O anúncio do cessar-fogo entre o Irã e Israel na noite da última segunda-feira (23) por Donald Trump em suas redes sociais foi desafiado por relatos da imprensa iraniana e israelense de novos ataques aéreos de Israel contra o Irã. Os ataques ocorreram minutos depois que Trump disse que Israel havia cancelado o ataque em resposta ao seu comando.
Apesar da fragilidade da trégua, prevalecia entre agentes financeiros a percepção de um risco menor de interrupções na oferta do Oriente Médio, o que se refletia em novo ajuste de baixa nas cotações do petróleo no exterior – e uma nova queda de papéis de Petrobras (PETR3.PETR4) e demais petroleiras. Por outro lado, bolsas pelo mundo (incluindo a brasileira) registram ganhos.

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Além disso, as falas de Trump nesta manhã reforçando a importância de que Irã e Israel se comprometam pelo cessar-fogo acabaram por tranquilizar o mercado.
O presidente dos EUA, Donald Trump, conversou com o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, no Air Force One, a caminho da cúpula da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) em Haia, na Holanda.
De acordo com um funcionário da Casa Branca familiarizado com o assunto e ouvido pela Associated Press, o republicano “não mediu palavras” com o israelense e foi “excepcionalmente firme e direto”. A fonte disse que Trump conversou sobre o que precisava ser feito para sustentar o cessar-fogo e acrescentou que Netanyahu compreende a gravidade da situação e reconhecia as preocupações do americano.
“É possível concluir que houve uma redução das hostilidades entre os países, mesmo diante dos recentes ataques iranianos a bases americanas no Catar. Esses ataques, no entanto, foram realizados com aviso prévio, utilizaram pouco poder de fogo e atingiram uma base que já havia sido esvaziada há dez dias”, avalia Vitor Agenello, analista educacional da CM Capital; na véspera, o petróleo caiu mais de 7% e a baixa se segue nesta terça.
Vale salientar também que, mesmo com uma possível trégua entre Israel e Irã, persistem os conflitos envolvendo os braços aliados de Teerã, como os grupos fundamentalistas Hamas, Hezbollah e Houthis. Este último tem representado um incômodo adicional para Israel, Estados Unidos e demais países aliados, por ainda gerar estresse na importante rota comercial de Bab el-Mandeb, aponta o analista.
Ele reforça que todo esse cenário ainda está sendo digerido pelo mercado financeiro, que vem operando com relativa estabilidade e baixa volatilidade um indicativo de cautela nas tomadas de decisão.
“A resposta do mercado à escalada e às subsequentes esperanças de cessar-fogo se alinha com nossa visão de que choques geopolíticos tendem a ter um impacto temporário nos mercados financeiros globais e que os investidores provavelmente voltarão a se concentrar nos fundamentos”, escreveu Solita Marcelli, diretora de investimentos da UBS Global Wealth Management para as Américas, na terça-feira. “Continuamos acreditando que fundamentos sólidos ajudarão a impulsionar as ações nos próximos 12 meses.”
Para Leonel Mattos, analista de Inteligência de Mercado da StoneX, a mera tentativa de resolução diplomática ajuda a afastar os cenários mais pessimistas de uma guerra prolongada, de prejuízos à oferta global de petróleo, ou bloqueio de rotas logísticas estratégicas. E, por isso, essa tentativa de solução diplomática ou a possibilidade maior de uma resolução diplomática desse conflito reduz um pouco a percepção de riscos geopolíticos de investidores e ajuda a recuperar o apetite do mercado.
Ainda no radar do mercado, os investidores também focam no presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano), Jerome Powell, após a autoridade monetária manter os juros entre 4,25% e 4,50% na semana passada. Powell participa da primeira sessão na Câmara dos Representantes nos Estados Unidos, nesta terça-feira. Ele voltará a falar amanhã.
Powell reiterou que a política monetária está bem posicionada para “esperar e ver” a trajetória da economia antes de ajustar as taxas de juros.

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“Como todos os outros, é claro que estamos observando a situação”, afirmou

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Por outro lado, apontou que, se as pressões inflacionárias forem contidas, o banco central dos EUA chegará a um ponto em que poderá cortar as taxas de juros, mas “não precisamos ter pressa”.
Powell, respondendo a uma pergunta durante audiência no Comitê de Serviços Financeiros da Câmara sobre o fato de dois diretores do Fed terem afirmado recentemente que um corte de juros em julho poderia ser justificável, disse que não indicaria nenhum mês específico para uma redução das taxas.
(com Reuters e Estadão Conteúdo)
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Fonte: InfoMoney