Costa; a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen; o presidente de Angola, João Lourenço; além dos presidentes da Malásia, Nigéria e Turquia. Alguns países mais vulneráveis também estiveram presentes, por meio parcerias regionais, como a União Africana, a ASEAN, a Aliança dos Pequenos Estados Insulares e a CARICOM.
António Guterres destacou que as mudanças climáticas impactam de forma desproporcional algumas nações. É o caso da África e outras partes do mundo como as ilhas do Pacífico, que passam por um aquecimento mais rápido e experimentam a elevação do nível do mar.
“Mas apesar de abrigar 60% dos melhores recursos solares do mundo, a África tem apenas cerca de 1,5% da capacidade solar instalada e recebe apenas 2% do investimento global em energias renováveis. Precisamos mudar isso rapidamente”, afirmou o secretário-geral da ONU.
Ele também enfatizou que os investimentos sustentáveis se tornaram economicamente mais atrativos e citou a necessidade da eliminação gradativa do uso de combustíveis fósseis, assim como lembrou da “dívida” histórica das nações mais ricas pela sua maior contribuição frente à crise climática.
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