A possibilidade de uma ação militar dos Estados Unidos contra o Irã voltou a ganhar força nesta semana, após o presidente Donald Trump sugerir, em publicação nas redes sociais, que considera ordenar o bombardeio de instalações nucleares iranianas e até mesmo o assassinato do líder supremo, aiatolá Ali Khamenei. A escalada da retórica aumenta o risco de um conflito regional com repercussões globais — inclusive no mercado de energia.
Especialistas alertam que a destruição da usina de Fordo, um dos principais centros subterrâneos de enriquecimento de urânio do Irã, dificilmente acabaria com o programa nuclear iraniano. Ao contrário, poderia acelerar seus esforços e levar o país a abandonar os últimos compromissos internacionais que ainda mantém, como o Tratado de Não-Proliferação Nuclear (TNP).

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Negociações ainda são possíveis, mas janela está se fechando
Antes da ofensiva israelense contra o programa nuclear do Irã, no início de junho, Teerã e Washington mantinham conversas sobre um possível novo acordo. Em troca de limites ao enriquecimento de urânio, o Irã obteria alívio em sanções econômicas.
O diálogo foi interrompido após os ataques, mas interlocutores iranianos indicam que a disposição para negociar ainda existe — desde que os EUA apresentem propostas concretas.
Para Vali Nasr, da Universidade Johns Hopkins, ouvido pelo The New York Times, uma oferta robusta, com garantias de segurança e estímulos econômicos, poderia reabrir o diálogo. Mas “se a única proposta for imposta pela força, o Irã resistirá”, alerta o pesquisador.
Escalada nuclear e guerra por procuração são ameaças reais
A maior preocupação de analistas é que um ataque dos EUA leve o Irã a retomar esforços acelerados para desenvolver armas nucleares. A possibilidade de que o país mantenha instalações secretas não é descartada — o que tornaria qualquer tentativa de desmantelamento do programa incompleta.
O cenário também inclui riscos indiretos: milícias pró-Irã como Hezbollah, Houthis e facções no Iraque ainda não entraram no conflito, mas poderiam ser ativadas em resposta a um ataque direto dos EUA.
Fim do regime atual pode não significar moderação
Trump sugeriu que a morte de Khamenei poderia facilitar uma “mudança de regime” no Irã. No entanto, analistas como Nasr apontam que essa suposição ignora a resiliência do aparato teocrático-militar iraniano. O IRGC (Guarda Revolucionária) pode, inclusive, assumir o poder e impor um regime ainda mais duro.
Outra possibilidade seria o colapso do Estado e uma guerra civil entre facções religiosas, militares e opositores laicos, com impacto direto na segurança regional e nas cadeias energéticas globais.
População pode reagir com nacionalismo
Embora o regime enfrente forte oposição interna, como demonstrado pelos protestos de 2022, o histórico de repressão é severo. Intervenções estrangeiras, no entanto, podem levar a uma união nacional em torno da defesa do país, mesmo entre opositores do regime.
Mensagens patrióticas se multiplicaram em redes iranianas nos últimos dias, indicando que ataques externos podem fortalecer o sentimento nacionalista — ainda que sem apoio direto ao governo.
Efeitos no petróleo e nos mercados globais
A entrada dos EUA no conflito poderia afetar diretamente o fornecimento global de petróleo, especialmente se o Irã decidir fechar o Estreito de Ormuz, por onde passa cerca de 20% do petróleo comercializado no mundo.
Esse movimento elevaria os preços da commodity, pressionaria a inflação global e impactaria economias dependentes de energia.
Apesar das ameaças, o governo Trump ainda não apresentou uma estratégia de saída ou de contenção, o que aumenta a incerteza no cenário internacional.
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Fonte: InfoMoney