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Computador feito à base de neurônios humanos já está à venda

A startup australiana Cortical Labs desenvolveu o primeiro computador hibrido de células humanas e circuitos de silicone – e ele já está à venda. Essa máquina, nomeada de CL1, é comercializada pela empresa britânica Bit Bio e promete ser tão potente quanto os melhores computadores da atualidade.

Segundo a empresa, o equipamento é programável para diversas funções. Seu funcionamento revela como as células cerebrais humanas são capazes de se adaptar e responder a impulsos externos.

O CL1 é formado por 800 mil neurônios cultivados em laboratório sobre uma placa de silicone. O sistema de suporte de vida do equipamento mantém essas células viáveis por até seis meses, as mantendo nutridas e controlando a temperatura dentro da máquina.

A Cortical Labs destaca o baixo consumo como uma das principais características do computador hibrido. Cada unidade de CL1 consome cerca de 850-1000 watts — muito menos do que as dezenas de quilowatts utilizadas por centros de dados que sustentam o trabalho das Inteligências Artificiais.

Em 2022, a equipe do Cortical Labs treinou um protótipo nomeado de DishBrasin para jogar Pong — o clássico jogo de tênis de mesa para fliperamas. O computador com neurônios aprendeu a seguir a bola e controlar a raquete e logo conseguiu jogar com maestria. 

Uma pesquisa do mesmo ano demonstrou que as células cerebrais se reorganizaram em minutos para entender e vencer o desafio. “O neurônio é autoprogramável, infinitamente flexível e o resultado de quatro bilhões de anos de evolução. Começamos com o que os modelos digitais de IA gastam enormes recursos tentando emular”, descreve a empresa em seu site

A equipe da Cortical Labs planeja não controlar as possibilidades de aplicação do CL1. Esse biocomputador poderá servir diversas áreas, desde desenvolvimento de IA até pesquisas em saúde.
A equipe da Cortical Labs planeja não controlar as possibilidades de aplicação do CL1. Esse biocomputador poderá servir diversas áreas, desde desenvolvimento de IA até estudos em saúde. (Imagem: Cortical Labs / Divulgação)

Computador pode revolucionar tratamento de distúrbios mentais

No cérebro humano, os neurônios geram pequenos pulsos elétricos para se comunicar em uma rede ampla. Os pesquisadores notaram que poderiam fazer algo semelhante ao inserir pequenos sinais elétricos representando os bits de informação e depois lendo sua resposta.

“O CL1 faz isso em tempo real usando código simples, abstraído por meio de múltiplas camadas interativas de firmware e hardware. Loops de menos de um milissegundo leem as informações, agem sobre elas e gravam novas informações na cultura celular”, explicou Brett Kagan, Diretor Científico do Cortical Labs, em entrevista ao Spectrum IEEE.

Os pesquisadores veem no novo computador um potencial para o estudo de condições mentais complexas, como epilepsia e Alzheimer. O grupo também destaca a capacidade para o teste de medicamentos neuropsiquiátricos, com o computador servindo tanto para a compreensão do funcionamento das células, como para processar modelos e programas.

CL1 funciona com neurônios humanos cultivados em laboratório em conexão com uma placa de silicone.
CL1 funciona com neurônios humanos cultivados em laboratório em conexão com uma placa de silicone. (Imagem: Cortical Labs / Divulgação)

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PC de neurônios já está à venda

As unidades de CL1 estão à venda por 35 mil dólares cada — cerca de 189 mil reais. Sua potência computacional também pode ser acessada pelo sistema remoto Cortical Cloud, disponível por uma assinatura de 300 dólares por semana (aproximadamente 1600 reais).

Agora, a startup australiana planeja aprimorar o desempenho do CL1 aumentando o número de neurônios. “Embora tenha nos custado bastante produzir 100.000 neurônios, produzir um milhão custa apenas uma fração a mais, e não muito mais para 100 milhões, porque a biologia cresce exponencialmente”, disse Kagan.

O objetivo da Cortical Labs é ir além dos modelos de um cérebro em uma placa de circuito. O grupo planeja atingir novos patamares da computação com a bioengenharia, sendo capaz de até mesmo superar as capacidades humanas.

“Com uma coleção de células suficientemente avançada, seria possível alcançar algo que poderia até mesmo superar a biologia atual. E seria possível fazer isso sem os riscos que se corre com uma máquina baseada em silício, porque essas coisas são controláveis”, concluiu o diretor científico.

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Fonte: Olhar Digital

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