Após dois trimestres de queda, a Ânima Educação (ANIM3) retomou o fôlego e entregou um avanço de 5% na receita no primeiro trimestre de 2025, com aumento em todas as linhas – o chamado “Ânima Core”, que inclui os cursos de graduação presenciais, a Inspirali, de cursos de medicina, e educação digital.
Nos três primeiros meses do ano, a companhia – dona de marcas de ensino superior como Anhembi Morumbi, UNA e São Judas – registrou lucro líquido de R$ 115,3 milhões, alta de 10,2% em relação ao mesmo período do ano passado.
O valor ficou acima do consenso de mercado, que apontava para algo mais próximo dos R$ 100 milhões.
“Estamos retomando a expansão da Ânima em todos os negócios, dentro de um plano estruturado para fortalecer a cultura, as marcas, o posicionamento, a satisfação do aluno”, afirmou a CEO Paula Harraca.
A executiva assumiu o comando há pouco menos de um ano, com a missão de organizar a Ânima para um ciclo de crescimento após a conclusão de uma dura integração dos ativos da Laureate, adquiridos em 2021.
Desde que chegou, vem estruturando um plano baseado no fortalecimento das marcas. A estrutura de marketing foi descentralizada, passando a apostar no posicionamento das marcas de maneira mais regional e com uma abordagem praça a praça.
Nos três primeiros meses do ano, a atração de alunos no negócio core cresceu 9,1%, revertendo a queda nas matrículas vista no começo do ano passado. A evasão caiu 1,5 ponto percentual, o que levou a uma base de alunos na comparação anual.
“Foi o nosso melhor ciclo de rematrícula desde 2022, ou seja desde a aquisição da Laureate”, ressaltou o CFO Átila Simões.
A Ânima conseguiu repassar a inflação, com aumento de tíquete de 4,9%, chegando a uma receita de 4,1% maior no período, de R$ 565,6 milhões.
Na Inspirali, de cursos de medicina, o avanço na receita foi de 9,8%, para R$ 386,7 milhões, com um avanço de 28% na base de alunos, puxada principalmente pelo segmento de educação médica continuada. O tíquete médio, considerando apenas a graduação aumentou 7,1%.
Em ensino digital, por sua vez, o faturamento avançou 7%, para R$ 77 milhões com aumento de 3% na base de alunos e de 5,7% no tíquete.
Margens e endividamento
A Ânima também apresentou uma evolução importante na margem EBITDA, que saltou de 40% no começo de 2024 para 41,5% no mesmo período de 2025. A maior parte das eficiências veio de um pente fino na parte das despesas.
“O salto grande de despesas veio de 2023 e 2024, agora são ajustes mais pontuais”, afirma Simões, usando como exemplo uma concorrência entre bancos para o serviço de adquirência para cartões de crédito que vai economizar R$ 4 milhões em taxa ao ano.
Depois de já ter feito um pente-fino em eficiência ao longo dos últimos anos, a missão dada por Harraca focar em investimentos que beneficiem a atração e a experiência do aluno. De fato, os custos aumentaram, o que pressionou a margem bruta, mas foi o impacto foi suavizado em outras linhas.
A companhia segue gerando caixa e conseguiu reduzir seu endividamento – um dos principais pontos de atenção dos analistas – de 2,8 vezes o EBITDA no fim do ano para 2,63 neste trimestre. “Foi uma redução de R$ 100 milhões na dívida, o mesmo valor que fizemos no ano passado, mas com uma Selic 3 pontos percentuais maior”, afirma Átila.
A dívida líquida, no entanto, ainda é pesada, de R$ 2,94 bilhões – o que vem pesando sobre as ações, cujo valor de mercado está em R$ 1,43 bilhão.
Depois de um processo amplo de gestão de passivos, a Ânima não vê grandes movimentos transformacionais, mas segue apostando no crescimento ‘responsável’, com foco em margens, e na geração de caixa para continuar a desalavancar.
“Continuamos construindo uma jornada consistente, com uma estratégia que se evidencia nesses resultados já deste primeiro processo de atração e de permanência”, diz Harraca.
Fonte: Exame