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Carro usado é o novo popular: saiba porque o brasileiro está migrando para seminovos

Carro usado é o novo popular: saiba porque o brasileiro está migrando para seminovos

Com os preços dos carros novos atingindo patamares inéditos – os modelos mais baratos do mercado já beiram os R$ 75 mil – o consumidor brasileiro tem buscado alternativas mais acessíveis. O cenário favoreceu diretamente o mercado de veículos seminovos e usados, que vem ganhando espaço nas garagens de quem quer trocar de carro sem comprometer o orçamento.

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No primeiro bimestre de 2025, o segmento de seminovos cresceu 7% na comparação com o mesmo período do ano passado, com 2,5 milhões de unidades vendidas, segundo o Estudo MegaDealer de Performance de Veículos Usados, da Auto Avaliar. “Com a possibilidade de adquirir um carro relativamente novo, com baixa quilometragem e por um preço mais acessível, muitos consumidores estão optando pelos seminovos”, afirma o CEO da empresa, J.R. Caporal.

A pesquisa, que analisou 2.867 concessionárias de 23 marcas conectadas à plataforma Auto Avaliar, mostra ainda que o giro médio de estoque em março foi de apenas 39 dias e a margem bruta das vendas atingiu 11%. Já o ticket médio dos usados chegou a R$ 85.563, um aumento de 2,89% em relação a fevereiro e de 6% sobre janeiro.

Recorde histórico e impulso legal

O movimento de alta não é recente: em 2024, foram comercializadas 15,77 milhões de unidades, um avanço de 9,2% sobre o ano anterior, número recorde na série histórica iniciada em 2011, segundo a Federação dos Revendedores de Veículos Usados (Fenauto). Em paralelo, o mercado de zero-quilômetro também cresceu bastante, alta de 14% sobre 2023, mas com um volume de 2,48 milhões de unidades vendidas, segundo a Fenabrave, que reúne as concessionárias.

Para especialistas do setor, medidas como o novo Marco Legal de Garantias, que conferiu ao consumidor garantia de 90 dias em compras de automóveis usados, e o Registro Nacional de Veículos em Estoque (Renave), sistema que facilitou a transferência digital, permitiram o avanço do mercado com mais segurança ao processo de compra e venda. “Isso tudo, aliado ao aumento dos preços dos novos e dos juros elevados, impulsionou a preferência pelo usado”, explica o diretor da Associação dos Lojistas de Veículos de São Paulo (Alvesp), Mauro Beni.

Peso do financiamento

Cerca de 50% dos veículos vendidos no Brasil são financiados. Isso significa que a taxa de juros atual, de 14,25%, tem impacto direto sobre a compra final. Conforme informações divulgadas em março pela Associação Nacional de Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), o custo do financiamento de veículos para pessoa física no Brasil chegou ao maior patamar da história, atingindo um índice 29,5% ao ano. Neste custo, estão incluídos spread bancário e a taxa básica de juros.

Dessa forma, o financiamento de um carro novo pode comprometer consideravelmente o orçamento, enquanto os seminovos oferecem prestações mais acessíveis – fator decisivo para muitos consumidores. A estimativa da Fenauto agora é de que o mercado se mantenha em alta em 2025, com crescimento próximo de 9%. No primeiro trimestre, a expansão já alcançou 10,2%.

Veja a evolução das vendas de usados por unidades

202213,29 milhões (alta de 9,5% ante 2021)
202314,44 milhões (alta de 9% ante 2022)
202415,77 milhões (alta de 9,2% ante 2023)
2025*17,1 milhões (mantendo a média de crescimento de 9%)

*estimativa Fenauto

Economia na prática

Além do preço mais baixo, um seminovo pode custar até 30% menos que o mesmo modelo novo. O consumidor economiza também com IPVA e seguro, que tendem a ser menores. Um exemplo é o Fiat Mobi Like, o carro mais barato do País, vendido a R$ 74.990 na versão zero-quilômetro. Na versão seminova, modelo 2024, o preço médio cai para R$ 62.662,43, segundo a tabela da Auto Avaliar. A economia chega a 16,34%. Se o comprador optar por um modelo 2023, a diferença sobe para 21%, com valor médio de R$ 59.259,77.

“Apesar de algumas concessionárias realizarem promoções para atrair o consumidor para o carro novo, o seminovo ainda oferece um custo-benefício difícil de bater, especialmente em um ambiente de juros altos impactando o financiamento”, reforça Caporal.

Cuidados ao comprar

Especialistas alertam, no entanto, que é preciso cautela na hora de adquirir um seminovo. A dica é pesquisar bem, avaliar o histórico do veículo, checar a documentação, verificar a ocorrência de recalls e fazer uma inspeção mecânica antes da compra. “Testar o carro, olhar motor, câmbio, suspensão e checar se há algum problema pendente é fundamental”, diz Caporal.

Outro ponto importante é a escolha racional. “Muitas vezes, o consumidor compra na emoção, sem avaliar a aceitação do modelo no mercado. É preciso pensar na revenda e na valorização futura”, destaca o executivo.

Preços em alta

A escalada nos preços dos novos ajuda a explicar a força dos usados. Em cinco anos, o valor dos carros zero-quilômetro quase dobrou, crescendo muito acima da inflação medida pelo IPCA no mesmo período. A valorização tem sido puxada por fatores como a alta do dólar, escassez de componentes como semicondutores, novas exigências regulatórias e o aumento nos custos de produção.

Com esse cenário, os usados devem seguir como uma válvula de escape para quem busca mobilidade sem sair do controle financeiro.

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